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Lygia Jobim

Jornalista e advogada, integra o Coletivo Verdade, Memória, Justiça e Reparação

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Parecem, mas não são

"Isto não é um apelo. É uma exigência. Vacinem nossos netos antes que mais um deles morra", escreve Lygia Jobim

(Foto: Reuters/ SHAWN ROCCO/DUKE UNIVERSITY)
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Nos primeiros capítulos do Gênesis é narrado como Deus moldou o homem do barro, à sua imagem e semelhança, com a tarefa de cuidar de sua criação. Mas nem tudo que tem formato de homem, se move como homem e fala como homem foi moldado do barro. Alguns poucos são feitos de dejetos jorrados de esgotos putrefatos. Parecem homens, mas não são.

 Quando alcançam, por descuido dos humanos, um posto de poder deixam à mostra sua face imunda e sua natureza pestilenta.  

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 Só isto explica, depois de uma CPI que deixou à mostra toda a canalhice que permeia o Planalto e o Ministério da Saúde, que o Sr. Augusto Aras tenha se contaminado e permanecido inerte diante do relatório, com extensa lista de crimes, que a mesma lhe entregou em mãos, tornando-se assim, tão ignóbil quanto alguns dos ocupantes do Planalto.

 Mas o apontado no Relatório é pouco para a corja. Se antes nada faziam para evitar mortes de adultos, agora, numa versão ainda mais cruel, voltam-se deliberadamente contra a vacinação de crianças.

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 Não há como considerar o atraso no início da vacinação como obra de sucessivos azares.  

 A ANVISA liberou a vacinação em 16 de dezembro. Nesse mesmo dia Bolsonaro diz querer divulgar o nome dos técnicos responsáveis por essa liberação. Uma semana depois o governo disponibiliza, para consulta pública, um formulário para aprovação ou não da vacinação. Assim, abriu-se a leigos a possibilidade de palpitar na ciência. Coisa que, aliás, Pazuello já fazia e Bolsonaro continua a fazer.

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 Em 04 de janeiro, sem que nada tenha sido feito para seguir a recomendação da ANVISA, é realizada uma audiência pública com a finalidade de obter informações que subsidiassem o Ministério da Saúde na tomada de decisão de aplicar ou não a vacina em nossas crianças. Dois dias depois Bolsonaro ataca novamente a ANVISA perguntando qual o interesse escuso que a levou a aprovar a vacina infantil.

 Particularmente gostaria de saber qual o interesse escuso que fez com que fosse contratada, sem licitação e pelo valor de R$62,2 milhões, a empresa Intermodal Brasil Logística – IBL.  

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 Particularmente gostaria de saber qual o interesse escuso que fez com que fosse contratada uma empresa que jamais prestou este tipo de serviço, não tendo nenhuma experiência no ramo.  

 Particularmente gostaria também de saber qual o interesse escuso que fez com que na Paraíba essa empresa não estivesse sequer no aeroporto para receber o produto que requer refrigeração adequada e qual o interesse escuso que fez com que em Santa Catarina as vacinas fossem entregues em caixas de papelão com gelo.

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 Por fim, qual o interesse escuso que fez com que, sempre na Paraíba, cerca de sessenta crianças tenham recebido vacinas de adultos e vencidas.  

 Não é a minha indignação que estou expondo. É a de milhões de avós e avôs que querem, como eu, ver seus netos vacinados. E isto não é um apelo. É uma exigência. Vacinem nossos netos antes que mais um deles morra.

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