Somos todos russos
É impressionante o fato de haver diferenciação sentimental a depender da nacionalidade
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O violento atentado ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, em 2015, culminou na morte de doze pessoas e gerou comoção global. A maneira como a grande imprensa divulgou as circunstâncias do atentado afetou até a classe trabalhadora que realmente sentiu em seu âmago a dor da tragédia. Conjuntura digna de filme.
Tal comoção foi disseminada ao extremo em todas as mídias. De crianças a idosos diversas pessoas fizeram questão de colocar em suas redes sociais o slogan Je suis Charlie: nós somos Charlie, nós somos a França. Na tevê, na grande mídia, apresentadores e comentaristas levantaram a mesma bandeira. Houve até quem demonstrasse certo abalo, ao vivo, durante as transmissões das imagens de Paris.
Muito bem. O que aconteceu com esses bondosos corações? Em que parte do planeta foi parar toda aquela empatia e comiseração dispendida em relação à França?
Atentados terroristas ocorrem em diversas partes do mundo. No domingo passado, dia 24, a Rússia passou por terrível agressão em que cento e trinta e sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. Acontece, porém, que a gravidade da situação não gerou a mínima mobilização em comparação a emoção à francesa.
Nesse momento em que a seletividade sentimental impera e não há a mínima mobilização social fora da Rússia em torno da tristeza daquele país, é necessário perceber que o trabalho realizado pela grande imprensa tem papel crucial nesse contexto. Desde domingo, os jornais impressos e televisivos não enaltecem o fato de os civis mortos serem pessoas comuns, que tinham nome, família e profissão. Não há cobertura exaustiva. Não há bandeirinhas russas desfilando nas redes sociais, nas páginas de gente famosa... Em outras palavras, não há Je suis Charlie à Rússia (nem aos palestinos).
Enquanto os setores progressistas e a mídia de esquerda, em funcionamento na Internet, não conseguirem furar a bolha de forma ampla, não haverá nem mesmo a informação exata dos fatos.
É importante, nesse sentido, condenar episódios agressivos a civis e deixar patente que todos os povos atacados merecem respeito, mesmo aqueles que não têm slogan.
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