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Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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Renan emerge no papel de mediador da crise

Em novo artigo, colunista do 247 Tereza Cruvinel destaca ações desta semana do presidente do Senado, como a apresentação de "um elenco de quase 30 propostas em busca do crescimento" do País e suas declarações contra o impeachment; jornalista compara Renan Calheiros com o presidente da Câmara: "A diferença está no DNA político de cada um. Cunha é produto de uma cultura política recente (que não pode ser chamada de nova política), em que os atores são movidos pela ambição, o pragmatismo, as conexões econômicas e a capacidade de agregar aliados mais por cumplicidade do que por afinidade ideológica. Já Renan é oriundo da velha política", movida sempre pela "política como construção de caminhos para o País"; segundo ela, "este DNA ajudou a moldar o papel que Renan vem assumindo na crise"

Em novo artigo, colunista do 247 Tereza Cruvinel destaca ações desta semana do presidente do Senado, como a apresentação de "um elenco de quase 30 propostas em busca do crescimento" do País e suas declarações contra o impeachment; jornalista compara Renan Calheiros com o presidente da Câmara: "A diferença está no DNA político de cada um. Cunha é produto de uma cultura política recente (que não pode ser chamada de nova política), em que os atores são movidos pela ambição, o pragmatismo, as conexões econômicas e a capacidade de agregar aliados mais por cumplicidade do que por afinidade ideológica. Já Renan é oriundo da velha política", movida sempre pela "política como construção de caminhos para o País"; segundo ela, "este DNA ajudou a moldar o papel que Renan vem assumindo na crise" (Foto: Tereza Cruvinel)
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Renan Calheiros é portador de uma reconhecida capacidade de superar as adversidades que já o levaram aos infernos da política, de lá emergindo para novamente vencer e brilhar. Praticamente rompido com o governo desde que o procurador-geral Janot o incluiu na lista de políticos investigados no âmbito da Lava Jato, ele aceitou a reaproximação buscada pelo governo Dilma mas não como áulico ou adesista. Reservou-se o papel de líder político independente porém pautado pelo interesse nacional e empenhado em construir saídas para a crise.  É neste papel que está emergindo agora.

Ao longo das conversas pela reconciliação, o senador petista Jorge Viana não deixava de repetir: “Renan, o papel de incendiário geral da República já está ocupado pelo Eduardo Cunha. Seu lugar é o de mediador na busca de soluções”.

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Renan e Cunha jogaram fechados algumas vezes, em outras divergiram. Nos últimos tempos as divergências aumentaram, aflorando em temas como o projeto de terceirização de mão-de-obra e a reforma política. Mas pesou, sobretudo, a diferenciação apontada por Viana. E a diferença está no DNA político de cada um. Cunha é produto de uma cultura política recente (que não pode ser chamada de nova política), em que os atores são movidos pela ambição, o pragmatismo, as conexões econômicas e a capacidade de agregar aliados mais por cumplicidade do que por afinidade ideológica. Já Renan é oriundo da velha política, assim chamada por sua anterioridade, não por seus defeitos ou qualidades. Dela existem hoje poucos sobreviventes e o decano é o ex-presidente José Sarney. Fisiologismo, clientelismo e outras práticas vicejaram nesta escola mas o que a moveu, sempre, foi a política como construção de caminhos para o país. Com erros ou acertos. Este DNA ajudou a moldar o papel que Renan vem assumindo na crise.

Tal papel adquiriu maior evidência e formalismo com a apresentação, nesta segunda-feira, da Agenda Brasil, um elenco de quase 30 propostas em busca do crescimento, para além do ajuste fiscal, discutida com o ministro da Fazenda Joaquim Levy e já previamente apresentada a Dilma Rousseff na quinta-feira passada, quando ela lhe deu o sinal verde para ir em frente nas tratativas com o Senado e com a área econômica.

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Cercado de bombeiros

Renan preside o Senado pela quarta vez, tendo se elegido em 2005, 2007, 2013 e 2015. Nos intervalos, enfrentou várias crises mas o círculo profundo do inferno a que chegou foi o de 2007, quando renunciou à presidência do Senado para não ser deposto e cassado sob um mar de acusações e até sob a pressão das ruas. Em 2003, com a posse de Lula, tornou-se o principal aliado do ex-presidente e do PT no Senado, e deles recebeu apoio e solidariedade quando estourou o “Renagate”, quatro anos depois. A boa relação começou a deteriorar-se no governo Dilma, azedou-se quando ela sacrificou um aliado seu no ministério para acomodar um indicado de Cunha e deteriorou-se completamente a partir da inclusão de Renan na lista dos 50 políticos sobre os quais Janot pediu mais investigações ao STF. Como todos se lembram, Renan suspeitou de uma pouco provável articulação do governo com o procurador-geral para enfraquecê-lo. Ele passou a fustigar o Planalto com derrotas pontuais, devolveu uma MP, derrubou vetos, recusou um convite de Dilma para jantar e tudo o mais de que todos se lembram. Sua inflexão começou com a aprovação do nome de Luiz Fachin para o STF, contra o qual havia trabalhado.

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A seu lado, o tempo todo, houve um batalhão de bombeiros e conciliadores. Do lado petista, atuavam o vice-presidente do Senado Jorge Viana, o líder do governo Delcídio Amaral, o líder petista Humberto Costa, entre outros. Do lado do PMDB, era aconselhado principalmente por Sarney a não esticar tanto a corda. Lula também fez sua parte, indo tomar café com ele e outros senadores peemedebistas, enquanto aconselhava Dilma a buscar a aproximação. Ela fez alguns gestos, buscou conversa e estimulou a interlocução do ministro da Fazenda com Renan e os senadores na discussão do ajuste fiscal e do pacto federativo. Embora crítico do ajuste, Renan encontrou no diálogo com Levy uma forma de dialogar com o governo sem parecer que se curvava à presidente. Vem dando certo.

Na quinta-feira, ele e Dilma tiveram a melhor e mais objetiva conversa do período. Ela concordou com a apresentação de uma agenda de medidas pós-ajuste pelo Senado, a ser discutida com Levy. Foi o que fizeram nesta segunda-feira e continuarão fazendo amanhã. Mas isso não pode ser uma encenação. Ainda que o Congresso não aprove todos os pontos, tal agenda tem que dar em alguma coisa.

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O cenário se move

Também na segunda-feira Renan deu sua mais forte declaração contra o impeachment da presidente Dilma, afirmando que isso representaria “colocar fogo no país”. Como já apontou o 247, a declaração de Renan, juntamente com a do governador tucano Alckmin e o reposicionamento das Organizações Globo reduziram bastante o oxigênio da tese do impeachment.

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Na vida parlamentar real, Renan fará dois outros movimentos “construtivos”. Esta semana, depois de muito segurar, colocará em votação o projeto que reonera a folha de pagamento das empresas. E já garantiu tramitação veloz à apreciação do nome de Janot para o segundo mandato na PGR.

Jantando com os senadores aliados – sem a presença de Renan, que se coloca “acima” desta condição – Dilma pediu que o Senado atue como poder moderador, segurando as pautas-bomba. Eles foram receptivos, o combinado a nova boa vontade do chefe da casa, pode dar bons resultados, embora siga forte a cobrança por uma reforma do governo.

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Dilma está longe ainda de respirar aliviada pois Eduardo Cunha continua comandando a trincheira da Câmara e agora a parte aecista do PSDB juntou-se aos movimentos que convocam os protestos do dia 16. Mas a semana promete ser melhor que a infernal semana passada, mesmo terminando em protestos.

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