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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Referendo contra Bolsonaro

O sociólogo Emir Sader fala sobre o caminho para a esquerda derrotar Bolsonaro: "Temos que provocar as condições em que a disputa política se torne um referendo sobre o Bolsonaro, tendo como objetivo não apenas o Fora Bolsonaro, mas o Ele não."

Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa - PR)
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Por Emir Sader

A diferença entre a eleição anterior de Trump e esta é que na anterior ele era estilingue, nesta é vidraça. Isto é, ele era um livre atirador, que se transformou no centro da campanha, atacando o governo de Obama, so tendo que responder por suas palavras. Agora ele está também no centro da campanha, mas tem que responder, além de suas palavras, pelo seu governo desastrado. A campanha se torna um referendo sobre o governo Trump – centrada principalmente na crise econômica e seus efeitos sociais, e na pandemia. Trump sai perdendo e desta vez está’ quase impossível reverter o resultado desfavorável, segundo todas as pesquisas.

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Essa é a via para derrotar a políticos como Trump e Bolsonaro. A diferença para Bolsonaro na próxima eleição, é que ele vai ter que responder por seu governo. Nao basta as afirmações, nem as  tantas mentiras que ele conta. A situação da pandemia, a crise econômica colocam perna curta nas suas mentiras. A eleição se torna um referendo sobre Trump, não o personagem, mas o governante e sua pretensão de repetir mais quatro anos dele como presidente do país. Caso se confirme a derrota de Trump, se confirma também a via para derrotar esse tipo de político. Confrontar seu discurso com a realidade concreta do seu governo.

No Brasil temos que assumir esse mesmo tipo de estratégia: promover uma espécie de referendo, não sobre o Bolsonaro como personagem, mas dele como governante. Unir a todos os que rejeitam o Bolsonaro, por diferentes razões, colocar seu governo na berlinda. Dissecar todas suas políticas, seus pontos mais fracos. Tanto assim que nas pesquisas ele tem bastante mais apoio do que suas políticas concretas, em geral muito rejeitadas.

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Inevitavelmente Bolsonaro ocupará o centro da cena política, agora e inclusive nas eleições. Seja por ser presidente, seja porque ele é o único grande protagonista da direita, seja pelo seu estilo de gerar notícias. Temos que não ficar apenas discutindo suas palavras, por mais mentirosas que sejam. Mas confrontá-las com sua realidade concreta.

Quando ele subestima a pandemia, evidenciar as vítimas e como a postura do governo fez com que os brasileiros sofram muito mais do que seria necessário. A mesma coisa em relação à subestimação da depressão econômica e dos graves efeitos sociais, antes de tudo nas condições de vida e de trabalho dos brasileiros. Começando por recordar que ainda antes da pandemia, no balanço do primeiro ano do governo, já havia uma profunda recessão, com 12 milhões de desempregados e 38 milhões de pessoas vivendo em condições de precariedade. Portanto que sua política econômica já havia fracassado antes da pandemia.

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Destacar como é um governo para os ricos, evidenciar o enriquecimento dos bancos, a concentração de renda, o empobrecimento da massa da população, como a liberação de armamentos aumentou a violência, as mortes, como a população ficou mais fragilizada diante das milícias, dos traficantes, da violência das próprias polícias. Como a imagem do Brasil no mundo nunca foi tão ruim, como isso tem efeitos negativos também nos seus efeitos econômicos negativos para o país.

Como a imagem das queimadas na Amazônia e no Pantanal, não apenas destrói a riqueza natural do Brasil, como fortalece a imagem negativa de um governo que não cuida do país, da sua flora e da sua fauna, das populações indígenas. Como a imagem dele é a do pior governante no mundo – ficará nessa condição se confirmada a derrota de Trump.

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A esquerda tem que contrapor uma postura de reunificar o país diante das profundas divisões que o Bolsonaro provoca. Temos que provocar as condições em que a disputa política se torne um referendo sobre o Bolsonaro, tendo como objetivo não apenas o Fora Bolsonaro, mas o Ele não. Para que a esquerda apareça como o eixo de uma grande frente anti-Bolsonaro, com um programa que tenha o resgate da democracia, a retomada do crescimento econômico e a geração de emprego como seus eixos fundamentais. Esse o caminho de vitória para a esquerda, para a democracia, para o povo e para o Brasil.

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