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Ricardo Kotscho

Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.

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Que fim levou? Alguém precisa avisar a oposição que 2020 já começou

"Ao ler o noticiário dos primeiros dias do ano novo, me chamou a atenção que só se fala, bem ou mal, do governo e do seu inacreditável presidente", escreve Ricardo Kotscho, do Jornalistas pela Democracia. "Das duas uma: ou a imprensa só faz cobertura do governo ou a oposição brasileira ficou no ano passado, desapareceu", diz ele

(Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)
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Por Ricardo Kotscho, para o Jornalistas pela Democracia- “Falem mal, mas falem de mim”, já dizia o folclórico governador Adhemar de Barros, que celebrizou o “rouba mas faz”.

Ao ler o noticiário dos primeiros dias do ano novo, me chamou a atenção que só se fala, bem ou mal, do governo e do seu inacreditável presidente.

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De cada 10 títulos sobre política, pelo menos oito tratam só das bolsonarices do dia e do analfabetismo atávico dos seus ministros amestrados.

Cansados de apanhar, sem chiar, os jornalistas correm atrás deles de microfones e gravadores em punho, para ouvir as últimas sandices do poder.

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Será que seria pedir muito que, de vez em quando, nossos bravos repórteres ouvissem alguém da oposição, “o outro lado”, como dizem nas redações?

Das duas uma: ou a imprensa só faz cobertura do governo ou a oposição brasileira ficou no ano passado, desapareceu.

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Ainda o maior líder político do país, Lula era mais notícia quando estava preso do que agora que está livre para falar.

Houve alguma determinação superior (de quem?) para que não se fale mais dele?

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Fala-se mais da não-candidatura de Luciano Huck, um artista-empresário que não tem nem partido. É verdade que o presidente também não tem…

Aliás, na política brasileira só sobraram uns poucos personagens. Não se fala mais em partidos, embora este seja um ano de eleição.

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Podem procurar nos mil programas de entrevistas do rádio e da televisão se aparece algum líder da oposição capaz de contar alguma novidade.

Os rolos, recuos, traições, ameaças, e todo o repertório governamental, que agride diariamente a pobre língua portuguesa, ocupam todo os espaços da cobertura política.

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Já tem muita gente achando que fazem tudo isso de propósito, para desviar a atenção, enquanto saqueiam o país e combatem inimigos imaginários, entregam o pré-sal do petróleo aos gringos, o ouro da Amazônia às mineradoras, e a terra aos grileiros.

Todos os antigos direitos trabalhistas foram sendo destruídos, um a um, assim como a Justiça do Trabalho, e isso não é notícia nem para as centrais sindicais, que se recolheram em obsequioso silêncio, apenas calculando as perdas.

Alguém sabe qual é a bandeira da oposição hoje, qualquer uma que seja?

Qual é o projeto alternativo da esquerda para colocar no lugar do programa de destruição do país implantado pelo atual governo?

Ah, mas a mídia não dá espaço para nós, está tudo dominado. E daí? Melhor então é não fazer nada e se fingir de morto?

A verdade é que não se vê ninguém com alguma coisa nova a dizer.

Se depender da oposição que sobrou, em que as principais lideranças não conseguem se reunir em torno de uma mesa para discutir alternativas e uma ação unitária, diante da tragédia social que se alastra, vamos continuar no mato sem cachorro, caminhando no escuro.

O principal adversário do governo hoje é o próprio governo, que não para de dar tiros no pé e, às vezes, acerta a própria testa.

Você olha em volta e o que encontra é um deserto de homens e de ideias, como alguém já falou, muito tempo atrás.

Em todas as áreas da vida nacional, o que impera é a mediocridade arrogante, a mesmice preguiçosa, a falta de ousadia e criatividade, todo mundo só querendo salvar a própria pele, repetindo velhos discursos.

Parece que todo o país está com prazo de validade vencido, esperando a entrega de nova remessa de dignidade.

Comparem as deprimentes cenas do capitão assistindo ao discurso de Trump na TV (está no Youtube) com o programa Roda Viva desta semana, que entrevistou o neurocientista Sidarta Ribeiro.

De um lado, temos o retrato deprimente da degradação de um país; de outro, a imagem do país que poderíamos ser no futuro, se o nosso futuro não estivesse sendo sistematicamente detonado.

Em breve, só teremos passado _ um passado que insiste em voltar, sem tanques na rua, mas corroendo as instituições por dentro, até acabar com o Estado democrático de Direito.

Quando um desembargador qualquer do Rio de Janeiro de Witzel resolve decretar a volta da censura, e não acontece nada, é porque já fomos longe demais em entregar o poder ao guarda da esquina.

Estão todos só de olho em 2022, sem se importar em como chegaremos lá, se chegarmos.

E ainda faltam três anos.

Vida que segue.

Em tempo: a propósito, o preclaro cartunista Miguel Paiva, meu colega do 247, pergunta também que fim levou a Vaza Jato.

Pelo jeito, vazou do pedaço. Tudo é mistério…

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