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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

205 artigos

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Os grandes, afinal, eram pequenos

A vaidade lhe irradiava pelos olhos. Aparecia nos gestos, na voz fina para esconder a alegria a ponto de estourar

Sergio Moro (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
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A vaidade lhe irradiava pelos olhos. Aparecia nos gestos, na voz fina para esconder a alegria a ponto de estourar. Havia colocado um estadista na cadeia, com dois mandatos cumpridos e popularidade nas alturas. O futuro o aguardava com os louros da vitória. Poderia vir a ser a Presidência da República! Talvez, por enquanto, o Supremo Tribunal Federal. Acabou se concretizando no convite de Jair Bolsonaro, o grande interessado no desfecho das suas façanhas, para ocupar o Ministério da Justiça. Onde chegava, a imprensa o cercava, sedenta por novidades, quem sabe uma palavrinha solta sem querer, nada que o comprometesse, é claro, como aos poucos veio a ocorrer. No programa do Bial, confundiu cônjuge com conja; perguntado a respeito de livros, não lhe ocorreu nenhum. Sérgio Moro começava a descer a ladeira...  Lula pagou um preço pesado por ser vítima de tanta perseguição. 

Nunca lhe mostraram uma prova ilícita que houvesse cometido. Cumpriu 580 dias na carceragem da Polícia Federal e saiu dali mais forte e determinado do que nunca, ainda por cima apaixonado. Enquanto isso, o outro... Não só manipulara com cinismo retumbante as normas da magistratura, julgando-se acima das leis, como, desentendendo-se com o Ex, ainda no Planalto, imaginou concorrer ao Senado, utilizando verbas e normas a seu bel prazer, o que lhe valeu o cargo e, em seguida, processos por abuso da legislação. Deltan Dalagnol, o cúmplice no Ministério Público, adepto das suas práticas, já tivera o mandato cassado. Era um jovem prepotente, vidrado pelo sucesso e não menos imprudente. Num filme que percorresse rápido as retinas, as folhas do tempo, implacáveis, revelariam tudo e mais alguma coisa. 

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O grande, afinal, era pequeno. Um cerco, iniciado lá atrás, baseado em fatos e acusações bem consistentes aproxima-se do falso juiz a passos céleres. A esta altura, ninguém se pergunta se aquilo realmente aconteceu e se de fato puseram areia nos olhos da população, dos simples aos instruídos. No último pleito, os eleitores se pronunciaram. O Ex usou o que tinha e o que não tinha, os dinheiros da República, e mesmo assim perdeu. Desembargadores de vários tribunais reuniram conclusões, se não unânimes, bastante uníssonas. 

E, como uma coisa leva a outra, uma pegadinha aqui, uma falcatrua adiante, discursos de ódio de várias dimensões, chegou-se ao 8 de janeiro e à destruição da Praça dos Três Poderes. Alguém imagina que aqueles jurisconsultos vestem a toca para perdoar? Infratores, na opinião geral, passam a dever à sociedade e têm de pagar. Pois não é que, em pleno julgamento no TRE do Paraná, com pelo menos um voto contrário, o velho árbitro de sentenças duvidosas, a despeito de percalços (que tal “colheita” em vez de coleta de provas?), na grandeza vã, cava um encontro com o Ministro Gilmar Mendes. “Você e Dalagnol eram ladrões de galinhas” – teria ouvido, com transmissões nacionais e quiçá internacionais. A definição ecoará por muito tempo nos nossos ouvidos. E nos dele, cada vez que todas as suas conquistas caiam por terra.

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