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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

203 artigos

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Perigosa insensatez

A carta assinada por 28 reitores de instituições federais em protesto contra a não nomeação dos escolhidos para a condução dos seus destinos, acende um alerta contra a teimosia da atual gestão e sua aversão à inteligência.

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Uma das verdades consagradas na modernidade foi o reconhecimento da importância do saber para o desenvolvimento da riqueza e dos sistemas civilizatórios. A Leste ou a Oeste, não há país que, na atualidade, ignore a importância conferida ao ensino (básico ou universitário, sobretudo estatal) para a expansão de uma ciência que altere para melhor o uso dos nossos recursos e os democratize. No Japão, na China, na Coreia, na França, no Reino Unido, nos Estados Unidos etc... considera-se que investir em educação e respeitar a sua autonomia nos caminhos da pesquisa representam molas indispensáveis para a construção de uma sociedade melhor. E nisso, a universidade, como polo de acumulação de saber, possui um papel. É o motivo pelo qual os legisladores se esforçaram por lhe garantir uma rede de proteção contra governos menos zelosos que veem entre as suas tarefas a necessidade de aparelhar a administração e de ideologizar as suas funções. 

A carta assinada por 28 reitores de instituições federais em protesto contra a não nomeação dos escolhidos para a condução dos seus destinos, acende um alerta contra a teimosia da atual gestão e sua aversão à inteligência. Ali se crê que universidades simbolizam locais de ociosidade e militância política, devendo ser combatidas pela crônica falta de recursos, por péssimas orientações no Ministério da Educação e por perseguições políticas. Até certo ponto se entende. O Presidente Bolsonaro nunca integrou espaços acadêmicos, seu aprendizado se limitou às fases iniciais da carreira militar, aliás interrompida precocemente. Além disso, falta-lhe assessoria para lhe imprimir sensatez onde mais carece. Resultado: não há uma ação governamental com uma consciência clara dos passos a dar. 

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Quem não participa da atmosfera que paira sobre uma população universitária não entende os conceitos de liberdade e de autonomia defendidos por estudantes, professores e técnicos administrativos que lhe garantem o funcionamento. Na bancada do laboratório, nas mesas das bibliotecas, nos centros de reflexão, para não mencionar as salas de aula, há um ir e vir de ideias que logo se metamorfoseiam em objetivos, na linha do horizonte, para uma humanidade justa. Não se abrem os caminhos da ciência sob o regime da opressão. Pensamento e saber precisam do oxigênio da liberdade. Sem ele não se garante sucesso e desbravamento no conhecimento. Nosso principal mandatário, voltado para as “gripezinhas”, os “párias” e as provocações contra os adversários, não observa semelhantes qualidades. De peito aberto, arrisca-se nos mares da tolice.

Os reitores, que se recusam à adulação fácil com os que se encontram acima, chamam a atenção. Universitários não se ligam a governos. Ligam-se ao Estado. Deles depende um amanhã ensolarado ou ensombrecido pela mediocridade. Daí a legislação prever listas de três nomes formuladas em consulta à comunidade para entrega ao Presidente que escolhe um, mas não deve deixar de escolher por razões mesquinhas. Sem tais premissas, em vez de caminhar para o futuro, andamos para trás. Pelo ritmo da locomotiva, voltaremos aos tempos do Brasil colônia, ou pior, à Idade Média sem as bibliotecas dos mosteiros garantindo a existência do saber.

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