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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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Para fazer justiça social, Lula terá de lutar pela reforma tributária

"Eleito, Lula vai tomar a reforma tributária como uma das bandeiras do governo? Espera-se", escreve o colunista Paulo Henrique Arantes

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)
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Por Paulo Henrique Arantes

A injustiça arrecadatória nacional revela-se por diversas faces, seja a da infinidade de impostos indiretos – incidentes sobre o consumo e que oneram pelos mesmos percentuais todas as classes sociais –, seja a do caráter pouco progressivo com que se taxa a renda – o cidadão que ganha 5 mil reais mensais recolhe na fonte, proporcionalmente, o mesmo que aquele que ganha 50 mil reais mensais, só que o segundo costuma “pejotizar-se” para cair na benevolência do Simples. Para configurar definitivamente a jabuticaba tributária, o setor produtivo é mais onerado que o financeiro.

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Enquanto a carga tributária brasileira equivale a cerca de 35% do PIB, mais de 40% dela vêm dos impostos sobre o consumo. Já os tributos sobre renda, lucros e ganhos de capital respondem por 20% do total recolhido – nos países componentes da OCDE, esse percentual fica em média acima de 30%. A alíquota máxima do Imposto de Renda no Brasil é de 27,5%, ao passo que em países como Portugal, Alemanha e China passa de 45%.

Eleito, Lula vai tomar a reforma tributária como uma das bandeiras do governo? Espera-se. Fato é que a presente campanha eleitoral queima tanto tempo com falsos problemas criados por Jair Bolsonaro que pautas econômicas prementes acabam sendo deixadas em segundo plano.

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Ninguém sério discorda da necessidade de se simplificarem os tributos sobre o consumo no Brasil. A tributação sobre consumo é por natureza é regressiva, onera mais quem tem menos poder aquisitivo. Se não houver um nível correto de incentivo fiscal, como isenção ou não-tributação de bens de primeira necessidade, qualquer imposto sobre consumo será regressivo.

Pode-se pensar em conferir ao consumo em geral o mesmo tratamento tributário dado aos itens da cesta básica, mas isso desoneraria pobres e ricos. É possível mitigar a regressividade dando benefício fiscal para itens essenciais. 

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De todo modo, a origem da regressividade dos impostos indiretos é a extrema desigualdade de renda do país, que leva a um perfil de consumo muito diferenciado das famílias. Nos países onde a distribuição de renda é mais homogênea, e portanto o perfil de consumo é muito semelhante entre as famílias, não existe uma regressividade tão acentuada.

O aspecto mais grave no caos tributário brasileiro, contudo, é relativo, como quase tudo no país, a benesses concedidas a uma certa elite. No Brasil e na Estônia, e em nenhum outro país do mundo, a distribuição de lucros e dividendos a acionistas de empresas não é taxada. A benesse foi concedida em 1995 pelo governo Fernando Henrique Cardoso sob a justificativa de possuir o condão alavancar investimentos. Sabemos que isso não aconteceu. A Câmara aprovou ano passado taxar lucros e dividendos em 15%, mas até agora o Senado não lidou com o tema, contido no Projeto de Lei 2.337 / 2021.

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Quem defende a não-tributação de lucros e dividendos diz que a pessoa jurídica já paga, então ocorreria bitributação com a taxação na hora de distribuir os lucros da empresa. E quem defende a tributação de lucros e dividendos diz caminhar no sentido da justiça, porque as pessoas físicas que mais recebem não estariam sendo tributadas, o que configuraria caráter regressivo. O ideal parece ser estabelecer algum nível de tributação de lucros e dividendos casado com um ajuste na alíquota da pessoa jurídica. O que não pode é o sujeito receber honorários milionários “limpinhos” enquanto o brasileiro que ganha 5 mil reais por mês é submetido a uma mordida de 27,5%.

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