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Ricardo Bruno

Jornalista político, apresentador do programa Jogo do Poder (Rio) e ex-secretário de comunicação do Estado do Rio

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Por que Lula não bateu o martelo no nome de Freixo

"O nome de quem vai lidera-la resultará, sobretudo, de uma avaliação sobre o potencial de cada um na ampliação dos extratos políticos coligados", escreve o jornalista Ricardo Bruno ao analisar a visita de Lula ao Rio de Janeiro

Lula e Marcelo Freixo (Foto: REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS)
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Por Ricardo Bruno

Mais do que nomes, a visita do ex-presidente Lula ao Rio no último fim de semana contribuiu para firmar princípios – em torno dos quais dar-se-á a definição das candidaturas majoritárias em 2022. O mais importante deles aponta para a necessidade de ampliação do leque de alianças para garantir máxima amplitude no campo democrático. Em público, nas conversas reservadas, nos debates sobre os rumos político-eleitorais, Lula foi incisivo na necessidade de se buscar um entendimento em direção ao centro ainda mais amplo do que os pactuados pelo partido em eleições pretéritas. O avanço das forças de direita, capitaneadas pelo bolsonarismo, exige concessões políticas ainda mais flexíveis para se chegar à vitória. 

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Hoje consensual, a premissa do diálogo confirma a posição histórica do PT fluminense que, mesmo após o golpe contra Dilma Roussef em 2016, manteve-se aberto à interlocução com outras correntes políticas, ciente de que este seria um caminho inevitável para a tentativa de retomar o poder. Em dado momento, quando a mágoa e o ressentimento ainda estavam aflorados, levando a direção nacional a se isolar a partir o confronto ideológico, o comando do partido no Rio, liderado por Washington Quaquá e João Maurício, foi incompreendido, objeto de críticas e censuras. O tempo fez restabelecer o pragmatismo, próprio de quem entra em campo para tentar efetivamente vencer, fixando a capacidade de diálogo como bússola das estratégias eleitorais. 

A certeza consensual da necessidade de ampliação das alianças aplica-se à eleição presidencial e às disputas regionais. Talvez, por isto, o presidente Lula não tenha se comprometido no Rio com nenhum dos nomes colocados até aqui como potenciais candidatos ao governo ou ao senado. Em síntese, a chapa majoritária das chamadas forças democráticas no Rio encontra-se totalmente aberta. 

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O nome de quem vai lidera-la resultará, sobretudo, de uma avaliação sobre o potencial de cada um na ampliação dos extratos políticos coligados. Por prematuro, não há ainda consenso sobre quem teria apetrechos pessoais para a delicada tarefa de juntar a mais ampla fatia do espectro político-partidário fluminense. Daí a frase, “Freixo está muito ansioso”, dita por Lula aos ex-companheiros do deputado no PSOL. É necessário aguardar a decantação natural do processo antes de se firmar convicção para escolhas que serão estratégicas. 

Há algumas certezas na mesa – e muitas indefinições. É certo que é fundamental ter o apoio de Eduardo Paes. A composição passa necessariamente por ele. Os atores centrais da negociação estão convencidos de que não se pode abdicar da participação do prefeito na definição das candidaturas majoritárias. O PT pode, sim, abrir mão da cabeça de chapa mas, em oposto, nada impede que eventualmente ocupe a posição. Cogitam-se alguns nomes entre os petistas: o prefeito Fabiano Horta, de Maricá; a deputada Benedita da Silva; e o presidente da Alerj, André Ceciliano. Os três negam interesse de se candidatar. Contudo, a mais de um ano das eleições, é preciso tomar com reservas declarações deste tipo. A dinâmica inexorável do processo eleitoral pode acabar se impondo. 

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Fora dos quadros do PT, três outros personagens surgem como essenciais no processo de definição das candidaturas: o deputado Marcelo Freixo, que recentemente deixou o PSOL para entrar o PSB; o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, nome da preferência de Eduardo Paes; e o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves, do PDT. 

O êxito numa eventual disputa ao Governo do Rio e à vaga do Senado passa necessariamente pela formatação de uma chapa com essa amplitude: começa pelo PT, passa pelo PSB, contempla o PDT e tem a garantia da presença do PSD, de Eduardo Paes. A complexa engenharia política dessa construção é o maior desafio das forças de centro esquerda. 

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A visita de Lula ao Rio trouxe outras revelações. Exibiu a enorme e amistosa proximidade entre o ex-presidente e o deputado André Ceciliano. Boa parte da agenda foi montada por Ceciliano, especialmente o ato público de apoio à retomada da indústria naval. O presidente da Alerj cuidou também de encontros com políticos da região metropolitana. Manteve-se, ao lado de Lula, em quase todos os eventos. 

Não foi ao acaso, por exemplo, a composição da mesa do principal ato público de Lula no Rio. A foto que registra o evento tem Lula ao centro, Ceciliano à direita e Gleisi à esquerda. Se alguém achar que foi coincidência, determinada pela casualidade, que leia os ensinamentos do ex-presidente americano Franklin Roosevelt: “Em política nada acontece por acaso. Se isto acontecer, você pode apostar que foi planejado dessa maneira”. 

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Roosevelt parece ter toda razão.

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