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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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Sinais trocados

Washington Quaquá e Eduardo Pazuello (Foto: Reprodução/Instagram/@washington.quaqua.5)
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Olhar para o mundo nem sempre nos diz o que ele é. Ficamos diante de um infinito de questões e nele nos orientamos com imensa dificuldade. É preciso sabedoria e inteligência, muita inteligência, para, na confusão, entender para onde se orientam os sinais. Na comédia O lado bom da vida, de David Russell, uma produção de 2013, um casal saído de desencontros tenta acertar os ponteiros de um relacionamento que só acontece entre trancos e barrancos. Ela, Tiffany/Jennifer Lawrence, navega num mar de correntes diversas, certa de que, por trás delas, existem sinais de orientação a detectar e acompanhar. Ele, Solitano Jr./Bradley Cooper, dispersivo em função do que viveu e mergulhado em medicamentos, custa a entender os ensinamentos da moça, o que finalmente acontece com o início do romance. Aquilo parece uma brincadeira de jovens, mas tem coisas a dizer. Realmente, quem faz politica sabe que se trata de uma aventura complexa, mais até do que percebem os historiadores frente a seu material de trabalho. 

Um bom político, como Luís Inácio Lula da Silva, possui uma capacidade natural para “ler os sinais”. Ele os traduz em ação ou se movimenta neles para se fazer entender. Foi o que ocorreu na posse, quando o antecessor se recusou a lhe passar a faixa. Não houve problema. A cerimônia que a sucedeu, com um grupo de brasileiros cumprindo a função, superou em muito as expectativas. Ali estavam, fazendo representar o conjunto da sociedade, uma catadora de lixo, um deficiente físico, um professor, uma cozinheira, etc. A beleza extravasou os limites do cerimonial, privilegiando-o e o valorizando. Mas há sinais que o Presidente faz chegar ao restante da população como um arauto da verdade, antes que os outros a tenham percebido. Foi o caso do escândalo dos juros de 13,75 por cento pagos no Brasil, em primeiro lugar no mundo em tal particular. A imprensa corporativa tremeu nas bases. Comentaristas econômicos atacaram veementemente e, pouco a pouco, a mente da população entendeu os sinais. É realmente um absurdo o que continuamos pagando... 

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Assim, por um talento nato para ler a realidade, Lula chama a atenção para a inteligência com que lida com os problemas: decifrando os sinais. Nem todos o conseguem, ainda que se esforcem por imitá-lo. Washington Quaquá trocou os sinais, abraçando Pazuello, um auxiliar medíocre de Jair Bolsonaro, com uma trajetória lamentável à testa do Ministério da Saúde durante a pandemia. Aquilo, por melhores que fossem as intenções, não se limitou a um gesto de adulação fora de lugar e de hora. Chocou, é claro, a opinião do PT e do restante do público, pouco se encontrando em volta paralelo para tal exagero escalafobético.

Saber ler os sinais constitui uma capacidade de orientação digna de elogios. Por outro lado, ignorá-los no decorrer da História, pode conduzir a intentonas fracassadas (vide o 8 de janeiro e as invasões na Praça dos Três Poderes) ou a guerras, com desastres para todos os gostos. Um bom encontro se realiza quando ambas as partes na opacidade natural que nos cerca compreendem, como num estalo, para onde devem ir e como se comportar. É certo que, muitas vezes, no voto, também erramos. Acertar nesse plano representa em si uma arte de ver e ouvir. Por isso, muitas vezes, oscilam as democracias. A nossa desta vez acertou. 

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