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Lula Miranda

Poeta, cronista e economista. Além de colunista do 247, publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média

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Seria Lula o nosso Mandela?

Assim como Mandela na África do Sul, guardadas as devidas proporções e especificidades próprias a cada nação, Lula foi responsável pelo começo do fim do apartheid sócio-econômico que imperava no Brasil

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Tenho consciência plena de que tem gente que é chegada num exagero e diz que "Lula é Deus". Outros, dentre estes até alguns intelectuais notáveis e respeitáveis, falam em um suposto "lulismo". Discordo de ambas as formulações, mas é forçoso reconhecer, preconceitos de classe e paixões partidárias à parte, a importância histórica de Lula para o Brasil e a sua relevância, respeitabilidade e reconhecimento no cenário internacional – onde suplantou até o "príncipe dos sociólogos" do nosso paroquial mundo acadêmico, Fernando Henrique Cardoso. Mas seria Lula comparável a Nelson Mandela?

Concordo, ao menos em parte, com a avaliação de alguns esquerdistas mais radicais de que Lula serviu como uma espécie de "pelego" que diminuiu, suavizou o atrito entre as classes dominantes e as classes desfavorecidas no país. A eleição de Lula, em verdade, sejamos honestos, e foi providencial que tenha se dado naquele momento e dessa maneira, impediu uma convulsão social e a ruína do país, depois de um final de governo catastrófico dos tucanos – esse episódio já está escrito nas páginas da história e é fato irrefutável.

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Lula, líder político que possui um carisma singularíssimo, a exemplo de Mandela, surgiu então como uma espécie de fiador, de "fiel da balança", promovendo na prática, talvez de modo um tanto "precário", "improvisado" ou "inesperado", o tão sonhado "pacto social". O povo brasileiro depositou em um de seus iguais, não na sua elite governante, a crença de que a esperança poderia vencer o medo. E de fato venceu.

Lula, o líder operário que se tornara presidente da República, conseguiu tal "proeza", jamais alcançada, de unir a nação numa mesma caminhada, na esteira da força da sua credibilidade e de seu incomensurável carisma, com o suporte providencial/essencial do partido dos trabalhadores (já, a essa altura, espalhando fortes raízes na sociedade), de alguns outros partidos de esquerda (como o PCdoB), dos sindicatos, dos movimentos sociais, de setores mais progressistas da Igreja Católica, de uma militância fervorosa e, sobretudo, de uma nova onda revolucionária de comunicação alternativa chamada "blogosfera".

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Assim como Mandela na África do Sul, guardadas as devidas proporções e especificidades próprias a cada nação, Luiz Inácio Lula da Silva foi responsável pelo começo do fim do apartheid sócio-econômico que imperava no Brasil. Por aqui, além da discriminação contra os negros, ora velada ora ostensiva, sempre houve a segregação entre ricos e pobres – esta sim, ostensiva e infame, e, por incrível que pareça, tida como "natural".

Os pobres no Brasil, antes de Lula, dificilmente conseguiam cursar uma faculdade, viajar de avião, comprar carro "zero km" e até mesmo simples eletrodomésticos e aparelhos eletroeletrônicos, ou frequentar restaurantes e se hospedar em hotéis em que só os membros das classes médias e altas frequentavam.

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É certo que para além da ignorância, inveja e/ou ignomínia de alguns poucos, Lula também, tal qual o inesquecível "Madiba" pelo povo africano, é amado e celebrado pelo povo brasileiro. Deve ser sim também criticado [pois não é "Deus"], mas deve ser, sobretudo, respeitado como um grande líder que é, cuja liderança e valor extrapolam os limites territoriais do nosso país e da América Latina.

E é bom que continue assim. E que saibamos preservar e valorizar esse "nosso" patrimônio – pois, caro a tudo que é humano, já nem é somente nosso, em verdade já pertence à humanidade.

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E que Lula prossiga, ainda por muitos anos, prestando relevantes serviços ao Brasil e ao mundo, no combate das desigualdades sociais e da fome.

Até mesmo, que fique o registro para os mais "radicais" e, por mais paradoxal que possa parecer, para os mais conservadores ou reacionários, para a paz e tranquilidade de nossas elites. Pois assim estas poderão prosseguir cedendo alguns poucos dos seus reluzentes anéis para que não percam os dedos.

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O meu temor, confesso-lhes, deve-se ao fato de que nem mesmo esses singelos anéis parte da nossa elite inescrupulosa quer ceder. Talvez ainda não tenha se dado conta de que pode de fato vir a perder os dedos.

Como, aliás, por estranha ironia e numa metáfora de gosto duvidoso, deveria lhes ensinar, não apenas a mão espalmada, mas toda a trajetória, do ex-torneiro mecânico, migrante nordestino, que finalmente ajudou a colocar esse país no rumo certo.

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Rumo este que alguns tentam, todo o tempo, e de todas as maneiras, desviar.

Afinal, Lula é ou não o nosso Mandela?

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