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Orlando Silva

Líder do PCdoB na Câmara dos Deputados. Foi ministro do Esporte nos governos Lula e Dilma e vereador na cidade de São Paulo em 2013-2014

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Pesquisa mostra que o Brasil não deu cheque em branco a Bolsonaro

Engana-se quem leu a pesquisa CNT/MDA como uma chuva de pétalas sobre o Palácio do Planalto. Ao contrário, uma leitura mais ampla dos resultados mostra que, até o momento, grande parte da população está de pé atrás com o governo.

Pesquisa mostra que o Brasil não deu cheque em branco a Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Engana-se quem leu a pesquisa CNT/MDA como uma chuva de pétalas sobre o Palácio do Planalto. Ao contrário, uma leitura mais ampla dos resultados mostra que, até o momento, grande parte da população está de pé atrás com o governo.

É verdade que os números conferem legitimidade política ao presidente. Bolsonaro aparece positivamente avaliado por 57% dos entrevistados, a melhor posição desde 2013, quando o país foi sacudido pelo tsunami das ditas "jornadas de junho" – até então, Dilma gozava 59% de aprovação. Mas expressivos 28% o reprovam e 14% não responderam.

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De lá pra cá, vivemos em permanente crise, principalmente após a oposição não reconhecer o resultado eleitoral, em 2014, e apostar todas fichas no impeachment fraudulento de 2016, gerando o fracasso do governo Temer – o mais rejeitado desde que se tem notícia.

De certa maneira, portanto, é natural que um presidente eleito "contra tudo isso que está aí" goze de relativo beneplácito, ainda mais que sequer completou dois meses de mandato.

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Mas as boas notícias para Bolsonaro ficam por aí. Vamos, então, ao copo "meio vazio". Apenas 38,9% dos brasileiros consideram positivo o início do governo, sendo que só 12% o identificam como ótimo, mas 19% como ruim ou péssimo. De acordo com pesquisas análogas em gestões anteriores, o início do governo é o pior na percepção popular se comparado com os mandatos inaugurais de FHC (57%, em 1995), Lula (56,6%, em 2003) e Dilma (49,1% em 2011).

Há ainda outros problemas para o Planalto: a confusão entre público e privado que reina no clã Bolsonaro é uma ameaça real à imagem do presidente. Já ficou evidente para a maioria do povo que os filhos interferem nas decisões governamentais (56,8%) e 75% são contrários à ingerência indevida. Se o presidente não colocar as crianças de castigo, pode se ver castigado pela opinião pública.

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As medidas iniciais do governo são controvertidas. Se questões como a lei anticrime (um populismo criminal absurdo) e o enxugamento de ministérios têm certo apelo popular, por outro lado, a flexibilização da posse de armas e a fixação do salário mínimo em R$ 998 são majoritariamente criticados.

A reforma da Previdência, de acordo com o levantamento, é repudiada por 45,6% e aceita por 43,4%. Mas como ficarão esses números quando estiver claro para a população que o governo propõe cortar a aposentadoria de idosos carentes (o BPC) de um salário mínimo para 400 reais e ampliar o tempo de contribuição dos trabalhadores rurais, mas se recusa a enviar projeto que mexa em certos privilégios dos militares? Vale lembrar que o ponto alto da unidade popular e da oposição a Michel Temer foram a greve geral contra a reforma da Previdência.

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Por fim, em grande medida a aceitação a Bolsonaro está ligada a uma fluida expectativa de melhoria de vida. O mesmo percentual de pessoas que hoje aprova o presidente é idêntico ao que acredita que ele vai melhorar a vida dos brasileiros – 57%. Esse número se desdobra em esperança de melhoria no emprego, na segurança, etc. Essa turma parece ter imposto um prazo fatal ao governo – 30,3% dão até um ano e 34, 8% até dois anos para que Bolsonaro mude suas vidas para melhor.

Ora, não há sinais robustos de recuperação econômica para 2019 e, ao contrário, o desemprego tem se mostrado resiliente. O conjunto de medidas contra o povo que o governo procura impor só tende a agravar a já trágica situação social do país, fazendo com que a oposição no parlamento e nas ruas ganhe cada vez mais força. Some-se a isso a quantidade de erros primários e trapalhadas que o presidente e seus ministros cometem dia sim e outro também.

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Em suma: seja por seu programa perverso contra os pobres, seja por sua própria incapacidade, o governo não viabilizará as mudanças positivas para o país com as quais iludiu o povo. E a conta vai chegar, porque definitivamente os brasileiros não deram um cheque em branco a Bolsonaro.

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