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Paulo Moreira Leite

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Otto Alencar explicou derrocada moral de Pazuello

Médico, senador baiano mostrou que, sem o menor conhecimento sobre medicina e sobre a Covid, general não poderia ter aceito o Ministério da Saúde, escreve Paulo Moreira Leite

Otto Alencar e Eduardo Pazuello (Foto: Agência Senado)
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Por Paulo Moreira Leite

Se a pandemia produziu pelo menos um discurso definitivo, trata-se de um pronunciamento de hoje,  do senador Otto Alencar (PSD-BA). 

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Quem não ouviu, deve procurar nas redes sociais. Quem já ouviu, deveria compartilhar com amigos. 

No prazo regulamentar de 15 minutos reservado a cada membro da CPI, Alencar deu uma lição preciosa sobre o papel que cada um assumiu numa das grandes tragédias de nossa história, em particular em posições de alta responsabilidade política. Seu alvo é Eduardo Pazuello.

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Enquanto Pazuello jamais escondeu -- em tom até descontraído, como se fosse a coisa  mais natural do mundo --  seu conhecimento nulo sobre Medicina em geral e sobre a Covid-19 em particular, Alencar usou o discurso para defender uma ideia irrespondível. 

Mostrou que o papel de Eduardo Pazuello na tragédia, cujas responsabilidades serão apuradas e definidas pela CPI, não se explica apenas pelo comportamento submisso diante de Jair Bolsonaro, como já ficou  evidente em tantas ocasiões, no ministerio e depois.

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 Também não envolve uma decisão errada aqui, uma omissão mais adiante.  

Na origem de uma gestão desastrosa de dez meses, ao longo da qual o número de óbitos pela Covid saltou de 15 000 para 295 000, o senador apontou  uma decisão anterior e definitiva -- o fato de Pazuelo ter  assumido a responsabilidade de tornar-se Ministro da Saúde, órgão estratégico em qualquer momento da história do país, ainda mais numa pandemia,  sem ter o menor conhecimento de uma área onde teria a missão seria zelar pela preservação da vida de 210 milhões brasileiras e brasileiros. 

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Depois de colocar questões elementares para Panzuello -- como perguntar quando um coronavírus fora identificado pela primeira vez, coisa que o ex-ministro não sabia  -- Otto Alencar foi simples e direto: 

"O senhor não sabe nem o que é a doença, não sabe nada da doença, não podia ser Ministro da Saúde, pode ter certeza absoluta. Eu por exemplo, no seu lugar, não aceitaria", acrescentou, numa argumentação que passa longe de qualquer espírito corporativo. 

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Formado em Medicina em Salvador em 1972, com especialização no Hospital das Clínicas em São Paulo, a crítia do  senador lembrra que o despreparo de Eduardo Pazuello foi um dos elementos-chave para transformar a pandemia numa tragédia. 

Sem minimizar, por um minuto, as responsabilidades de Jair Bolsonaro na pandemia, essa visão se apoia num raciocínio fácil de compreender. 

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Após a entrada de Pazuello, o ministério da Saúde, primeiro posto na hierarquia sanitária do país,  ficou sob comando de uma autoridade que não tinha noção real dos riscos e ameaças a população, não podia avaliar a natureza de decisões tomadas a sua volta, nem medir suas consequências a médio e longo prazo. 

Como era fácil perceber, Bolsonaro não estava interessado num ministro de Estado, com idéias e opiniões -- mas num despachante disposto a encaminhar decisões recebidas sem discutir. 

Como o tempo se encarregou de mostrar, Pazuello não  podia resistir silenciosamente a determinações absurdas do presidente, como fez Nelson Teich em sua curta passagem pela pasta, ou de forma mais barulhenta, como Luiz Henrique Mandetta, capaz falar em voz alta que alguma coisa estava errada a sua volta -- ou acima de sua cabeça. 

Em sua condição, Pazuello entrou para a história da pandemia como a autoridade incapaz de compreender os argumentos médicos que apontavam a tragédia como resultado inevitável de decisões tomadas de cima para baixo -- boa parte com sua assinatura. 

"A falta de conhecimento médico" impediu Pazuello de compreender a importância da "falta de kit intubação", que tantas vidas poderia ter salvo nas UTIs do país inteiro, explicou Otto Alencar, antes de acrescentar: "isso só acontece no Brasil e neste governo".

Embora tenha feito o possível para ficar longe de decisões comprometedoras que alimentaram a tragédia, a pedra no caminho de Eduardo Pazuello consiste em encarar a responsabilidade por uma decisão irresponsável, assumindo uma tarefa que não tinha a menor condição de desempenhar. Bastava dizer não. 

Alguma dúvida?

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