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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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Protestos na Copa do Catar e no Irã: Não é pelas mulheres, há uma Revolução Colorida em andamento

"Apesar de toda essa guerra anglo-sionista contra o Irã, o país não está mais sozinho"

(Foto: Eduardo Campos Ferreira (Mesquita de Santo Amaro))
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Quando Jens Stoltenberg na cúpula da Otan em Madri, 06/2012, oficializou a guerra-híbrida como método de guerra, ele não estava brincando. Até a Copa Mundial no Catar está em uso contra o Irã. Na resolução final do encontro evocou-se a “cooperação civil-militar reunindo o setor privado” [considere como referência a imprensa, mídias, ONGs e think tank] “e a academia para reforçar nossa vantagem estratégica”. 

O documento salienta a “necessidade de combater as práticas comerciais de adversários e inimigos, e define novas áreas de incumbência, como as questões energética e de migrações”, “de acordo com nosso enfoque de 360 graus, nos domínios terrestre, aéreo, marítimo, cibernético e espacial”. [A OTAN e a militarização global: a guerra contra todos que não fazem parte dela].  Uma das principais vozes contra o Irã, é da pseudo-jornalista e, agora, ativista feminista Masih Alinejad. Ela trabalha como agente do Estado Norte-Americano, onde apresenta um programa na Voice Of America. A rádio do Governo dos EUA autorizada a operar apenas fora do território estadunidense. Sabidamente uma rádio usada na propaganda de guerra desde a 2ª Guerra Mundial. [Recomendação: Glória - 2021, uma série portuguesa, com atores brasileiros e passada na Ditadura Salazarista].

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Após a guerra no Iraque, sob as escandalosas falsas acusações de armas de destruição em massa, os EUA perceberam ser muito mais eficaz fazer guerras sob acusações subjetivas e imateriais, as quais não há necessidade de provar a materialidade das acusações. Mesmo países colonizados nas Américas, os que criticam a colonização europeia, cuja narrativa era trazer a civilização às populações indígenas vistas como bárbaras, caem no estelionato discursivo. 

Cinco séculos depois, defendem-se guerras e sanções econômicas contra civilizações árabes, africanas e asiáticas pela mesma visão, civilizar os bárbaros. Seja pelos direitos das mulheres, pela liberdade, pela ecologia, pela democracia liberal. O alvo das sanções é a população, que por consequência morre de fome, falta de remédios, tratamento médico, falta de bens de primeira necessidade, ... 

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O que aprofundou e em alguns casos retornou o mundo árabe às teocracias foi justamente o colonialismo ocidental. Como uma forma de se proteger, os países da região resolveram retornar às tradições e costumes árabes e com isso, aumentou-se o poder e influência da religião.

Não há nada de positivo nas Revoluções Coloridas. No Brasil, o que de início parecia uma demanda positiva contra a corrupção, deixou um país de terra arrasada, econômica, social e cognitivamente. Por preconceitos e moralismos apoia-se a doutrina do Destino Manifesto usado pelos EUA. Diversos estados nos EUA mantêm leis contra “sodomitas”, mas isso não aparece nas mídias ou em protestos na Copa do Mundo. [Fonte: glapn.org]

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Não é pelo Hijab ou pelas mulheres, é uma Revolução Colorida

Em setembro, ocorreu a morte de Mahsa Amini sob custódia da Polícia de Segurança Moral iraniana, a prisão foi por não estar usando o hijab – véu. A imprensa Otan veiculou matérias acusando a polícia de a ter assassinado. O Governo Iraniano apresentou laudo cadavérico apontando causas naturais. O fato é que a morte de Amini desencadeou o descontentamento público.

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O descontentamento público era muito mais pelas questões econômicas que passa o Irã, após 40 anos de sanções, inflação alta, desvalorização da moeda, problemas de alimentação. Mesmo os grupos anti-hijab, nunca pediram a derrubada do regime, mas sim, reformas. A Polícia de Segurança Moral não é de competência do governo central, está sob controle do hawzah (seminário) de Qom, centros religiosos regionais. Em algumas regiões do país, apesar da obrigatoriedade normativa da hijab, a lei não é seguida há décadas, como esclarece a jornalista Sharmine Narwani.

