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Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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Os povos e as máscaras

Que civilização é essa, a nossa, que não dá conta minimamente de cuidar, senão, ao menos respeitar o isolamento (cada vez mais necessário) dos povos originários?! Respondo: é um projeto político de genocídio

(Foto: Joédson Alves)
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Esse artigo tem outro escopo e outro “layout”. Porque a semiologia exige de nós a busca pela criatividade, sempre pensando no que possa ser o exercício dialético melhor otimizado a construir uma nova Estética Civilizatória.

Fiz esse poema (abaixo) que só faz sentido vendo a imagem[1] de uma mulher indígena, semi-nua, na devoção da Natureza, contemplando um EPI muito usado nesse tempo de Coronavírus: a máscara. Trata-se da foto de Joédson Alves que peço licença para escrever (sobre) em sua dialogia tão intensa.

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Antes, pensando na incapacidade de nossas cínicas instituições (o poder formal) que “obriga” à fome e à doença nossos indígenas, ou os faz, deliberadamente, terem de se humilhar nas cidades, para buscar benefício de R$ 600,00 em casas lotéricas e bancos lotados, levando de volta às aldeias, a COVID-19.

Onde chegamos, minha gente?! Que civilização é essa, a nossa, que não dá conta minimamente de cuidar, senão, ao menos respeitar o isolamento (cada vez mais necessário) dos povos originários?! Respondo: é um projeto político de genocídio. Para que o Agronegócio, a Mineração e tudo que gira em torno da riqueza do capital avance mais e mais como um monstro que não se sacia. É preciso que se “mate” os povos indígenas. E como não podiam dizimá-los diretamente, a desfaçatez perante o Coronavírus, com a omissão do Estado, aliado a nosso silêncio militante[2], vai conseguindo completar a missão dos colonizadores de 1.500.

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Segue o poema[3]: 

........................................

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Eles jamais precisaram de roupas.

Porque a Mãe-Terra só lhes reparava pureza.

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Hoje se obrigam usar máscaras.

Porque os parentes da colonialidade,

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Na mais fria pobreza:

A desumanidade,

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Continuam outra forma de extermínio: o descaso!

A máscara é o acaso simbólico.

É o atesto que fracassamos enquanto humanos.

Cubramo-nos todos, agora,

Porque nossas vergonhas estão expostas,

Sem respostas,

Sem propostas, 

Mas principalmente,

Sem essência

E, portanto, somente com essa

[ vidinha vazia que sobrou aos povos do lado de cá,

Em que as máscaras,

Faz tempo,

Caíram.

E esse é o pior do contaminar(-se):

Consolidamos nosso desumanizar(-se)...

...............

[1] Trata-se do povo Yanomami, no município de Alto Alegre, estado Roraima.

Para ver outras fotos:

https://www.laverdad.es/multimedia-dia/coronavirus-amenaza-pueblo-yanomami-20200702211816-ga.html#imagen4

[2] Preciso fazer uma confissão pessoal: ao ver a imagem; ao pensar nos nossos ancestrais gritando na Natureza; ao ir escrevendo o poema, sentia tanta dor no peito, tanta angústia. Peço desculpas pela carga de emoção, se - para você - exagero!

[3] Dei ao poema o mesmo título que usei na base do artigo: “Os povos e as máscaras”

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