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Mailson da Silva Neto

Engenheiro Eletricista, diretor de Relações Sindicais do Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco e coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do CREA-PE.

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Reforma da Previdência: aposentados, pensionistas e beneficiários numa vala comum

A Reforma da Previdência segue com o mesmo discurso utilizado na Reforma Trabalhista para ganhar defensores. Sua consequência é ainda mais grave. Para entender a gravidade de tal reforma, precisamos primeiro ter uma compreensão do que é a previdência

Reforma da Previdência: aposentados, pensionistas e beneficiários numa vala comum (Foto: Antonio Cruz - ABR)
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Com o argumento de trazer mais emprego ao povo brasileiro, a Reforma Trabalhista foi aprovada no Congresso Nacional com grande folga. É grande o retrocesso imposto por esta reforma, no que se refere aos direitos dos trabalhadores. O que observamos é o aumento da taxa de desemprego e a precarização do trabalho. Agora a pauta é a aprovação da Reforma da Previdência que segue na retirada de direitos conquistados.

A Reforma da Previdência segue com o mesmo discurso utilizado na Reforma Trabalhista para ganhar defensores. Sua consequência é ainda mais grave. Para entender a gravidade de tal reforma, precisamos primeiro ter uma compreensão do que é a previdência. Pelo dicionário, “ato de prever”, uma forma de evitar antecipadamente determinadas situações ou transtornos indesejados. No âmbito econômico, precaver. Instituições foram criadas para garantir a sobrevivência financeira do trabalhador quando idosos ou em situações de invalidez.

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A proposta do governo para a previdência representa uma série de dificuldades, colocando o trabalhador distante de alcançar sua segurança financeira futura. Além de aumentar a idade mínima para aposentadoria, os empresários deixarão de pagar a sua contrapartida, o que onera mais o trabalhador e livra o patrão de mais uma obrigação. Hoje, o empregado contribui com até 11% de sua remuneração com o INSS e os empresários contribuem com cerca de 20%.

Outra questão é a quebra do princípio do mutualismo, no qual os trabalhadores ativos contribuem para manter as aposentadorias dos inativos, ou seja, uma completa mudança na essência da previdência brasileira, quebrando o seu propósito da natureza social. O fim da colaboração, para um modelo individual. A partir da aprovação da reforma, o trabalhador receberá exatamente o que “investiu”, seguindo as regras de um regime de capitalização, semelhante a previdência privada.

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Se aprovada, no médio e longo prazo, os trabalhadores não terão condições de se aposentar com dignidade e muitos morrerão antes disso. O exemplo mais marcante dessa discussão é o caso das aposentadorias no Chile. A previdência neste país mudou para o regime de capitalização nos anos 80, ainda na ditadura do general Pinochet, como consequência a população chilena tem baixos valores pagos pelas aposentadorias, entre 40 e 70% do salário mínimo, além do alto índice de suicídios entre os idosos, o que coloca o Chile na primeira posição em número de suicídios, para essa faixa etária, na América Latina.

Na proposta apresentada pelo governo atual, o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago para idosos pobres, será reduzido de um salário mínimo para apenas R$400,00, a partir dos 60 anos. O que pode ser feito com uma aposentadoria de R$ 400,00? Em uma análise superficial, podemos definir assim: R$ 100,00 de conta de luz, R$ 80,00 de água, R$ 70,00 para vinte passagens de ônibus, R$65,00 em um botijão de gás. A sobra de R$ 85,00 fica para pão e outros itens alimentícios de primeira necessidade. Carne, nem pensar! Ficar doente, muito menos, porque não terá dinheiro pra comprar remédios. Lazer, cultura, visitar um parente distante? Nada disso será viável.

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Após contribuírem por toda vida com a geração de riqueza e engrandecimento da nação brasileira, será essa a realidade de grande parte dos trabalhadores brasileiros. Em sua maioria, moradores das regiões mais pobres do país, como o Nordeste.

De acordo com o Ministério da Economia, o governo pretende economizar cerca de R$ 1 trilhão de reais em 10 anos com a reforma, mas a que custo social e humano?

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É notório que a política proposta por esse governo, em diversos setores, pretende beneficiar uma pequena parcela da população, em detrimento dos mais pobres e do trabalhador. Um exemplo é a PEC do congelamento dos gastos públicos primários, aprovada em 2017, que não visa economizar com o pagamento dos juros e amortização da dívida. Fica claro, então, que quem mais se beneficiará com tal economia será, apenas, o mercado financeiro.

O maior gasto do governo, aproximadamente 45% do orçamento público, se concentra no pagamento da rolagem da dívida, o que faz com que se pague o equivalente a dois Produtos Internos Brutos Brasileiros a cada década. Esses gastos representam mais de 125 anos de investimentos em educação do país, ou mais de 416 anos com o Bolsa Família.

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Sendo assim, o que se pode esperar dessa reforma não será outra coisa, senão, enterrar, ainda com vida, aposentados, pensionistas e beneficiários numa vala comum.

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