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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Ou Ciro troca a camisa e entra em campo, ou vai pendurar as chuteiras sem direito a volta olímpica

"Feio mesmo será Ciro dar as costas para o perigo, armazenando no fígado a bile produzida em 2018", escreve a jornalista Denise Assis

Ciro Gomes (Foto: Reprodução)
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Por Denise Assis, para o 247

O brasileiro médio não gosta de perder. Nem no jogo de porrinha. Muito menos discussão de bar. Ele quer chegar no boteco, bater no balcão e comemorar a vitória do seu candidato. Um motivo a mais para aquela cervejinha gelada. Aquele brasileiro que não pratica o voto ideológico, fica de olhos atentos nas pesquisas das últimas semanas que antecedem ao pleito, porque a eleição para ele é uma espécie de corrida de cavalos. E quem quer apostar num pangaré, não é mesmo?

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Há um certo tempo, o que as aferições vêm mostrando é que 76% dos eleitores já decidiram o seu voto e não pretendem mudá-lo. Aí a notícia carece de exatidão, como naqueles versos.  

 Na última pesquisa Datafolha, um dado chamou a atenção. Não foi a redução da diferença entre Luiz Inácio Lula da Silva (45%) e Bolsonaro (34%) na votação do primeiro turno. O que grita nos números do eleitorado é a volatilidade dos que se dizem propensos a votar no ex-ministro Ciro Gomes.  

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Enquanto a certeza é elevada entre os que optam por Lula (83%) e Bolsonaro (84%), há uma fatia maior que admite reconsiderar o voto no pedetista. Importante destacar que o percentual convicto dos eleitores de Ciro cresceu na comparação com agosto. Segundo analistas, uma nuvem passageira, empurrada pelos ventos do debate da TV Bandeirantes, onde a passividade de Lula permitiu que tanto ele quanto a senadora Simone Tebet se sobressaíssem – também o formato do debate o ajudou.

O dado que conta aqui é observar que do contingente de 7% de intenções de votos declarados para Ciro, 42% estão firmes na escolha, mas, destes, 57% disseram poder virar o voto na reta final. É isto. Mais da metade de seus eleitores podem desistir no minuto final. Chegamos ao brasileiro médio que não gosta de perder e vai esperar a última pesquisa para votar no candidato com chances reais de vitória. Contamos com ele? Sim, contamos muito. Mas não só.  

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Há os votos dos ciristas ideológicos, os daqueles que leem jornal, acompanham o noticiário, têm instrução e definição política suficiente para saber que, na quinta-feira (08/09), dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) atestaram que o índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro ficou em 0,754, apontando um recuo para o Brasil ao patamar de 2014, num retrocesso maior que a média mundial. E, ainda segundo o estudo, o item que derrubou o IDH nacional foi a saúde, demonstrando o desleixo do governo com a vida dos brasileiros durante a pandemia (mais de 680 mil mortes), bem como o da educação, estagnado.  

O eleitorado de Ciro sabe que existem 33 milhões passando fome no país e identifica perfeitamente em Bolsonaro e em seu desgoverno, o motivo para tanta desgraça num só momento. Revolta-se com imagens de um bolsonarista regateando uma marmita de comida para a família de uma lulista, tentando trocá-la por voto e a ameaça de deixá-la com fome porque ela não cede. Nesta hora, em que as urnas se abrem e os faz pensar, não é difícil imaginar que os dedos tendem a escorregar e dedilhar 13, ao som do priimmm de finalização do voto. A consciência vai doer. O medo de ter Bolsonaro de novo, gritando para uma massaroca de fanáticos que é “imbrochável” vai levá-los ao voto em Lula.  

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É bem verdade que se antes 35% se declaravam plenamente decididos a votarem no ex-ministro, agora são 42%. Porém, a taxa dos que podem migrar para outro candidato está em 57%. Ou seja, em um minuto, ali, no isolamento da cabine, há a chance de mais da metade do eleitorado de Ciro bater asas rumo à estrela do PT.  

Ciro, por sua vez - que chegou a fazer rapapés para Bolsonaro -, provou neste sábado (10/09), do perigo que pode ser se embrenhar no pântano bolsonarista, a continuar nessa trilha. Enquanto ataca diuturnamente o ex-presidente Lula, os bolsominions assanhados o agridem, pois acham feio tudo o que não é espelho.

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Mas feio mesmo será Ciro dar as costas para o perigo, armazenando no fígado a bile produzida em 2018, quando Lula o chamou para uma conversa na prisão, enquanto o seu destino político continuava indefinido. Seria de Ciro o lugar oferecido depois a Haddad, e talvez com maior chance de vitória do campo progressista, pois seu nome era mais conhecido. Num ataque de egocentrismo, preferiu interpretar como afronta, o que seria um pedido legítimo para salvar o Brasil. Ciro achou ofensivo sentar-se no banco de reserva de Lula e esperar a decisão da Justiça, até ser colocado em seu lugar para a disputa. Não entendeu nada do jogo, assim como demonstra agora que é nulo em estratégia. Ou Ciro vai para o vestiário, troca a camisa e entra em campo, ou vai pendurar a chuteira sem direito a volta olímpica. Melancolicamente.

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