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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Por que Bolsonaro sobe em vez de cair

"Tenho impressão que o plano da troika militar que toca o governo – não acima de Bolsonaro, mas ao seu lado – formada pelos generais Braga Netto, Ramos e Heleno - sonha com governos militares eleitos pelo voto direto, não por meio de golpe de estado", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Bolsonaro aprendeu fake news com a mídia brasileira (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia 

O Datafolha de hoje mostra que a aprovação de Bolsonaro subiu de 32% para 37% e a rejeição caiu de 44% para 34% em relação à pesquisa anterior, de 24 de junho.

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E isso dá ensejo a que muita gente se pergunte como é possível em meio a tantos desatinos cometidos, tantas atrocidades, tantas mortes, tanto desemprego, tantas denúncias, tantas acusações, tantas críticas diárias, o cloroquineiro ganhar popularidade em vez de perder.

O Datafolha pirou? Se aliou a Bolsonaro? Fez uma pesquisa chapa branca?

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Não é isso que mostra o histórico do instituto. Nunca houve notícia de ter feito pesquisas distorcidas ou de encomenda. É uma empresa séria. E olha que muitos institutos de pesquisa já tiveram que sair de cena, de fininho depois de algum tempo de fama.

Eu prefiro refletir acerca dos motivos que dão esse resultado em vez de brigar com o resultado.

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E os motivos são, sem ordem de importância: 1) a máquina de propaganda de Bolsonaro continua operando a todo vapor, seja na produção de fake news, perseguidos, com toda justiça, pelo STF, seja na disseminação de elogios, que não podem ser considerados criminosos, pois exaltam, não xingam nem injuriam nem caluniam e ninguém sabe exatamente qual é o tamanho desse exército invisível; 2) o auxílio emergencial fez uma enorme diferença! O Bolsa Família dá R$41 por pessoa e no máximo R$200 por família, por mês, a 14 milhões de famílias e o auxílio deu R$600 por pessoa, R$1200 por família, em parcelas mensais, para 60 milhões de pessoas, o que é uma diferença gigantesca, e isso se reflete na pesquisa; é óbvio que se tornou mais vantajoso sair do Bolsa Família para ganhar auxílio emergencial e depois migrar para o Renda Brasil; quem recebe Bolsa-Família é grato a Lula, mas se passar a receber de Bolsonaro mais que de Lula, falando em termos rasteiros, ele será grato a Bolsonaro: se o Renda Brasil der mais que o Bolsa-Família e for mais abrangente é óbvio que Bolsonaro tende a ganhar muitos votos; 3) Bolsonaro tem um eleitorado fiel que não larga dele haja o que houver, que são os evangélicos do Edir Macedo e os militares e policiais, sejam das Forças Armadas, das Polícias Militares, da Polícia Federal ou até mesmo de milicianos; 4) ele também aumentou a aprovação porque moderou seu discurso, está migrando da extrema-direita para a direita, com o que conquista a aprovação da classe média assustada com seu golpismo, como mostra sua aproximação lenta, segura e gradual com os deputados do Centrão, cada vez mais integrados ao seu governo; 5) parou de incitar ataques às instituições e relegou a segundo plano os mais radicais porta-vozes de seu governo, seu filho Carluxo e o astrólogo Olavo de Carvalho, além de ter mandado para o exílio o destrambelhado Weintraub.

Nem o escândalo Queiróz, nem o rompimento com Moro, nem sua desastrosa e mortífera condução da pandemia afetaram seus índices de aprovação, que tendem a subir se ele conseguir colocar de pé seu “Plano Marshall”, aquele que foi lançado pelo general Braga Netto na reunião de 22 de abril, que se estende por 20 anos e rapidamente descartado por Paulo Guedes.

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Goste ou não, Guedes vai ter que engolir o projeto porque ele tem duas utilidades: ajudar a reeleição de Bolsonaro, com a criação de empregos e impulsionar o projeto maior, que é manter os militares no poder por 20 anos.

Não é novidade essa história de ficar 20 anos no poder. Fernando Henrique também queria, mas não passou de oito. Lula também queria, ficou 13, oito ele, cinco Dilma.

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Os militares – Bolsonaro à frente – também querem. Mas não com golpe. Não vão cometer o erro de 64. Golpe começa mal, continua mal e termina mal.

Tenho impressão que o plano da troika militar que toca o governo – não acima de Bolsonaro, mas ao seu lado – formada pelos generais Braga Netto, Ramos e Heleno - sonha com governos militares eleitos pelo voto direto, não por meio de golpe de estado.

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Apostam na reeleição do capitão, com o que ficariam oito, e então, se a economia engrenar de repente Bolsonaro indica Braga Netto à sua sucessão.

Sabe-se lá...

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