Logo surgiu entre os manifestantes grupos extremistas obrigando lojistas a fecharem seus comércios, sob ameaças de serem incendiados. Canais em farsi apareceram na internet incentivando assassinatos de policiais, grupos armados coagindo manifestantes, prédios públicos foram incendiados e tanto policiais quanto manifestantes foram espancados e mortos, na busca de se criar mártires. Por fim, as manifestações foram sequestradas.

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As manifestações perduram há 3 meses e tornaram-se cada vez mais violentas. Os manifestantes legítimos deixaram de participar por medo de serem mortos pelos grupos extremistas. As regiões nevrálgicas são as províncias limítrofes ao Iraque, Kermanshahan, AzarBayejah e Kordestan, onde há uma abundância de azeris e curdos. 

Grupos terroristas curdos, sabidamente apoiados e financiados pelos EUA e Israel, infiltram-se pela fronteira e causam atentados. Soma-se o Mujahedin-e Khalq (MOK), cujo quartel-general fica a cerca de 100 quilômetros a oeste da fronteira iraniana perto de Al Khalis, no Iraque. O MKO tem um histórico de ataques terroristas, assassinatos ateando fogo em pessoas, decapitações, desmembramentos, desde os anos 80. 

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Dia 12 desta semana, os manifestantes “pró-democracia” incendiaram departamentos de pesquisas na Universidade de tecnologia de Isfahan e laboratórios de desenvolvimento de drones e mísseis por todo o país. Os drones e mísseis são fundamentais na defesa do Irã. Os porta-aviões e navios de guerra estadunidenses estacionados próximos ao Golfo de Omã, não adentram o Golfo Pérsico por receio de serem afundados pelos drones e mísseis iranianos. São esses grupos extremistas que estariam sendo sentenciados à morte pelo Irã.

Neste 7 de dezembro, “Durante seu discurso aos senadores italianos, a líder da organização terrorista Mujahedin-e Khalq (MKO) Maryam Rajavi reivindicou a responsabilidade pelos recentes distúrbios no Irã. O grupo terrorista matou milhares de iranianos desde a Revolução Islâmica de 1979.”

O mais surpreendente é que uma das líderes do MKO, Maryam Rajavi, assumiu os atentados em seu pronunciamento ao senado italiano. A imprensa OTAN a considera como heroína. Maryam Rajavi é tratada no ocidente como uma lutadora pela liberdade e uma nova era para as mulheres do Oriente-Médio, tem seus livros vendidos na Amazon. [Iran Will Be Free]. Em 2019, a agência de notícias iraniana revelou que o advogado de Trump organizou a visita de Maryan Rajavi à Tel Aviv. Onde ela se encontraria com o diretor do Mossad, Yossi Cohen, e com o primeiro-ministro Netanyahu, segundo o embaixador francês em Israel, o qual salientou: “Sra. Rajavi detém o título de refugiado político na França. Suas conversas com o Estado judeu não foram autorizadas pela chancelaria francesa em Israel”

A razão da Revolução Colorida no Irã é óbvia. O país foi aceito na Organização para Cooperação de Xangai, pediu oficialmente seu aceite no BRICS e está se adequando às exigências para ingresso na União Econômica Eurasiática. Tem acordos de comércio com a Índia, Rússia e China. E com o crescente interesse da Arábia Saudita em desvencilhar-se dos EUA e aderir às Novas Rotas da Seda (BRI), embaixadores russos e chineses têm conseguido diminuir as tensões entre Teerã e Riad, na busca de integrá-los como futuros parceiros.

Apesar de toda essa guerra anglo-sionista contra o Irã, o país não está mais sozinho. Em setembro deste ano, não sendo mera coincidência o início da revolução Colorida no Irã, houve o 22º encontro da Organização para a Cooperação de Xangai em Samarcanda. Onde se definiu que os países membros não mais aceitariam o “bullying” feito pelo ocidente ao Irã. Informações não confirmadas relatam que neste exato momento, há na Rússia diversos pilotos iranianos sendo treinados a operar os caças Sukhoi. O que significaria que, após anos de insistência, Moscou aprovou o fornecimento dos caças à Teerã.

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