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Paulo Moreira Leite

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"Saio com a certeza de que vamos voltar a governar este país"

Lula volta às origens, reúne as principais lideranças da classe trabalhadora e comanda o ato inaugural da campanha, escreve Paulo Moreira Leite

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento com Geraldo Alckmin e sindicalistas (Foto: Divulgação)
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"Nunca tivemos uma campanha em que todas as centrais estiveram juntas para apoiar um candidato a presidente da República," disse Lula, sob palmas dos presentes que lotavam a Casa de Portugal, no bairro popular da Liberdade, em São Paulo, tradicional ponto de encontro para manifestações de trabalhadores nas últimas décadas.

(Na verdade, entre oito centrais sindicais em atividade no país, uma delas, vinculada a Ciro Gomes, não se fez representar oficialmente na Casa de Portugal).

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Por razões fáceis de compreender, o ato definiu uma nova etapa numa campanha presidencial onde será indispensável unir forças capazes de derrubar um retrocesso histórico que a maioria da sociedade brasileira rejeita. "Temos a obrigação, todos os dias, de discutir a questão das eleições," disse Lula, nos momentos finais de seu discurso.

Num ambiente onde a presença das lideranças de  trabalhadoras e trabalhadores era clara e acentuada, o recém-chegado Geraldo Alckmin fez um discurso no tom de quem reconhecia ter percorrido caminhos diferentes e até opostos ao longo da história política do país. Em função de uma grande presença de professores e funcionários públicos, os organizadores até temiam manifestações de hostilidade e vaias esparsas, mas elas não ocorreram.

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Dirigindo-se a uma plateia que tantas vezes se mobilizou em terreno político oposto, Alckmin homenageou, em tom respeitoso, "a luta de vocês". Sem esconder tensão na voz, definiu Lula  como o "maior líder popular deste país".

Num discurso destinado a se tornar referência na campanha, Lula fez um pronunciamento onde reassume as funções de líder político que desempenha há décadas -- define a situação presente, aponta os riscos mais graves e define as tarefas do momento.

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"Toda vez que aparece um governo progressista também aparece um golpe", disse, referindo-se ao Equador de Rafael Corrêa, a Bolívia de Evo Morales, à Argentina de Cristina Kirschner e, sem mencionar, ao Brasil de Dilma Rousseff. "O Brasil está desrespeitando o que nós mesmos escrevemos na Constituição", disse

Lula fez várias referências diretas à ditadura militar de 1964, sem deixar de apontar diferenças e responsabilidades. Lembrou uma conversa educada que manteve com general Dilermando Monteiro (1913-1984), chamado por Ernesto Geisel para a assumir o II Exército no lugar de Ednardo Mello, que chefiava o DOI-CODI paulista na tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho.

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Ao recordar as greves do ABC que o colocaram no centro da cena política pelas décadas seguintes, Lula recordou o papel da linha-dura militar, fonte de inspiração de Jair Bolsonaro e seu círculo.

Mencionou o general Milton Tavares (1917-1981), que, antes de assumir o comando em São Paulo, deixou um rastro de violência no combate à guerrilha do Araguaia. No discurso, Lula lembrou que o general, conhecido pelo apelido "Caveirinha", mandou helicópteros com metralhadoras expostas para sobrevoar as assembléias metalúrgicas no Estádio Vila Euclides, em São Bernardo  -- onde eram recebidos por operários que cantavam o hino nacional e agitavam a bandeira nacional, em cenas que brasileiros e brasileiras mais velhos, presentes ao local, jamais esquecerão.

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Quatro décadas depois, quando a classe dominante brasileira procura derrotar os sindicatos pelo estrangulamento financeiro programado na reforma trabalhista de Michel Temer, Lula recordou sua oposição ao imposto sindical -- mas defendeu a "autonomia financeira dos sindicatos".

Ele também condenou a reforma trabalhista, explicando que "não queremos voltar a 1943", ano em que Vargas sancionou a CLT, mas fazer uma "legislação de acordo com 2023".

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Num país onde o desemprego envolve 12,4 milhões de pessoas, e a renda do trabalho não para de cair, atingindo o patamar mais baixo desde 2012, Lula afirmou que a "geração de emprego deve ser uma obsessao".

"Deve ser uma coisa sagrada," reforçou.

Naquela que foi a mensagem final de seu discurso, Lula disse: "Saio com a certeza de que vamos voltar a governar este país".

O recado é este. Deve-se esperar uma campanha dura e até difícil. Mas há lugar para otimismo.

Alguma dúvida?

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