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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Se Bolsonaro gostou é porque foi golpe militar

"As Forças Armadas da Bolívia estão dando um péssimo exemplo para a América Latina e o mundo. Descumprem seu compromisso constitucional de obedecer ao poder civil que comanda o país", diz Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

(Foto: Reuters/Luisa Gonzalez)
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia - A renúncia de Evo Morales e de seu vice – sob pressão militar evidente -  não pôs fim à violência na Bolívia, apenas a exacerbou, apesar dos esforços de Morales de uma transição pacífica.

O ato de renúncia deve ser aprovado ou rejeitado pelo Congresso nas próximas horas. Em condições normais, enquanto essa votação não ocorre o presidente que renunciou continua no poder, o que evita o vácuo.

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Mas não é o que ocorre. O paradeiro de Morales é desconhecido, desde que, ontem, um militar graduado comunicou ao vivo na TV, em altos brados, num aeroporto do interior do país, horas depois da renúncia, que estava ali para cumprir uma ordem de prisão contra Morales recebida de um general. Depois a ordem foi desmentida. O México ofereceu asilo político. Não se sabe se ele aceitou ou não.

Até a votação da renúncia, quem dá as cartas no país são os militares. É aí que mora o perigo. Se a renúncia não for aprovada, o impasse vai aumentar. Se for, o Congresso vai indicar o presidente ou a presidente provisória do país, que governará por 90 dias, até a data das novas eleições. Se os militares deixarem. As de 20 de outubro serão anuladas.

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As Forças Armadas da Bolívia estão dando um péssimo exemplo para a América Latina e o mundo. Descumprem seu compromisso constitucional de obedecer ao poder civil que comanda o país. Embora não tenham assumido, por enquanto, em lugar do presidente constitucional que derrubaram, elas foram as responsáveis pela sua renúncia e pela incerteza que tomou conta do país desde ontem.

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Tomara que o mau exemplo não contagie militares de países vizinhos.

Desde o início dos protestos contra a vitória de Evo Morales no primeiro turno, a 20 de outubro, as Forças Armadas não se dispuseram a alinhar-se a ele, que era o seu dever constitucional e nem reprimir as barbaridades cometidas pelos aliados do candidato perdedor, Carlos Mesa que, por não se conformar com a derrota atiçou seus simpatizantes para praticarem atos de vandalismo contra militantes do lado vencedor, de incêndios de casas a estupros e sequestros.

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 Para piorar a situação apareceu e ganhou holofotes um golpista estúpido e histérico que é uma espécie de cruzamento de Antônio Conselheiro com Cabo Daciolo, chamado Camacho, que comanda o bloqueio de estradas com um rosário na mão e um crucifixo na outra e demoniza Morales.

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As Forças Armadas permitiram o avanço do caos, renunciando a seu dever de proteger os cidadãos bolivianos contra o caos. Não podem ficar impunes. Golpes contra a democracia são condenados em fóruns e acordos internacionais dos quais o país é signatário.

Agora há pouco, durante a ameaça de um conflito entre dezenas de apoiadores de Evo e de Mesa, na Zona Sul de La Paz, os policiais ficaram claramente ao lado dos “mesistas” e atacaram com bombas de gás lacrimogêneo os aliados de Morales.

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Há fartos exemplos de que governos tampão costumam ser fracos e estão sujeitos a toda sorte de intempéries, principalmente em países onde os militares não respeitam a constituição.

E uma última observação: a prova inequívoca de que foi golpe militar é que Bolsonaro gostou.

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