Prisão de Ribeiro serve de exemplo para todos os parlamentares que apoiam o bolsonarismo
'Prisão do ex-ministro demonstrou como Bolsonaro trata seus aliados. Bolsonaro vendeu Ribeiro na bacia das almas sem hesitação', diz Cesar Calejon
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Por Cesar Calejon, para o 247
A prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, que foi acusado de corrupção para atender os interesses do bolsonarismo junto a políticos evangélicos, para muito além de colocar uma verdadeira pá de cal sobre o falso moralismo do governo Bolsonaro, demonstrou, empiricamente, como Jair Bolsonaro trata os seus próprios aliados.
Em março deste ano, ao ser interpelado pela própria Polícia Federal, Ribeiro disse que apenas obedecia “ordens do presidente” e que a negociata havia sido um “pedido especial” de Jair Bolsonaro para priorizar o repasse de verbas do Ministério da Educação (MEC) aos municípios indicados pelos pastores Gilmar Silva e Arilton Moura.
Ontem, no mesmo dia em que a Polícia Federal prendeu Milton Ribeiro, Bolsonaro correu para abandonar o antigo aliado pelo qual disse que colocaria a própria cara no fogo e ainda o utilizou, descaradamente, como um boi de piranha para afirmar que não interfere nas ações da PF.
“O caso do Milton (Ribeiro), pelo que eu estou sabendo, é aquela questão que ele estava, estaria com a conversa meio informal demais com algumas pessoas de confiança dele. E daí houve denúncia que ele teria buscado prefeito, gente dele para negociar, para liberar recurso, isso e aquilo. E o que aconteceu? Nós afastamos ele. Se tem prisão, é Polícia Federal. É sinal que a Polícia Federal está agindo”, afirmou Bolsonaro na manhã de ontem à rádio Itatiaia.
Ainda segundo o chefe do bolsonarismo, “(...) ele (Milton Ribeiro) responda pelos atos dele. Eu peço a Deus que não tenha problema nenhum. Mas, se tem algum problema, a PF está agindo, está investigando, é um sinal que eu não interfiro na PF, porque isso aí vai respingar em mim, obviamente”.
Além da necessidade de se estabelecer uma CPI para aferir os crimes exatos que foram cometidos durante a gestão bolsonarista no Ministério da Educação e apontar os seus perpetradores, esse episódio enfatiza como o bolsonarismo trata as pessoas que lhe serve de instrumentos quando essas enfrentam situações difíceis.
Neste sentido, enquanto Bolsonaro vendeu o seu aliado na bacia das almas sem nenhuma hesitação, até o ex-presidente Lula disse que o “(...) direito à defesa é (um) valor monumental”.
Nos próximos dias, Bolsonaro deverá insistir na narrativa de instalar a CPI da Petrobras para tentar esvaziar o caso do MEC. Aqui, vale a máxima de que o “ataque é a melhor defesa”.
Evidentemente, Milton Ribeiro e os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos são apenas peões de um jogo muito mais nefasto e complexo. Ou seja, eles formam apenas a pequena parte visível, pelo menos até aqui, de um enorme iceberg que se encontra sob a superfície do escândalo.
De qualquer maneira, a prisão de Milton Ribeiro serve como exemplo prático para todos os parlamentares que ainda apoiam o bolsonarismo: ao menor sinal de problemas, vocês não serão somente abandonados, mas, em última instância, utilizados como bucha de canhão para defender os interesses do bolsonarismo.
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