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Fernando Nogueira Costa

Professor Titular do IE-UNICAMP

4 artigos

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Povo elegerá Lula no primeiro turno

Com a mudança do Perfil da Amostra da Pesquisa Datafolha, a classe mais pobre era antes composta de 83,2 milhões pessoas e, dois meses após, caiu para 74,4 milhões. É o eleitorado onde Lula tem seu maior número de intenções de votos

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)
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Um dos erros comuns na análise da “história do futuro” é extrapolar a “previsão do passado”. De acordo com a Neuroeconomia, nós, seres humanos, não temos nenhuma sensibilidade para o crescimento exponencial ou percentual. Temos de usar a calculadora ou, para taxas de crescimento pequenas, o truque da duplicação no tempo.

Esse truque é dividir o número 70 pela taxa de crescimento em porcentagem. Alguns exemplos o deixará compreensível. A inflação está crescendo 10% a cada 12 meses. Afinal, o que são 10% ao ano?

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Calcule, rapidamente, a duplicação no tempo: 70 / 10 = 7 anos. Em 7 anos, a moeda nacional terá apenas a metade do valor, ou seja, o estoque de riqueza não corrigido perderá 50% de seu poder aquisitivo.

Os juros compostos crescem 7% ao ano. Intuitivamente, não entendemos esse dado, mas 70 / 7 = 10 anos. Traduzindo, o alerta é o seguinte: “A riqueza financeira dos ricaços duplicará a cada dez anos”. É alarmante essa desigualdade social!

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Finalmente, um último exemplo: a economia necessita crescer 5% a cada ano. Isso não interessa à população? 70 / 5 = 14 anos. Interessa sim, pois “a renda da economia dobrará em 14 anos!”

Também conhecida como sondagem, uma pesquisa de opinião é um levantamento estatístico, normalmente realizado através de uma amostra específica de determinado público-alvo. Ela indica as opiniões de certa população analisada, através de perguntas para suas partes, pressupostas representativas de seus diversos agrupamentos sociais, e extrapola as respostas para o conjunto maior, dentro do intervalo de confiança.

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A pesquisa de opinião é uma forma de saber como as pessoas com perfil definido pensam e se comportam. Pode ser qualitativa ou quantitativa. Possui diversos tipos de técnicas e metodologias.

Como metodologia de pesquisa, a sondagem possibilita o conhecimento em certa conjuntura de um universo de elementos, de maneira descritiva e quantificada. A escolha e análise de dados são feitas com base em amostra de elementos capaz de permitir a extrapolação das interpretações à totalidade do universo.

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Em metodologia da pesquisa quantitativa, uma amostra é um conjunto de dados coletados e/ou selecionados de uma população estatística por um procedimento definido. Em geral, a população é muito grande, portanto, fazer um censo ou uma enumeração completa de todos os valores na população é pouco prático ou muito caro. A amostra geralmente representa um subconjunto de tamanho manejável, de modo a ser possível fazer inferências ou extrapolações dela à população.

Uma amostra sem viés (representativa) é um conjunto de componentes escolhidos a partir de um sistema complexo completo. Deve-se usar um processo de seleção neutro sem depender das propriedades possivelmente resultantes deles.

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A melhor forma de evitar uma amostra com viés ou não representativa é selecionar uma amostra aleatória ou probabilística. Ela é definida de modo a cada membro individual da população ter uma chance conhecida (e diferente de zero) de ser selecionado como parte da amostra.

Alguns exemplos de amostras não aleatórias são as selecionadas por conveniência ou por julgamento, ou seja, são amostras intencionais. Por exemplo, estranhei a última pesquisa Datafolha sobre intenção de voto, realizada nos dias 13 a 15 de setembro de 2021, alterar sem justificativa o Perfil da Amostra da Renda Familiar Mensal.

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Nas duas pesquisas anteriores (08/05/21 e 08/07/21), a parcela da população mais pobre com renda familiar mensal até 2 salários mínimos (SM) era de 57%; a de 2 a 5 SM, 31%, de 5 a 10 SM, 8%; acima de 10 SM, 2%; recusa 1% e sem saber 2%. Pois bem, sem apresentar justificativa, na pesquisa recente (15.09.21), alterou até 2 SM passou a ser 51%; a de 2 a 5 SM, 35%, de 5 a 10 SM, 7%; acima de 10 SM, 3%; recusa 1% e sem saber 2%. Detalhezinho? O fato é não ter havido essa mobilidade social em dois meses!

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Na tabela, coloquei gente (eleitores) por trás dos números para sensibilizar a mente humana para o crescimento (ou decréscimo) porcentual. Tomei no TSE o número de eleitores mais atualizado antes de cada pesquisa: cerca de 146 milhões com aumento de quase 30 mil em dois meses.

Com a mudança do Perfil da Amostra da Pesquisa Datafolha, a classe mais pobre era antes composta de 83,2 milhões pessoas e, dois meses após, caiu para 74,4 milhões, ou seja, teve um decréscimo de 8,8 milhões. Essas pessoas teriam subido de patamar social?!

Teria crescido também a dimensão tanto da classe média alta quanto dos ricos, cada qual em quase 1,5 milhão de pessoas. Por qual razão teria ocorrido essa elevação da renda (e não riqueza) em conjuntura econômica de alta inflação e desemprego?

Intencional ou não, por má fé ou por descuido em não justificar ao leitor, essa pequena alteração justamente no eleitorado onde Lula tem seu maior número de intenções de votos altera a percepção de chances de uma “terceira via”. Dá uma falsa esperança.

Na pesquisa anterior, Lula tinha 31,7 milhões de votos a mais frente ao seu maior adversário (66,2 milhões contra 34,5 milhões). Nesta última pesquisa, em parte por causa da alteração no Perfil da Amostra, essa diferença teria caído para 25,8 milhões (62,7 milhões menos 36,9 milhões): sinal amarelo!

Pelo Viés Heurístico da Disponibilidade – a memória curta e seletiva é a disponível de imediato na mente humana e daí pressuposta ser a única relevante –, lembramos: com intensa campanha eleitoral pelo país (inaugurações, “motociatas”, foto da concentração de 120 mil pessoas em 7 de setembro, etc.), o capitão perdeu poucos votos na faixa até 2 SM, mas ganhou nas demais. Perdeu em nível de Ensino Superior. Perdeu nos simpatizantes do PSDB e de outro partido. Perdeu no Centro-Oeste/ Norte.

Em contrapartida, Lula teria concentrado suas perdas de votos na faixa de renda até 2 SM, compensando ½ da perda com aumento nas demais faixas. Perdeu em todos os níveis de escolaridade. Ganhou mais votos do PT/MDB e perdeu nos demais. Perdeu no SE/NE e ganhou no S/CO/N. A citada diferença a menos (5,8 milhões de intenções) considera suas perdas e os ganhos do adversário entre as duas últimas pesquisas.

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