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André Luiz Furtado

Professor de matemática da UERJ

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Putin, o grande culpado?

Putin (Foto: Reuters)
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“Ouvi as declarações do novo secretário-geral da Otan, antigo primeiro-ministro da Noruega, que desde primeiro de outubro, há apenas seis dias, assumiu o cargo. Quanto ódio no rosto dele! Que incrível empenho em promover uma guerra de extermínio contra a Federação Russa!"  Fidel Castro, 2014

Abaixo darei minhas respostas a algumas perguntas com as quais me deparei ao ler um artigo sobre a operação militar da Rússia na Ucrânia. Cabe ressaltar que as perguntas não foram dirigidas a mim, e aparentemente a nenhum indivíduo em específico. Porém, como foram trazidas a público e não deixam de ser interessantes em algum sentido, elas me instigaram a responder também publicamente. 

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1 - Usar força militar exógena para fazer uma Nação livre “regressar ao arranjo político pré-2014, com governos pró-Moscou”, é ato defensável por democratas? Volodymyr Zelensky, o comediante despreparado que venceu as últimas eleições presidenciais com 73% dos votos embalado numa retórica anti-russa, entregaria o cargo a um governo militarizado pró-Moscou desenhado por Vladimir Putin e isso seria aceitável? (sublinhado por mim)

Pergunta capciosa. Questiono-me (retoricamente) quais seriam as fontes jornalísticas segundo as quais a Rússia almeja instalar na Ucrânia “um governo militarizado pró-Moscou desenhado por Vladimir Putin”.

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O que a Rússia almeja é claro e é repetido há anos: a Ucrânia desmilitarizada, desnazificada e comprometida com o status de neutralidade. Nada de mísseis da OTAN apontados para si num país fronteiriço administrado por um governo anti-Rússia. O bom senso e o apreço pela paz dizem que isso é mais do que aceitável, é perfeitamente legítimo.

Colocando em contexto: esse “comediante despreparado” presidente de um “país livre” (composto por homens de bem?) foi eleito em 2019 depois de um golpe de Estado ocorrido em 2014 contra um presidente eleito (as semelhanças com o que aconteceu por aqui parecem não ser mera coincidência).

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E sim, como mencionado na própria pergunta, o governo que sofreu o golpe apoiava a Rússia e isso não é só um mero detalhe. Golpe esse, conforme amplamente documentado, construído pelos mesmos governos/Estados estrangeiros que posteriormente apoiaram a eleição do “comediante despreparado” e que desde então trabalham para inserir a Ucrânia na OTAN.

2 - Vladimir Putin tem controle total e absoluto do Exército russo?

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Até o momento não há o menor indício de que não o tenha. 

3 - A liderança e a admiração interna da qual Vladimir Putin supunha (sic) desfrutar na Rússia [...] chancelaria bovinamente (sic) os avanços bélicos sobre território ucraniano?

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No momento Putin possui 71% de aprovação dentro do seu país e nos últimos 3 meses, com o tensionamento do caso Ucrânia, sua popularidade aumentou em 8 pontos percentuais (fonte: Yuri Levada Analytical Center). 

Podem haver protestos eventualmente, inclusive multitudinários, porém, o mais provável é que, estatisticamente, continue prevalecendo o bom senso e o sentido de preservação física contra a grave ameaça que representa a Ucrânia sediando bases da OTAN.

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4 - A demora em anunciar uma “vitória” que era pretendida com rapidez tão impossível quanto irresponsável, mina por dentro a sociedade russa? 

Pergunta capciosa. Não houve demora em anunciar a vitória, até porque não foi estabelecido um tempo para que ela fosse anunciada. Dizer que Putin pretendia atingi-la com rapidez “impossível e irresponsável” não é nada mais que fruto da imaginação de quem formulou essa tese (seja ele(s)/ela(s) quem for(em)). De qualquer forma, com certeza não é falta de poderio militar que impediria a Rússia de dominar a Ucrânia muito rapidamente.  

5 - O movimento das placas tectônicas internas da sociedade russa pode levar a uma implosão do Estado sob Putin? 

Em tese, pode, até porque o movimento dessas placas tectônicas, que até o momento não foi detectado, se ocorrer, terá recebido fortíssimo impulso externo dos mesmos que querem instalar na Ucrânia bases militares com mísseis apontados para a Rússia. 

Mas, admitindo que o tal “movimento das placas tectônicas” levasse à implosão do Estado sob Putin, será que isso significaria necessariamente que Putin estava errado em empreender uma operação militar de desmilitarização e desnazificação de um Estado vizinho hostil que deseja se aliar militarmente com potências anti-Rússia? 

6 - Especulando agora sobre um desastre total do Exército do autocrata moscovita (sic), como fazer as fronteiras ucranianas regressarem ao padrão de tensão sob controle anterior à invasão e aos ataques ordenados em Moscou?

Foi tão longe a especulação (e o leitor atento perceberá que na verdade são duas especulações). Tão longe, que aparentemente chegou ao mundo da fantasia. Nada será como dantes no quartel de Abrantes!

Se houver um improbabilíssimo “desastre total” do Exército Russo terá sido após uma guerra contra a OTAN, o braço armado do imperialismo. E neste caso, deveria ser desnecessário observar, a fronteira da Ucrânia com a Rússia não voltaria a ter a mesma tensão que tinha antes da tentativa russa de desnazificação do Estado ucraniano, uma vez que com essa hipotética vitória, o imperialismo já teria atingido o seu objetivo original ao fomentar, apoiar e armar o atual estado ucraniano (eivado de neonazismo), o qual é: dominar e subjugar a Rússia (somente quem acredita que não existe o imperialismo poderia acreditar que não é esse o objetivo da expansão da OTAN até as fronteiras com a Rússia).  

7 - Imaginando que o delírio russo de “vim, vi e venci” fosse completado em 48 a 72 horas, como Putin ambicionava, o que seria feito de uma Ucrânia derrotada? 

Antes de mais nada, é fundamental destacar que essa “informação” sobre o número de horas (48, para ser exato) foi dada pelo periódico britânico The Guardian e é, segundo esse mesmo jornal, oriunda de “fontes de defesa britânicas e ucranianas” o que por si só dispensa comentários. 

Quanto à pergunta, Putin sempre deixou claro o que quer da Ucrânia: “o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia, a desmilitarização e desnazificação do Estado ucraniano e a garantia de seu status neutro”. Enfim, as demandas legítimas de autodefesa feitas a muito tempo e ignoradas soberbamente pelo “ocidente” (leia-se EUA + membros da OTAN).

8 - Anexada ao território russo, [a Ucrânia] tornar-se-ia um apêndice no mapa-múndi?

Outra pergunta um tanto quanto capciosa. A teoria de que a Rússia pretende anexar a Ucrânia ao seu território nada mais é do que propaganda anti-Rússia sem qualquer vínculo com os fatos. Putin e o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, foram categóricos ao afirmar que o objetivo não é ocupar a Ucrânia, mas a desmilitarização, a desnazificação e a garantia de neutralidade desse país. 

Claramente, ninguém pode prever o que ocorrerá daqui para frente, mas daí a atribuir à Rússia uma intenção que ela nunca manifestou (pelo contrário!) há uma enorme distância e é um desserviço à informação e conscientização.  

Agora a minha pergunta: o que vocês esperariam que a Rússia fizesse? Propor negociação e acordo para evitar a expansão da OTAN até as suas fronteiras não vale como resposta porque isso ela já faz consistentemente há anos (inclusive continua fazendo nesse exato momento) e a resposta sempre foi mais e mais expansão.  

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