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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Pesquisa mostra que o bolsonarismo virou um cadáver

"O fenômeno mais importante que está nesse levantamento é a saturação temática do bolsonarismo. É a debandada desse segmento (o cansaço com a família miliciana, o desespero com a crise, a decepção com os rumos do país) que fundamenta os dados" diz o colunista Gustavo Conde sobre a pesquisa acerca do WhatsApp feita pelo Datafolha

Bolsonaro WhatsApp (Foto: Abr | Divulgação)
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Vai dando uma preguiça danada de buscar a verdadeira notícia por trás das matérias assépticas e elitistas do jornalismo de proveta que circula por aí.

Eu até entendo isso, do pondo de vista sociológico: se você carregar com a tinta da verdade crítica uma matéria qualquer sobre costumes e comportamento, por exemplo, a clientela subleitora acostumada com a ração desidratada dos textinhos fáceis e neutros refuga.

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Tudo, ademais, é segmentação de mercado. Se você oferecer algo inteligente para um público que se acostumou a consumir lixo, esse público vai procurar outra fonte para sua combustão cognitiva.

O jornalismo padrão vai servindo, neste momento, como "purificador". Não é à toa que a expressão "passar o pano" se tornou sua característica mais eloquente.

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Por outro lado, a leitura de um texto limpinho e cheiroso é, por assim dizer, uma maneira de a elite expiar a violência social que produz, com sua omissão, seu egoísmo e seu racismo, mais que estrutural, visceral.

Para a elite brasileira, ler a Folha de S. Paulo é como rezar. Eles se acalmam e se reconectam com Deus.

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Destaque-se a conjuntura, claro. Em tempo de governos democráticos, os textos dessa imprensa eram impregnados de ódio, verdadeiros panfletos incitadores de guerra permanente contra um governo popular.

Agora, eles mergulham naquele conceito furadíssimo da "neutralidade", justamente quando há uma legião de genocidas semiletrados presidindo o país.

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Ser "neutro" nessas condições é ser cúmplice.

Mas já conhecemos o modus operandi da nossa imprensa. Sem novidades no front.

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A matéria sobre a debandada de temas políticos no WhatsApp, no entanto, merece um comentário.

O fenômeno mais importante que está nesse levantamento e que a matéria da Folha de S. Paulo não mostra é a saturação temática do bolsonarismo.

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É a debandada desse segmento (o cansaço com a família miliciana, o desespero com a crise, a decepção com os rumos do país) que fundamenta os dados.

Malandramente, o jornal dos Frias postula o sentido positivo de "evitar brigas", como se fosse a busca pela paz a razão principal que repele o tema "politica" na rede social mais usada do Brasil.

É uma matéria "natalina".

Mas, lamento dizer. Bolsonarista decepcionado não busca a paz. Ele se esconde, só isso. Desiste (porque é um covarde e um ser estruturalmente despolitizado).

Como um ex-bolsonarista vai debater com um outro ex-bolsonarista sobre o PSL, sobre Marielle, sobre o Bolsonarinho, sobre o preço da carne?

Não dá.

O Datafolha, como instituto alinhado ao discurso insosso da "passação de pano", elaborou um questionário a serviço da paz natalina, já que a "ordem" nas redações é essa: tranquilizar a população.

Isso não vai mudar, nem que Papai Noel queira. Não vai nascer um novo jornalismo. Jornalismo é isso. Quando cobre um governo que é seu aliado, o jornalismo é "limpeza", é "maquiagem" é "pacificação".

Quando cobre um governo que lhe é hostil (porque não lhe abana o rabinho), o jornalismo é de guerra, é polemista, é ousado (até demais), é fofoqueiro, é desonesto.

Sempre que houver um empresário desonesto, um político corrupto e uma classe média racista, esse jornalismo brasileiro mentiroso vai existir.

Se serve de consolo, a realidade - a despeito desse imenso represamento dos fatos - também existe. E pode, inclusive, ser recuperada das mentiras desse jornalismo.

E a realidade que essa pesquisa mostra é: não há mais condições possíveis para o bolsonarismo. O bolsonarismo virou um cadáver.

Feliz natal a todos.

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