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Regina de Aquino

Professora titular aposentada do DMAT-CCE-UFES

11 artigos

blog

Portadoras de Vida

Esse moço, serviçal do poder da tal minoria factual, demonstrou um profundo desrespeito à vida, um desamor tão radical, que me assombrou com sua violência, manifestação do ódio e desapreço ao ser Humano. Ficou claro, para mim, que falta-lhe compaixão, humanidade e sobra-lhe incapacidade de sublimar sua pobre condição de vassalagem e oprimido

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As lutas pela emancipação da mulher são para mim, lutas de vida, pois se confundem com minhas decisões de vida, os caminhos que tomei, as escolhas que fiz, os erros que cometi, as convicções e ideais que construí.

Eu vi o feminismo surgir na sociedade ocidental contemporânea católica, principalmente como revolta à estrutura familiar imposta às mulheres, à um mundo permeado pelo desrespeito e desamor a manifestação feminina. O feminino era esse jeito de ver e fazer coisas que só podia existir dentro do lar, doce lar.

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Se a mulher quisesse trabalhar, diziam “trabalhar fora”, tinha que fazer como o homem, grosso modo, era algo como se dedicar integralmente, ser agressiva e violenta, fumar e beber em bares, sacrificar suas horas de convivência com a família, além de ter que usar roupas masculinizadas e nunca, Nunca!, chorar. Resumindo, entrar num mundo masculino, capitalista, que tritura o ser humano até virar bagaço e joga fora depois...Pobres homens.

Eu fiz 15 anos, no início dos anos 70. O feminismo foi, para mim, uma forte reação à concepção de família tradicional, apesar de não viver em uma. Era a família onde imperava o mando e o poder absoluto de um homem, o marido, e sob o qual, com seus desmandos e vontades, todos atuavam e se submetiam, vivendo cotidianamente, sob o domínio de sua vontade, muitas vezes sob o temor da violência, dos maus-tratos e do desrespeito, em outras vezes, com algum desses ingredientes ou todos, em vários graus e matizes, mas sempre lá.

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Os meninos sonhavam com o dia em que teriam a chance de se libertar do domínio do déspota para se tornar um, ou fazer tudo diferente e repetir do mesmo, num nível novo com roupa, cara nova, cabelos compridos ou não. Sábio Paulo Freire.

As meninas, princesinhas do rei tirano, restritas em suas opções, sonhavam com o tal príncipe que a libertaria dessa tirania... para colocá-la em outra. Ou então, lutavam caoticamente, em rebeldia, para tomarem suas vidas e suas decisões para si, abrindo mão do aconchego da família. Algumas, bravas guerreiras, conseguiram uma nova estrutura familiar baseada no respeito, amor e fidelidade conjugal. A maioria, reproduziu o que teve como princesa dos anos 70, num grau bem menor de violência e maus-tratos, mas sempre abrindo mão do respeito a natureza sagrada do casamento e também de um dos seus pilares: a fidelidade conjugal.

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Naqueles anos, as mulheres que decidiam sair do “seio protetor da família” eram consideradas mulher da vida, puta, ramera, e quase sempre se tornavam prostitutas ou “mulheres de vida fácil”, por falta de qualificação para o trabalho, na época fato comum. As mulheres de famílias muito pobres, em geral, eram obrigadas a sair para trabalhar e eram vistas pelos grupos externos dessa mesma forma.

As mulheres que se arriscaram nessa luta por emancipação tinham que abrir mão de ter uma família, pois afinal, como ter filhos, cuidar da casa, ser esposa e ainda ter um trabalho em período integral?? Ou então, por tanto amor, se arriscaram a ter uma família e se desgastavam tanto, chegando aos tais bagaços. Algumas pararam antes. Refazendo tudo.

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Hoje, tudo mudou. Mas ficou no mesmo lugar. Continuamos a ter que ingressar no mercado de trabalho, que nome horrível, mas bem real, do que fazemos, esse lugar onde vendemos nossas forças, jovialidades, vigor e inteligências, esse Mercado do Trabalho. Jogaram areia nos nossos olhos. Homens e Mulheres. Partiram nossas lutas em muitas, e deram nome de identitarismo. Quem? O modelo Capitalista de sociedade, selvagem, que continua aí, nos explorando até a última gota de sangue, de sonhos e ideais. Lutamos por humanos direitos. Por diversidade em nossas escolhas. Por nossas próprias escolhas. E, somos todos Minoria, já repararam?

E é a minoria real, factual, a que, de fato, continua determinando como seguimos nossas vidas, as escolhas que tomamos e as maneiras de viver que fazemos. A diversidade não teve lugar, ainda, na sociedade humana ocidental. E a que temos na Natureza, a minoria factual trata de extinguir.

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Aí, vem um camarada, outro dia, se referindo às mulheres como seres portadoras de vaginas, o que, num primeiro momento causou uma certa estranheza aos ouvidos, para mim, soou como uma deficiência, seres-portadores-de-deficiências-físicas, foi o que reverberou... Foi tão brutal, o horror que a declaração me causou e tudo que isso ela representa, que a reação, a indignação, só chegou no dia seguinte, passado o choque. Parecia estarmos de volta aos anos 70.

Esse moço, serviçal do poder da tal minoria factual, demonstrou um profundo desrespeito à vida, um desamor tão radical, que me assombrou com sua violência, manifestação do ódio e desapreço ao ser Humano. Ficou claro, para mim, que falta-lhe compaixão, humanidade e sobra-lhe incapacidade de sublimar sua pobre condição de vassalagem e oprimido. Para ele e seus pares, eu lembro. A linda vagina que habita nosso corpo de mulher, rodeada de pernas roliças que são como braços afetuosos ao redor de nossos homens amados, é também o túnel profundo de onde sai a vida gerada em nosso útero.

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Esse poder monstruoso de gerar Vida deve assustar o pobre moço, ainda hoje.

Faltou-lhe Mãe. Pois lhe falta generosidade, respeito e apreço à Vida.

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