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Mauro Nadvorny

Mauro Nadvorny, é Perito em Veracidade e administrador do grupo Resistência Democrática Judaica". Seu site: www.mauronadvorny.com.br

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Ser Judeu é Preciso

Não lembro em minha existência de um protagonismo político judaico no Brasil como nestes tempos recentes. Sem dúvida, estas eleições mexeram muito com a comunidade judaica brasileira e parece que o Brasil também ficou sabendo que existem judeus brasileiros

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Não lembro em minha existência de um protagonismo político judaico no Brasil como nestes tempos recentes. Sem dúvida, estas eleições mexeram muito com a comunidade judaica brasileira e parece que o Brasil também ficou sabendo que existem judeus brasileiros.

Nossa existência nestas terras remontam a colonização do Brasil após a sua descoberta. Já chegamos a ser uma comunidade com cerca de 150.000 pessoas, nos acomodamos bem entre as demais comunidades de emigrantes e nos integramos na vida diária.

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A comunidade judaica sempre foi muito organizada. No mundo inteiro sempre foi assim e aqui não poderia ser diferente. Sinagogas, escolas, clubes sociais e esportivos, clubes de cultura, associações femininas, e movimentos juvenis são exemplos da vida comunitária presente no Brasil.

O Mito de que judeus só casavam com judeus não se sustentou, a comunidade diminui ano a ano, principalmente devido aos casamentos mistos e abandono da tradição judaica. O mesmo com relação as posições políticas. Os judeus sempre estiveram presentes na esquerda e na direita se afiliando aos diversos partidos políticos que o país já teve.

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A comunidade judaica nunca foi monolítica. Com representações a nível estadual e uma representação nacional, os judeus brasileiros são bastante distintos entre si. Não é apenas a origem ocidental (Ashkenazi), ou oriental (Sefaradi), temos visões políticas bastante diversificadas. 

O judaísmo é essencialmente humanista. Nossos profetas apontaram para uma existência de respeito ao próximo e de convivência pacífica entre os povos. Se retirarmos a questão divina da equação ficamos com o que mais tarde ficou conhecido como os Direitos Humanos.

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Nossa saga histórica é de inúmeras provações, a maior delas e a mais conhecida foi o Holocausto. Um regime político de extrema direita tomou o poder na Alemanha, conduziu o país para a Segunda Guerra Mundial e determinou a aniquilação do povo judeu. Foi uma indústria da morte onde 6 milhões perderam a vida assassinados, entre eles 1,5 milhão de crianças.

Muitos judeus se destacaram na história em todos os ramos do conhecimento. Muito do desenvolvimento humano que alcançamos até os dias de hoje se deve a contribuições judaicas. Não fossem estas contribuições, este artigo, por exemplo, ainda estaria sendo lido em jornais de papel.

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O grande divisor de águas na nossa história recente foi a criação do Estado de Israel e suas consequências para nós como judeus, o povo árabe-palestino e o mundo em geral. Ao contrário do que se pensa, a busca por um lar judaico é muito anterior a segunda guerra e o Holocausto foi mais uma razão para esta determinação histórica de retornar para a terra de onde fomos dispersados pelo mundo.

Israel foi construída com base em uma sociedade socialista. As fazendas coletivas chamadas de Kibutz, foram um exemplo de socialismo prático e nenhum outro país conseguiu criar algo parecido. Os sindicatos, a medicina universal e a vida nas cidades foram conceitualmente e na prática visões socialistas. Israel nasceu e se desenvolveu em seus primeiros anos de vida como um estado socialista.

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As coisas mudaram a partir de 1977 com a subida ao poder do bloco de direita e continuam assim deste então. O alinhamento com regimes de direita, e especialmente com os Estados Unidos numa simbiose extremamente prejudicial se mantém inalterado até os dias de hoje. É com este governo de Israel que Bolsonaro tenta se aliar.

O mundo evangélico pentecostal vê em Israel e nos símbolos judaicos o que os católicos veem no Vaticano e no Papa. Para eles, Jesus Cristo só voltará a Terra quando todos os judeus tiverem retornado para Israel e o aceito como Messias. Com esta pregação, eles arregimentam milhões de fieis dispostos a seguirem os mandamentos de seus líderes e se dispõe a ajudarem nesta missão. Assim se apropriam de nossa indumentária religiosa e nacional conduzindo a bandeira de Israel em todas as suas cerimônias e manifestações, sejam religiosas ou políticas.

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Claro que esta apropriação não é bem recebida, principalmente pelos judeus progressistas. Durante o período das últimas eleições, um grupo denominado de “Judeus Contra Bolsonaro” foi formado no Facebook e em poucos dias chegou a quase 8.000 membros. Nele estavam presentes judeus de todo o espectro político que tinham em comum o fato de não desejarem Bolsonaro como presidente. Estivemos presentes na luta pelo “Ele Não” no dia a dia de todo processo eleitoral.

Passadas as eleições o grupo mudou de nome e hoje se chama ‘Resistência Democrática Judaica’ com pouco mais de 6.000 membros. Nasceram a seguir outros grupos em outras mídias como os “Judeus pela Democracia” em São Paulo e no Rio de Janeiro. Mais recentemente foi formado o “Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil”. Nunca antes na história judaica brasileira surgiram em tão pouco tempo grupos judaicos de oposição política a um governo recém-eleito.

A mensagem destes grupos tem em comum principalmente a luta por um Brasil democrático e o respeito pela dignidade humana. São grupos de judeus progressistas que concentram aquilo que de mais precioso existe no judaísmo, nosso sentimento de humanidade e solidariedade com o próximo. Nossas causas passam, entre outras, pela condenação do golpe que destituiu uma presidente eleita, pela prisão política de um ex-presidente que permitiu a eleição de Bolsonaro, pelos retrocessos dos direitos históricos dos trabalhadores, pelo respeito a diversidade humana, pelo clima, contra a censura etc.

No momento em que Bolsonaro se comporta de maneira tão inapropriada no cargo de Presidente do Brasil, nos envergonha sobremaneira ver nossos símbolos associados a esta vergonha internacional. Não somos seus judeus de estimação e nos aliamos a todos os movimentos que lutam pelo fim de seu regime e acabe com o termo da sua passagem pela presidência.

Nesta hora em que o país dá a cada dia mais indicações de que basta desta milícia familiar no poder, nós judeus progressistas estamos na linha de frente irmanados com todos os brasileiros. Porque ser judeu é preciso.

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