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Henrique Vital Brazil Simonard

Coordenador nacional dos Comitês de Luta e da Aliança da Juventude Revolucionária - AJR

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Por um triz!

Domingo, 24 de abril, a população francesa saiu às ruas para votar, o resultado foi a reeleição de Macron, mas o imperialismo tem pouco para comemorar

(Foto: AFP)
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Por Henrique Simonard

Emmanuel Macron foi reeleito para presidente. Com 58,6% dos votos contra 41,4%, o imperialismo europeu conseguiu, por pouco, garantir mais 5 anos de um governo desastroso na França. Foi o maior resultado que a extrema-direita conseguiu até hoje. A rejeição também foi grande, cerca de 28% dos eleitores não votaram. No Caribe, no Mediterrâneo e na Guiana, Le Pen teve uma larga vantagem sobre Macron, chegando a quase 20% em alguns locais, na maioria desses territórios ultramarinos havia vencido Mélenchon no primeiro turno.

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Marine Le Pen aceitou o resultado e encarou-o com otimismo. Em seu discurso chamou atenção para o fato que os partidos que eram outrora dominantes na França estão se apagando, referindo ao Partido Socialista e ao partido Os Republicanos e ao péssimo resultado que tiveram no primeiro turno. Anunciou o início da “grande batalha eleitoral do legislativo”, lembrando que dentro de algumas semanas ocorrem as eleições legislativas. Ainda deu uma alfinetada na esquerda: “todos aqueles que se reivindicam opositores de Macron, mas que o ajudaram a se reeleger”. Está certa, a esquerda está colocando-se em uma enorme enrascada se apegando a um regime putrefato, que mal conseguiu se manter por 5 anos e que não tem nenhuma perspectiva de superar a crise política e social em que se encontra a França. Quando Macron afundar, a esquerda que o apoiou em prol de uma pseudo luta contra a extrema-direita afundará junto.

Mélenchon, que acenou para o presidente na esperança de um apoio para as eleições legislativas e visando o cargo de Primeiro-ministro, disse que Macron “é o mais mal eleito dos presidentes da Vª República. Ele boia em um oceano de abstenções, de boletins brancos e nulos”, apontando ainda que ambos os candidatos no primeiro turno não tiveram que um terço dos eleitores cada um, ele, Mélenchon, teve o terço restante. Por fim, apontou que o “terceiro turno” começou ontem, pois nos dias 12 e 19 de junho os franceses podem vencer Macron no legislativo.

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Emmanuel Macron mal ganhou as eleições e já tem dois opositores, que representam os outros dois terços do eleitorado francês para enfrentar dentro de um mês.

A vitória do imperialismo europeu se deu por pouco. Embora 20% de margem seja bastante coisa, 42% para a extrema-direita também é um número grande de eleitores. Podemos dizer que foi graças ao medo que Macron saiu vitorioso. O Covid-19, a guerra na Ucrânia e o terrorismo jornalístico contra a extrema-direita garantiram a vitória dos banqueiros europeus. Mas qual o significado dessa vitória? Claramente ela não será suficiente para estabilizar a situação francesa ultra-polarizada.

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Apenas anunciada sua vitória, muitos parisienses já se encontravam na famosa Place de la République às oito da noite no horário local. Com gás lacrimogêneo e investidas dos policiais para dispersar, os manifestantes mantiveram-se na praça por mais de 3 horas. Antifascistas, coletes amarelos e outros grupos se encontravam no local. A embaixada dos Estados Unidos cantou a bola uma hora mais cedo: “manifestações espontâneas em todas as cidades da França podem ser violentas” e aumentou a segurança na própria embaixada. Esse pode ser o último trem para a esquerda.

A crise francesa é a crise do imperialismo, e a derrota da extrema-direita não foi nenhuma vitória da esquerda. Os franceses devem se preparar para mais 5 anos de arrocho fiscal e austeridade. Se a esquerda ficar mais 5 anos esperando é possível que no próximo pleito seja completamente engolida pela extrema-direita. Para os analistas franceses está claro, quem votou no Reagrupamento Nacional foi a ralé da sociedade francesa, a burguesia miúda, os trabalhadores e os imigrantes. Não é nenhuma surpresa que Le Pen tenha vencido nos territórios ultramarinos, vulgo colônias francesas. Todos estão fartos da política neoliberal e não há nenhuma esquerda que se apresente no horizonte. Embora Mélenchon tenha crescido, foi também em parte uma estratégia fracassada do imperialismo para deixar Le Pen fora do primeiro turno, mas se Mélenchon ficou atrás da extrema-direita é porque a população enxerga mais a extrema-direita do que a esquerda como verdadeiros opositores do regime. Enquanto isso, o presidente do Medef (Movimento das empresas da França), Geoffroy Roux, parabenizou o presidente reeleito. Macron acaba de vencer, mas o regime está por um triz.

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