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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Requião recusa sinecura em nome de sua trajetória

Jornalista Denise Assis escreve sobre a recusa do ex-senador Roberto Requião ao cargo oferecido a ele pelo PT

Roberto Requião (Foto: Reprodução)
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Por Denise Assis, para o 247 

Nas eleições majoritárias o PT apostou na trajetória de dignidade e respeito de Roberto Requião para disputar o governo do Paraná. Recém-saído do MDB, partido que ajudou a fundar e ao qual pertenceu por mais de 50 anos, Requião havia se filiado há pouco ao Partido dos Trabalhadores, saudado pela direção, que logo viu nele o nome para enfrentar o reacionarismo local e a máquina do governador Ratinho Junior (PSD).

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Sem dinheiro, armado apenas da sua disposição de ajudar o partido a eleger o presidente Lula, o ex-governador Requião (81 anos) botou na estrada a sua velha camioneta Toyota e amassou barro, enfrentou o inverno nada amigável do seu estado e se propôs a dizer para o eleitorado que havia uma opção do PT disposta a encarar o “Golias” da ultradireita, que ironicamente atende pelo nome de Ratinho.

Roberto Requião disputou - pela quarta vez - o Palácio Iguaçu. Fora dos cargos eletivos havia quatro anos, perdeu as duas últimas disputas. Em 2014 foi derrotado por Beto Richa na votação para governador e, em 2018, não conseguiu se reeleger como senador. Para tentar voltar a conquistar os votos dos paranaenses, ele que era o filiado número 1 do MDB no seu estado, foi às urnas sob a legenda, do Partido dos Trabalhadores.

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Foi o primeiro governador eleito por três vezes no Paraná. Antes dele, apenas Manoel Ribas havia administrado o estado em três períodos. A diferença, porém, é que em duas dessas oportunidades, Ribas governou como interventor, por determinação do governo federal. Quanto a Requião, sempre esteve do lado certo da história. Ainda quando Michel, presidente do seu partido, resolveu golpear Dilma Rousseff, permaneceu fiel aos seus princípios democráticos. Foi um dos mais bravos defensores dos votos do povo brasileiro, que havia colocado Dilma no cargo.

Durante a campanha, de vez em quando, em off, revelava o seu ceticismo quanto à vitória. Sabia que as chances eram mínimas, num estado que detém hoje o maior número de células nazistas do país, (de acordo com a antropóloga Adriana Dias, estudiosa do tema). Mas quem o viu no alto do palanque ladeado por Lula e Gleisi Hoffmann, via em Requião entusiasmo e convicção, em busca de votos.  

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Passada a eleição, em que obteve, tal como imaginava 26,2% ante 69,6% de Ratinho, recolheu-se. Compareceu à posse no dia 1º, convidado que foi para a festa, mas não agendou conversas ou solicitou cargos. Na mídia, o que se comentava é que talvez ele fosse chamado para dirigir empresa Itaipu Binacional. Ontem, ouviu de Gleisi Hoffmann, presidente do PT o convite. Não para presidir a empresa, (como se apostava), mas para o que classificou de “doce sinecura”. Fazer parte do Conselho Administrativo da companhia, frequentando de 60 em 60 dias a reunião, mediante um salário de algo em trono de R$ 27 mil.  

Todos que o conhecem, podem imaginar a sua resposta: “$*+*&^*#@&**”. Declinou, conforme publicado na coluna da jornalista Monica Bergamo, na Folha. "Não achei graça nisso. Uma sinecura dourada não é o objetivo de uma vida inteira de dedicação ao interesse público", declarou à coluna. "O que eu iria fazer com o compliance de Itaipu, me reunindo de 60 em 60 dias com 12 pessoas? Não tinha o que fazer lá", encerrando o assunto com o seguinte comentário:  "Eu acho que seria menos desrespeitoso não terem me oferecido nada".

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