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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Repitam Gilmar Mendes: não haverá golpe

Para o jornalista Moisés Mendes, o que Gilmar Mendes diz de forma não explícita "é que Bolsonaro não tem liderança para segurar um golpe"

Ministro do STF Gilmar Mendes, Jair Bolsonaro e a urna eletrônica (Foto: Agencia Brasil)
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Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

O Brasil dos videntes deveria ser menos pessimista e dizer o que Gilmar Mendes afirmou em entrevista à Daniela Pinheiro, do UOL. Não haverá golpe, porque não há como Bolsonaro aplicar e manter um golpe. Parem de dizer que seremos golpeados.

Mendes vai além das abordagens que há pelo menos dois anos anunciam o golpe para amanhã. O ministro despreza a exacerbação do sentimento fatalista e acaba dizendo o que salta das entrelinhas: não tentem o golpe.

Mas o melhor da entrevista é mesmo o recado, também subentendido mas mesmo assim ostensivo, para que parem de repetir que haverá golpe.

E que substituam este eu-estou-avisando por ações que ofereçam suporte ao Supremo. O STF precisa de lastro político e social para resistir e vencer o fascismo.

É cômoda a posição de boa parte da esquerda, segundo a qual o Supremo deve ser confrontado com a própria inércia diante do lavajatismo, do golpe de 2016 e da ascensão do bolsonarismo.

O que as esquerdas precisam lembrar para serem menos derrotistas é que o último grande golpe na América Latina, por seu impacto direto na região e pela repercussão mundial, aconteceu em 1976 na Argentina.

Golpes ou tentativas de golpe posteriores no Peru, no Paraguai, no Equador, na Venezuela e na Bolívia não tiveram relevância no contexto da região.

Foram movimentos que não afirmaram situações nem lideranças golpistas duradouras. Só a Argentina teve três tentativas de golpe, nos anos 80, sem que alguém se lembre hoje dos nomes dos golpistas.

Fracassos mais recentes envolveram o golpismo brancaleone de Juan Guaidó, na Venezuela, há três anos, mas sem protagonismo militar, e o golpe contra Evo Morales, também em 2019, na Bolívia, como fiasco histórico dos generais.

Um fiasco tão grande que, um ano depois do golpe, o Movimento ao Socialismo voltou ao poder, em eleições, e os chefes militares, levados ao golpe pelas polícias amotinadas, foram encarcerados.
Todos são vistos hoje na Bolívia menos como golpistas e mais como covardes.

Se os militares não são personagens de conspirações com alguma importância há muito tempo na região, o tenente Bolsonaro seria uma exceção capaz de mobilizar generais para que façam o que a extrema direita não consegue desde 1976?

O ministro Luis Roberto Barroso disse neste domingo em evento de uma universidade alemã, que, apesar de as Forças Armadas estarem sendo “orientadas” a atacar as eleições e a democracia, ele não acredita no êxito dessa orientação.

O que nem Mendes nem Barroso dizem de forma explícita, para não serem ofensivos com o sujeito no poder – mas deixam subentendido –, é que Bolsonaro não tem liderança para segurar um golpe.

O elemento pode anunciar que está golpeando, pode dizer que o golpe está em curso e sob controle, mas não terá como mantê-lo, com seus desdobramentos imprevisíveis.

As duas declarações, de Mendes e Barroso, tratam de racionalidade e de sentimentos. São manifestações de duas autoridades de peso de dentro da estrutura atacada por Bolsonaro.

O sentimento deles é o que deve prevalecer hoje: o golpe pode estar sendo preparado, mas não vai prosperar, mesmo que seja acionado.

O golpe só terá êxito se o país se dobrar ao delírio miliciano. Nos episódios mais recentes, venezuelanos e bolivianos não se dobraram.

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