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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Só o Supremo pode evitar uma guerra civil

Na verdade, todo mundo estranha que a mais Alta Corte de Justiça do país, que tem sido mais ágil no julgamento de outros processos, não tenha tido até agora a mesma presteza no caso de Eduardo Cunha, contra quem pesam várias acusações graves de corrupção. Por muito menos até senador já foi preso pela Lava-Jato

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O Brasil, lamentavelmente, caminha para uma guerra civil, tangido por golpistas indiferentes à sorte do povo. Caso não surja nenhum fato imprevisto que altere os rumos dos acontecimentos e o impeachment venha a ser aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados, nenhuma cerca será capaz de conter os ânimos e a guerra começará ali mesmo, diante do Congresso Nacional. E os principais responsáveis pelo sangue derramado serão o senador Aécio Neves, o deputado Eduardo Cunha, o vice-presidente Michel Temer, a grande mídia, alguns magistrados e o Supremo Tribunal Federal. Mas por que também o Supremo? – alguém poderá perguntar. Porque tem procrastinado no julgamento das ações que pedem o afastamento de Cunha da presidência da Câmara, permitindo-lhe realizar todo tipo de manobra, inclusive ameaças aos parlamentares contrários ao golpe, para assegurar a aprovação do impeachment. Se ele já tivesse sido afastado do comando da Câmara provavelmente o cenário hoje seria bem diferente.

Essa acomodação do STF, portanto, que já foi acusado de "leniente" pelos entrevistadores do programa "Roda Viva", durante entrevista com o ministro Marco Aurélio Mello, poderá ser vista pela História como uma contribuição para a consumação do golpe. Na verdade, todo mundo estranha que a mais Alta Corte de Justiça do país, que tem sido mais ágil no julgamento de outros processos, não tenha tido até agora a mesma presteza no caso de Eduardo Cunha, contra quem pesam várias acusações graves de corrupção. Por muito menos até senador já foi preso pela Lava-Jato. Por conta disso, o presidente da Câmara ignorou solenemente a determinação do ministro Marco Aurélio para receber o pedido de impeachment do vice-presidente Michel Temer, afrontando o Supremo ao desrespeitar uma decisão judicial sem nenhum receio de que possa vir a sofrer alguma sanção. Cunha, pelo visto, é o poder absoluto, a lei, na Câmara Federal, onde manda e desmanda como um autêntico ditador.

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A irresponsabilidade de Cunha, na sua sanha contra o governo Dilma, não tem limites. Além de achacar deputados para força-los a votar a favor do golpe, conforme denúncia do deputado Aliel Machado, da Rede, escolheu um domingo, dia 17, para a votação do impeachment, fato inédito na história do Congresso, que sempre se reuniu e promoveu votações em dias úteis. O objetivo foi permitir o maior número possível de pessoas nas manifestações, considerando a folga do trabalho, o que multiplicará os riscos de confrontos nas ruas. A sua irresponsabilidade foi compartilhada pela Globo, que pretende manter a sua programação no domingo exclusivamente voltada para a transmissão da movimentação, excluindo até o futebol, objetivando com isso motivar os manifestantes a saírem às ruas, engrossando a multidão pró e contra o impeachment em todo o país. Para os Marinho, o caos deve ajudar a consumação do golpe.

Embora matematicamente a aprovação do impeachment ainda não esteja garantida, apesar da mais recente adesão ao golpe da bancada do PP, o vice-presidente Michel Temer se mostra confiante. Além do ensaio do discurso de posse, vazado para as redes sociais, Temer disse em entrevista à jornalista Eliane Cantanhede que está preparado para "tirar o país da crise". E foi mais além, ao manifestar-se contra a proposta de eleições gerais, dizendo que "sou muito apegado ao texto constitucional e toda vez que se quiser sair do texto constitucional está se propondo uma ruptura com a Constituição. E toda e qualquer ruptura com a Constituição é indesejável para o país", acrescentou. Em matéria de cinismo ele conseguiu superar o ex-presidente FHC, pois além de provocar uma ruptura na Constituição, com um impeachment sem causa, ele sabe que jamais conseguirá eleger-se Presidente da República em eleições livres e limpas.

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Embora com o apoio da mídia e do empresariado, Temer, caso consiga realizar o sonho de chegar ao Planalto pelo atalho do golpe, terá muita dificuldade para governar por absoluta falta de confiança do povo e da comunidade internacional, que vê nele um conspirador representante da corrupção, envolvido inclusive em investigações da Operação Lava-Jato. Isto porque se vier a substituir Dilma na Presidência, como consequência do golpe, terá sido colocado no Palácio do Planalto pelos políticos corruptos sob investigação, à frente o deputado Eduardo Cunha, os quais certamente já obtiveram dele o compromisso de por um fim na Operação Lava-Jato. Vale transcrever o que disse o jornal norte-americano "The New York Times", sobre a movimentação na Câmara dos Deputados: "Deve-se lembrar que Dilma é uma das raras figuras políticas no Brasil que não estão enfrentado acusações de enriquecimento pessoal ilícito". Ou seja, na visão do jornalão americano, político honesto no Brasil é coisa rara e entre os raros está a presidenta Dilma Roussef.

Esse panorama sombrio para o futuro do Brasil, no entanto, ainda pode ser mudado, bastando para isso que os ministros do Supremo Tribunal Federal se conscientizem da importância do seu papel neste momento difícil para a vida da Nação. Vão permitir que políticos corruptos derrubem uma Presidenta honesta e assumam o poder? Vão assistir de camarote os acontecimentos que podem descambar para uma guerra civil e provocar um desastroso retrocesso no país? Vão lavar as mãos, como Pilatos? Eles sabem, como de resto todo mundo, que não existe crime de responsabilidade da Presidenta e que, portanto, o impeachment em andamento é um golpe, um estupro da Constituição. Afinal, eles não são os guardiões da Constituição?

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