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Paulo Moreira Leite

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País precisa fazer a conversão da economia

"Se quisesse defender empregos e vencer a recessão, em vez de fazer pressões indevidas sobre o STF Bolsonaro estaria empenhado na reconversão industrial da economia para produzir equipamentos e insumos capazes de enfrentar a pandemia", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

A marcha liderada por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes na Praça dos Três Poderes, ontem, teve como pretexto um argumento conhecido -- fazer pressão para reativar a economia. Mentira.

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"Os empresários trouxeram pessoalmente essas aflições, a questão do desemprego, a questão da economia não mais funcionar," discursou Bolsonaro. "O efeito colateral não pode ser mais danoso do que própria doença".

Na verdade, as projeções para 2020 anunciam uma recessão gigantesca de até 9% negativos, a mais alta da história. Neste ambiente, que se reproduz em escala mundial, toda tentativa de reanimar a atividade econômica estará condenada ao fracasso se não levar em consideração o fator essencial da humanidade nesta conjuntura -- o coronavírus.

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Numa sociedade dominada pelo medo das famílias, cada vez mais amedrontadas diante da possibilidade de perder o emprego e perder o que resta em suas poupanças, o consumo caiu muitas casas abaixo de zero. Nesta situação, as empresas não tem disposição de investir nem arriscar. Há algumas brechas, porém.

A mais importante, que até pode assumir uma escala respeitável num país com 200 milhões de habitantes, é a reconversão industrial, que permitiria produzir, internamente, o conjunto de equipamentos e insumos necessários a saúde pública em tempos de pandemia.

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Estamos falando de aventais, mascaras cirúrgicas e uma inúmeros equipamentos cada vez mais necessários, em quantidades cada vez maiores, para hospitais e postos de atendimento.

São produtos que há anos deixaram de ser produzidos no país e hoje são cada vez mais difíceis de serem importados. Além de uma forte concorrência de outros países, justificada pela procura mundial, o Brasil enfrenta dificuldades especiais depois que o bolsonarismo transformou preconceitos e ofensas calhordas em linha diplomática oficial para lidar com o governo da China, de longe maior produtora mundial.

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A reconversão, no caso brasileiro, teria um efeito duas vezes benéfico. O mais importante: num momento em que a ameaça de colapso já ronda nosso sistema de saúde e já atingiu determinados estados, essa iniciativa daria um reforço importante no atendimento médico, abrindo uma perspectiva de dignidade e de sobrevivência a um grande número de pacientes. Além disso, poderia estimular empregos e investimentos -- de retorno assegurado -- sobre o conjunto da economia.

Como sublinhou a infectologista Juliana Salles, dirigente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, em entrevista a TV 247, seria um gasto sem comparação com as despesas da equipe de Paulo Guedes.
Como todos recordam, recentemente o ministério da Economia torrou US$ 7 bilhões de nossas reservas internacionais numa tentativa de impedir a alta do dólar -- dinheiro que não melhora saúde de ninguém, só engorda o caixa de rentistas e especuladores.

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Apoiada por economistas e demais estudiosos do assunto, a reconversão é uma opção equivalente ao esforço realizado durante a Segunda Guerra Mundial. Grandes parques industriais do planeta contribuíram para a máquina de guerra de seus países, passando produzir tanques, metralhadoras e uniformes militares no lugar de bens e equipamentos adequados aos tempos de paz.

Em março de 2020, quando a covid-19 transformou-se num pesadelo também nos Estados Unidos, o próprio Donald Trump, ídolo do bolosnarismo, valeu-se de um decreto da Guerra da Coreia (1950-1953) para intervir na indústria norte-americana, que passou a receber encomendas para atender às necessidades da saúde da população. Só a General Motors, por exemplo, recebeu a missão de produzir 40 000 respiradores.

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No Brasil de hoje, a questão está clara. Enquanto Bolsonaro quer desgastar instituições num coreografia destinada a enfraquecer o regime democráticos, os brasileiros estão preocupados em defender suas vidas e a saúde de suas famílias. A reconversão mostra que é possível fazer isso -- inclusive criando empregos.

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