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Igor Corrêa Pereira

Igor Corrêa Pereira é técnico em assuntos educacionais e mestrando em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Membro da direção estadual da CTB do Rio Grande do Sul.

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Pela vida, democracia, emprego e renda

Acertada a campanha lançada por todas as centrais sindicais que tem como mote "Pela vida, democracia, emprego e renda, fora Bolsonaro!". É preciso disputar com a narrativa deste governo macabro, que não tem nada a oferecer a população

Brasília- DF. 21-05-2020- Presidenta do PT, Gleisi Hoffmann e parlamentares da oposição durante entrevista após entrar com pedido de impeachment do Bolsonaro. (Foto: LULA MARQUES)
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Durante este tempo de pandemia, Bolsonaro está colocando a questão do desemprego o tempo todo, todo dia. Da forma falseada e criminosa como é típico de seu estilo, ele vai opondo a necessidade de voltar a trabalhar para se sustentar ao isolamento social exigido para salvar vidas. Ou seja, ele quer que as pessoas se arrisquem a morte para trabalhar. A oposição a esse genocida deve ser capaz de retomar a bandeira histórica do emprego e da renda como guia de salvação nacional e reconstrução após os efeitos da pandemia, mas vinculado evidentemente a vida e a democracia como valores inegociáveis. 

Neste sentido, acertada a campanha lançada por todas as centrais sindicais que tem como mote "Pela vida, democracia, emprego e renda, fora Bolsonaro!". É preciso disputar com a narrativa deste governo macabro, que não tem nada a oferecer a população senão ilusões neoliberais associadas ao desprezo pela vida. Nesse contexto, precisamos enfrentar essas ilusões e arregimentar o povo em torno da vida, da democracia, do emprego e da renda.

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A ilusão do empreendedorismo 

O sonho de virar patrão alimenta essa ideia tão difundida, sobretudo na crise, que é o empreendedorismo. É um sonho poderoso para quem vive na pele a dureza de receber ordens e quer sair dessa condição ou mesmo para quem não tem emprego mais, que é o caso de quase 13 milhões de brasileiros, segundo o último levantamento do IBGE. Parece uma alternativa perfeita. Mas o que tem dado errado?

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Acontece que com a economia em recessão, o sonho da maioria dos empreendedores tende a virar pesadelo. O motivo é muito simples. Em crise, a demanda do consumo diminui. Falta dinheiro no bolso dos possíveis clientes. Com isso, a prioridade é pagar as contas essenciais. Não sobra para fazer uma barba diferenciada, tomar uma cerveja artesanal, comer um lanche gourmet em um food truck. Não sobra nem para andar de Uber, ou mesmo para o cachorro quente da esquina. Então o que ocorre é que muitos empreendimentos têm vida curta, vão a falência por falta de clientes. Ou aqueles que conseguem algo para não passar fome, o fazem com grande sacrifício, trabalhando muito mais do que quando eram empregados, sem nenhuma garantia em caso de adoecimento, direito a férias, nada disso. Esse cenário descrito aqui só se agrava com a pandemia, mas era anterior a ela e será posterior ao seu fim.

A ideia de que por si só, iniciativas individuais de empreender irão ativar a economia e retomar a circulação de dinheiro é falsa. Sobretudo em momentos de recessão, o Estado precisa induzir o crescimento investindo pesado nas pequenas e médias empresas. Cadê o financiamento a pequenas e médias empresas em tempos de pandemia? Não está chegando esse dinheiro, assim como não está chegando aos trabalhadores autônomos, que ainda não receberam todos sequer a primeira parcela da ajuda emergencial aprovada há quase dois meses! Mais preocupado com uma guerra cultural conservadora que dificulta o combate a COVID-19 e ameaça a democracia, o governo deixa à mingua milhões de trabalhadores, pequenas e médias empresas. Bolsonaro fala de economia, mas nada faz nesse sentido. O vídeo bomba da reunião ministerial deixou muito claro. Para Guedes, salvar empresas pequenas é prejuízo, e não interessa. Que dirá pagar auxílio emergencial.

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Mais da metade da população brasileira vive com menos de um salário mínimo. Qual resposta a isso? Vamos deixar um louco dizer que a resposta é cada um por si, se virem, arranjem alguma coisa, se morrer, paciência? Ou vamos reafirmar uma bandeira histórica de que a vida é inalienável, mas o emprego também? Quando falamos emprego, isso tem um status mais elevado do que a ideia de renda básica universal, que embora seja humanitariamente relevante, está calcada no assistencialismo. É tanto melhor construir a autonomia de ter um emprego próprio ou mesmo gerir seu próprio negócio. É preciso fomentar o papel do Estado para induzir essa autonomia, mesmo que seja impossível estendê-la a toda a base da pirâmide social. Se tiver que ter um setor que só possa receber renda mínima, isso precisa ser feito. Mas estender o trabalho decente e útil tanto quanto possível deve ser um objetivo a ser perseguido. 

O que está em pauta, sobretudo na conjunção de crises que se abate na pandemia, é o papel do Estado. A oposição a esse governo deve ser capaz de colocar que o Estado tem sim a tarefa e a capacidade de ser um empregador, bem como um emulador de pequenos e médios empreendimentos. É ordem do dia um plano econômico emergencial para enfrentar a crise, com base na ativa liderança do Estado. Se for preciso emitir dinheiro para isso, o Estado deve fazer, sem vacilar. Isso não é prejuízo, como diz o ministro Guedes. Essa é a forma de retomar a atividade econômica, que hoje está quase parada. Durante momentos recessivos como esse, o Estado precisa expandir gastos e não contrair. Outra tarefa urgente é rediscutir os impostos, que sufocam as pequenas empresas e o trabalhador, enquanto que os milionários não pagam quase nada. Quem tem mais deveria pagar mais, quem tem menos deveria pagar menos, isso ajudaria a sair do atoleiro. Mas isso precisa ser dito, afirmado, discutido.

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Guedes está sabotando todos esses movimentos, pois está preso a dogmas que nem mesmo são consenso entre os liberais. É preciso afirmar outra agenda, e unir a mais ampla parcela possível da sociedade em torno da luta pela questão da vida, da democracia, do emprego e da renda. 

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