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Milton Alves

Jornalista e sociólogo

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Por que sair às ruas em 8J e exigir a punição de Bolsonaro e dos generais golpistas

Cabe à esquerda o mais implacável combate ao bolsonarismo, a materialização da corrente neofascista no Brasil

Jair Bolsonaro e atos golpistas de 8 de Janeiro (Foto: REUTERS)
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Nesta segunda-feira (8), quando completa um ano da intentona golpista da extrema direita, cresce a exigência pela punição dos mandantes políticos, dos organizadores e financiadores dos atos de insurgência contra o triunfo popular de Lula nas urnas, nas eleições presidenciais de 2022 — o então objetivo do projeto reacionário e antidemocrático dos bolsonaristas e de seus aliados entre as Forças Armadas.

A esquerda partidária e social, organizações sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular promovem atos de rua em todo o país: em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Vitória, Brasília, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Aracaju, Teresina e Curitiba – entre outras capitais e cidades -, com a defesa da palavra de ordem “Sem Anistia e de punição aos chefes e financiadores da ação golpista” contra a sede dos três poderes no Distrito Federal.

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Também foi acrescentada por diversos setores políticos da esquerda, a necessidade da demissão imediata do ministro da Defesa, José Múcio — que se apresenta como uma espécie de porta-voz das Forças Armadas, que com atos e declarações tenta livrar a responsabilidade dos comandantes militares nos episódios criminosos de 8 de janeiro de 2023.

Portanto, a demanda das forças de esquerda e populares é pela efetiva punição dos verdadeiros chefes políticos da tentativa de golpe em 8 de janeiro. A começar pelo indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, o principal responsável político pelos atos golpistas — antes, durante e após o processo eleitoral de 2022.

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A palavra de ordem “Sem Anistia”, no plano político, condensa o enfrentamento ao golpismo da extrema direita neste momento e estrutura um eixo organizativo e mobilizador para seguirmos no combate ao bolsonarismo e aos seus aliados neoliberais.

O governo do presidente Lula, em conjunto com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, realiza uma solenidade oficial em Brasília que aponta para um eixo político de conciliação nacional, pelo alto, em defesa das pretensas virtudes democráticas e do vigor republicano das instituições, o que pode favorecer, mais uma vez, a proposta de anistia para os militares e ao segmento do empresariado envolvido com a intentona extremista.

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Daí a importância dos atos de rua das forças populares em contraposição aos movimentos de anistia ampla e geral engendrados nas entranhas dessas mesmas instituições das classes dominantes.

“Sem anistia” foi o apelo de milhares de brasileiros aglomerados na posse histórica do presidente Lula, em 1º de janeiro de 2023, e, com certeza, será ouvido novamente nas manifestações de hoje.

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Causa perdida

Em artigo publicado neste espaço na última quinta-feira (4), com a chamada “Sem Anistia: punir os chefes e financiadores da intentona golpista de 8 de janeiro” argumentei em defesa da punição dos mandantes políticos e empresariais do movimento golpista e alertei que até o momento só a massa de manobra, “arraia-miúda” foi punida.

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No entanto, o Diário Causa Operária (DCO) avaliou o meu ponto de vista como uma posição reboquista diante da direita golpista. Segundo o DCO, meu artigo aposta todas as fichas nos ombros dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O que não é verdade!

Não só defendo ampliar a pressão sobre o STF e demais instituições, como vejo a necessidade da urgente mobilização de rua das forças de esquerda e populares. É o centro dos meus argumentos no artigo. Ou seja, punir os criminosos da extrema direita no bojo de uma mobilização de massas.

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Há um porém: para a Causa Operária não ocorreu uma intentona golpista, não aconteceu atos criminosos contra a vontade das urnas por parte dos bolsonaristas e dos militares. A minuta do golpe era uma fantasia, assim como o projeto golpista que se manifestou logo após o resultado eleitoral, com as concentrações nas portas dos quartéis em todo o país, a queima de veículos e o implante de bombas nas cercanias do aeroporto de Brasília. “Manifestações democráticas” para a turma do DCO e para o Rui Costa Pimenta, segundo afirmou em uma live no mesmo 247, no meio dessa semana. Uma baita passada de pano para Bolsonaro e os golpistas.

O DCO vai além e crava o seguinte argumento, um tanto defensivo e temeroso sobre as intenções futuras do STF: “A sanha punitivista e o abandono quase completo de um programa limitam de maneira acentuada o horizonte da esquerda. E se o objetivo do STF for simplesmente mirar na “arraia-miúda”? E se os grandes generais estiverem, desde início, fora do radar punitivo da corte máxima do país? E se o objetivo for exatamente caçar o “andar de baixo” da extrema direita para, na próxima etapa, caçar a esquerda, o movimento operário e popular, com a ajuda de uma estrutura jurídica repressiva pela caçada daqueles”.

As perguntas ficam soltas no ar se não levarmos em conta que a polarização em curso no país é atravessada por uma acirrada disputa de rumos entre a esquerda, liderada por Lula e o PT, e a extrema direita, de Bolsonaro e de setores militares e empresariais. Uma contenda sem desfecho ainda. Ou melhor, vivemos uma fase da guerra, em que avançamos algumas braças no terreno, com a vitória eleitoral de Lula, mas o cerco prossegue ameaçador.

Logo nos resta (para a esquerda nacional) o mais implacável combate ao bolsonarismo, a materialização da corrente neofascista no Brasil, uma luta em todos os terrenos: político, institucional, judicial, midiático, e o decisivo — nas ruas, com a mobilização do povo trabalhador. Sem isso, a nossa causa será perdida!

*Jornalista e escritor. Autor dos livros ‘Brasil Sem Máscara — o governo Bolsonaro e a destruição do país’ [Kotter, 2022] e de ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ [Kotter, 2021]. É militante do Partido dos Trabalhadores [PT], em Curitiba.

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