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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Pesquisa mostra largada confortável para Lula e que medidas eleitoreiras não multiplicaram votos

"Há um universo de aproximadamente 30% a ser conquistado. Às ruas, pois, candidatos", escreve Denise Assis

(Foto: Ricardo Stuckert)
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Por Denise Assis, para o 247

Exultante, eu diria mesmo quase saltitante, a jovem repórter da Globo News aborda um ricaço que abastece de diesel o seu utilitário grandão e vistoso, rumo ao seu “sítio”, no interior de São Paulo. Podemos imaginar o modesto sítio. Pelo traje, a desenvoltura e o entusiasmo com que fala da redução de 20 centavos no litro do combustível para o possante, denota-se para que lado vai o seu voto e qual o nome do seu candidato.

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A repórter se esforça para valorizar ainda mais os elogios e retorna em tela cheia para dizer que ainda tem os 13 centavos de queda na gasolina a serem comemorados. Já foram. Passou o momento. Alguém avise a ela que a onda de euforia é só dela, pois uma pesquisa do Instituto FSB publicada hoje (15/08) detectou que, sim, foi sentida uma leve alta motivada por essa alteração nos preços dos combustíveis, mas nada que abalasse Bangu.

O que a pesquisa detectou de positivo foram os quatro pontos de avanço do ex-presidente Lula entre os dois mil entrevistados - por telefone entre os dias12 e 14 de agosto.

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O próprio enunciado do Instituto na abertura da avaliação já indica o que o editor da moça não se deu o trabalho (ou não teve tempo hábil) de repassar para a repórter. “A pesquisa indica que, em princípio, o efeito positivo que a redução nos preços dos combustíveis poderia ter na intenção de voto de Bolsonaro em grande parte já se realizou: o percentual dos que perceberam a baixa do valor nas bombas ficou estável em quase2/3 do eleitorado (64%). E, também, não cresceu a fatia do eleitorado que enxerga no governo federal a paternidade da redução”.

Isto posto, passemos ao próximo item. E, nesse, não há mágica ou PEC oportunista e eleitoreira que dê jeito. O bolso grita e os números, ainda que fossem torturados, não confessariam o que o governo aguarda e torce: a baixa da inflação. “apesar da melhora do quadro inflacionário, apenas 21% dos entrevistados afirmam que sua situação financeira individual melhorou nos últimos 30 dias. Outros 44% dizem que permaneceu igual e 34% dizem que ela piorou”, elucida do instituto. Ou seja, uma fatia importante do eleitorado ainda não sentiu efeitos positivos no próprio bolso”. E não sentirão.  

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A projeção dos economistas do mundo todo é que esse “respiro” ajudado pela baixa também ocorrida lá fora no preço dos combustíveis é temporária e logo os ecos de uma nova alta se farão sentir por aqui. Portanto, aproveite enquanto é tempo, subpresidente Ciro Nogueira. Dias sombrios se avizinham, segundo prognósticos.

O resultado da euforia momentânea da repórter e do eleitorado da ultradireita, não ganhou gás suficiente para que a avaliação do governo Bolsonaro siga a sua trajetória de melhora. Estabilizou-se em 33% de ótimo/bom, 21% de regular e 44% de ruim/péssimo.  

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A taxa de aprovação do jeito de governar do presidente também não voltou a melhorar. E nem podia. O nome de Bolsonaro já consta na História como o pior presidente do país. Sem projeto, sem apetite para o trabalho e distante anos luz de qualquer capacidade de gestão - sem contar suas alianças com grupos esquisitos e suas mãos longas para alcançar e imobilizar os postos de poder com capacidade de investigar a corrupção em seu governo – não é possível uma recuperação arrebatadora a ponto de fazê-lo vencer as eleições, ainda mais no primeiro turno, como garganteou o subpresidente.  

Amanhã (16/08) a campanha vai para a rua. A notícia é que Bolsonaro volta ao reduto – Juiz de Fora –, onde se deu o episódio da tal “facada” que ele tenta fazer render no novo pleito. A ideia é aliar a posição de vítima com a de ungido por Deus, numa pressão desmedida sobre o público feminino evangélico. Porém, não há pastor que convença às mulheres apanhar caladas. Tampouco aceitar a presença de uma arma em casa, a não ser nos lares onde ela é equipamento de trabalho. Entre a bíblia e a bala elas optam pela vida.

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A violência doméstica, segundo pesquisa recente, realizada em 2021 pelo DataSenado, aponta um aumento na percepção das mulheres sobre a ocorrência da violência doméstica. Foram 86% das entrevistadas a declarar que de sua perspectiva a violência contra mulher cresceu em 2021. Além disso, 71% das mulheres entrevistadas nessa pesquisa afirmam que o Brasil é um país muito machista. E 68% conhecem no mínimo uma mulher que foi, ou é vítima de violência doméstica.

Estima-se também que o solavanco positivo para o governo a ser sentido pelo pagamento do auxílio de R$ 600,00 (que acaba em dezembro), talvez seja tão efêmero quanto o da queda dos combustíveis. A campanha é curta e pode ser que não dê tempo para que as boas notícias afetem um eleitorado que rejeita em 55% o jeito de Bolsonaro governar, em que 65% acompanham com interesse a eleição e 75% declaram que a sua decisão quanto ao voto está tomada. Há um universo de aproximadamente 30% a ser conquistado. Às ruas, pois, candidatos.

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