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Marco Mondaini

Historiador e Professor da Universidade Federal de Pernambuco. Coordena e apresenta o programa Trilhas da Democracia, exibido aos domingos na TV 247.

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“Se descer, vai apanhar de novo”: a dialógica de Olavo de Carvalho

Olavo de Carvalho (Foto: © REUTERS/Joshua Roberts/Direitos Reservados)
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Por Marco Mondaini

Lá se vão mais de vinte anos do dia em que na capa do Segundo Caderno de O Globo li uma entrevista com Olavo de Carvalho, que se encerrava com o anúncio de que filósofo e astrólogo nascido em Campinas, no ano de 1947, passaria a fazer parte da equipe de articulistas do jornal carioca, com textos semanais.

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Durante algum tempo, a leitura dos artigos da sua coluna faziam-me dar gargalhadas em função da ideia defendida seriamente por ele de que o Brasil se encontrava dominado por comunistas, a começar pelo espaço acadêmico-universitário e o conjunto de intelectuais orgânicos que, sob inspiração gramsciana, lavavam os cérebros da juventude.

Nesse período, tomei conhecimento de que os intelectuais gramscianos que se encontravam à frente do site Gramsci e o Brasil (Carlos Nelson Coutinho, Marco Aurélio Nogueira e Luiz Sérgio Henriques) haviam se recusado a publicar textos encaminhados por Olavo de Carvalho, o que acabou gerando uma reação amena da sua parte, com uma carta na qual chamava o grupo de “gramscianos enfezadinhos”.

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Parei de achar graça nos artigos do recém-falecido ideólogo do bolsonarismo quando, em 6 de janeiro de 2001, em um texto intitulado “Tortura e terrorismo” – nas páginas de O Globo, nunca esqueçamos disso – este procurou relativizar o caráter hediondo da prática da tortura fazendo uma comparação esdrúxula com o terrorismo:

Terrorismo e tortura, enfim, não estão no mesmo plano: aquele é hediondo em si, esta depende de graus e circunstâncias. E, quanto ao dano infligido, o da tortura quase sempre pode ser reparado, física e moralmente. Mas que reparação oferecer à vítima que teve o corpo feito em mil pedaços pela explosão de uma bomba?”

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 Seguiu-se à publicação do artigo acima citado, uma forte reação da parte do ex-deputado cassado e, também, colunista de O Globo, Márcio Moreira Alves, da fundadora do Movimento Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, e de Frei Betto (a quem ele se referia como “o tal de Betto”) rebatidos progressivamente com crescente ira por parte do homem famoso por fazer uso de xingamentos nas suas intervenções.

Ao observar o nível a que chegavam as réplicas de Olavo de Carvalho, Márcio Moreira Alves opta por encerrar o debate em nome da civilidade e respeito aos leitores. Da sua parte, o futuro líder intelectual da extrema-direita brasileira despede-se da polêmica dando uma demonstração explícita do seu particularíssimo método dialógico:

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PS – Após acusar-me de um crime que não cometi e mostrar-se indignado de que eu tivesse o desplante de achar ruim, o sr. Marcio Moreira Alves anuncia agora que vai abandonar o ringue para não se rebaixar ao nível da minha pessoa. Sapientíssima decisão. Ele que fique lá em cima, no seu ‘grand monde’ de comunistas chiques, e não desça mais ao humilde portãozinho que, em paz com Deus, habito. Se descer, vai apanhar de novo.”

Vade retro!

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