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Luciana Oliveira

Jornalista de Porto Velho, Rondônia, e membro da Comissão Nacional de Blogueiros

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Só o tempo irá dizer se o ‘João Dória’ de Porto Velho também é puro marketing

Portovelhenses que apostaram o destino no tucano Hildon Chaves, conheceram na posse o novo secretariado e as primeiras ações de governo. O que o eleito anunciou foi tão estrategicamente planejado pra agradar os 'otimistas' de plantão nas redes sociais que a promessa de campanha mais robusta já foi descumprida e ninguém esperneou

Hildon Chaves (PSDB), prefeito de Porto Velho (RO) (Foto: Luciana Oliveira)
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Os portovelhenses que apostaram o destino no tucano Hildon Chaves, conheceram na posse o novo secretariado e as primeiras ações de governo. O que o eleito anunciou foi tão estrategicamente planejado pra agradar os 'otimistas' de plantão nas redes sociais que a promessa de campanha mais robusta já foi descumprida e ninguém esperneou.

"Nós vamos fazer as composições e os arranjos políticos necessários de forma transparente. Mas nosso secretariado será técnico", prometeu.

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Depois de um longo suspense, com acordos que ninguém sabe como se deram, Hildon revelou seu secretariado "eminentemente técnico".

Ressalto que não tenho nada contra algumas indicações.

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Pra agricultura, Hildon nomeou um pecuarista.

Pra saúde, o titular é administrador de empresas e o adjunto formado em matemática.

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Pro IPAM, um policial federal aposentado.

Pra adjunto de Regularização Fundiária, um corretor de imóveis.

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Pra adjunta de Assistência Social, uma contadora.

Pra cuidar das Finanças, um empresário na área de agronegócio e Comercial, técnico em contabilidade no Colégio Costa e Silva/PR, com Curso de Direito incompleto pela FARO.

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As nomeações bizarras, de pessoas "com ego superlativo" que o eleito disse que ia evitar, não vou comentar.

Só digo que algumas nomeações provam que não é só a cidade que Hildon não conhece. Ele escolheu com 'perfeição' alguns nomes sem experiência na administração pública e até com extensa lista de processos na justiça.

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Alguém me disse que esse ou aquele "mereceu" o cargo por ter se dedicado à campanha.

É de fato natural que isso ocorra, mas comprova que o critério "eminentemente técnico" na escolha do secretariado não passou de estratégia de marketing bem sucedida.

Aliás, o que garantiu a vitória maciça do tucano foi uma eficiente campanha midiática.

Ele copiou do prefeito eleito de São Paulo, João Dória, a tática de se passar como não-político e empresário de sucesso.

Isso, apesar de atuar como promotor por mais de 20 anos e ser sócio da esposa do presidente do partido.

Colou, e a lógica foi pro beleléu.

Hildon mentiu para desmoralizar os adversários no primeiro turno, foi desmentido no segundo, mas conseguiu convencer os eleitores trocando o papel de acusador com o de vítima.

Todas as provas da falta de sinceridade de Hildon Chaves foram sendo eliminadas com programas eleitorais bem elaborados, com discurso messiânico e até poesia que não ganharia um concurso no ensino fundamental.

O apelo sentimental foi uma marca de sua campanha, tanto que ele conseguiu disfarçar a presença do senador cassado, Expedito Júnior, até a véspera da eleição.

Era parte do plano de marketing, prometer também distância de "velhos caciques da política", o que usou sem moderação.

O prefeito de Porto Velho que foi comparado ao de São Paulo, João Dória, e gostou de ser comparado, usou a pirotecnia midiática durante a campanha e no discurso de posse.

Enquanto Dória de São Paulo, a cara da riqueza, foi varrer ruas vestido de gari pra parecer ter a cara da humildade, Hildon prometeu uma revolução na máquina administrativa e na mentalidade de seus condutores.

Disse que vai ordenar uma tomada de contas especial em contratos, exatamente como todos que o antecederam. Não há qualquer garantia de que irá cumprir a promessa e eliminar os vícios que geralmente prefeitos herdam e transferem.

Posso estar errada? Tomara.

Mas, Parceria Público Privada (PPP) aqui, é empresa de político ou de amigo de político fornecendo pro poder público desde sempre.

Corte de 40% cargos comissionados? Essa também é antiga e espero que não seja executada como no governo Temer, que anunciou corte de 4,3 mil cargos comissionados em maio, exonerou 5,5 e nos dois meses seguintes nomeou 7,2 mil servidores.

Disque-denúncia? Essa é tão fajuta que podia ter dispensado como anúncio emergencial. Em todos os governos o instrumento de comunicação com o povo não funcionou.

A prova de que Hildon realmente quer aplicar sua 'experiência administrativa' na iniciativa privada na gestão pública – a primeira movida pelo interesse financeiro e a segunda pelo bem estar coletivo – é que garantiu que seus secretários não terão veículos e telefone pagos pela prefeitura.

É bonito de ler, mas na prática não contribui com o princípio da eficiência.

A tendência de quem usa seu dinheiro e patrimônio pra prestar serviço, seja na inciativa privada ou pública, todo mundo sabe qual é.

Nos próximos seis meses, Hildon também garantiu que além de colocar o carro à disposição da prefeitura e pagar a conta de telefone, os secretários que precisarem se deslocar não terão direito a passagens e diárias.

Exceto, em casos excepcionais. Podem rir.

O Brasil que foi às ruas pra pedir pra não ser mais enganado, elegeu por maioria, prefeitos do PSDB.

Com o apelo e a aprovação do puro marketing como forma de fazer política, o brasileiro é cada vez menos vítima e mais cúmplice.

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