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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Se não há clima para impeachment com covid-19, também não há para golpe

"Não dá para cravar que essa mudança de discurso tenha sido causada por uma conversa com os generais do Planalto, mas é o que parece", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, sobre a fala de Bolsonaro nesta segunda-feira na saída do Alvorada

Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia - Depois de ter comandado, ontem, na porta do Quartel General do Exército, em Brasília, o que parecia ser o início de uma insurreição pela volta da ditadura no Brasil, Bolsonaro surgiu, agora há pouco, na saída do Palácio da Alvorada com um novo discurso, em que se transforma em vítima da imprensa e se vende como um paladino da democracia, injustiçado e incompreendido.

Estava, sem dúvida, bastante irritado com a repercussão dos acontecimentos e com a possibilidade de um impeachment bater à sua porta em razão do que fez.

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“Onde estou errando”? perguntou-se a certa altura do monólogo, o que soou como o script da madrasta da Branca de Neve:

“Espelho, espelho meu/ há alguém nessa terra/ mais injustiçado do que eu”?

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Descarregou todas as baterias contra a “Folha”, “Estadão” e “O Globo” só porque contaram de forma precisa sua participação no ato, que chamaram de pró-golpe. “Combinaram a manchete” reclamou.

“Eu já sou presidente, pra que vou dar golpe”? protestou, indignado, como quem não quer nada, mas todo mundo que conhece a história do Brasil sabe que Getúlio Vargas era presidente quando deu o golpe do Estado Novo, em 1937, situação que o vice Hamilton Mourão já chamou de “autogolpe” e que consiste no fechamento do Congresso, fim dos partidos e todo o poder ao presidente.

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Não respondeu a perguntas, só ele falou, ansioso para desfazer a péssima impressão de ontem.

Mas logo depois de dizer que nunca fez nada contra a imprensa e defende a liberdade de expressão não respondeu, com a grosseria habitual, à pergunta de um repórter:

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“Não quero responder pra Folha”! gritou.

“Não quero papo com O Globo. O Globo nem devia estar aqui”.

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Outra frase marcante foi:

“Eu não falei nada contra outro Poder”.

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E ainda teve o desplante de sair com essa:

“Eu sou a constituição”.

Por duas vezes falou bem do Congresso e do Supremo, disse que os quer abertos e que os respeita.

E defendeu com mais ênfase o fim da quarentena:

“Espero que seja a última semana”.

“De qualquer maneira 70% vai ser contaminado”.

“A geladeira do povo está vazia”.

Não dá para cravar que essa mudança de discurso tenha sido causada por uma conversa com os generais do Planalto, mas é o que parece.

Se não há clima para impeachment em meio ao covid-19, também não há clima para golpe, devem ter lhe dito.

Resta saber até quando o lobo vai usar a pele de cordeiro. 

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