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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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Tá Tudo Dominado!

"Alguém ficou surpreso com o resultado da eleição no Congresso? Surpresa nenhuma só a decepção e a constatação do país que realmente somos", escreve Miguel Paiva

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Alguém ficou surpreso com o resultado da eleição no Congresso? Surpresa nenhuma só a decepção e a constatação do país que realmente somos.

Voltando um pouquinho ao passado chegamos ao comício dos sindicatos na Central do Brasil e o golpe militar apoiado pelos civis que veio em seguida. O Congresso se reuniu para declarar a vacância do governo e ai os militares sentaram no trono.  Os civis que apoiaram o golpe ficaram esperneando, mas pouco sobrou do “inocente” propósito de restaurar a democracia. Os militares baixaram praça em Brasília e foram derrubados anos depois por incompetência, por não saber gerir nem mesmo o milagre que eles inventaram. Eles dizem e a direita concorda, que fizeram uma transição pacífica para a redemocratização. Nada disso. Saíram de fininho porque não conseguiram administrar o país. As forças ditas democráticas, ainda com o medo que carregavam, toparam rapidinho essa pizza que já chegava requentada. Não limparam a mesa, não lavaram os pratos nem puniram os crimes. Deu no que deu e a experiência do golpe disfarçado passou a ser mais um dos elementos do jogo político brasileiro.

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Dai pra frente conseguimos viver algum período de democracia quase que completa. Transitamos para governos populares que conseguiram implantar algumas sementes de transformação, mas que acabaram engolidos pelo jogo político do toma lá dá cá, único, segundo eles, capaz de fazer a roda girar. Deu no que deu. Acho que a direita brasileira nasceu para dar golpes e a esquerda para ser oposição. Governar que é bom ainda não aprendemos. E como a direita é muito menos moralista que a esquerda, usa subterfúgios amorais e não tem escrúpulos acabou no governo da maneira mais tosca possível e ontem assistimos, na eleição do Congresso, a consagração do centrão e sua moral de ocasião, seu fisiologismo e sua total falta de propósito ideológico e político.

Mas o que estamos vivendo, salvo aquela esperança que mantemos para fazer algum sentido a existência humana, é a constatação de que a nossa verdadeira índole, a do Brasil, digo, é ser um país pequeno, apesar do tamanho, mesquinho, racista, preconceituoso, machista e fascista. Quando íamos engrenar na educação para que os olhos do povo pudessem se abrir para o conhecimento e a transformação, fomos parados de um modo bem explícito e voltamos para casa com o rabo entre as pernas. Medo dos militares, preguiça democrática e falta de informação. E na volta pra casa preferimos invejar o lugar do vizinho mais rico do que nos aliar ao vizinho do lado para melhorar o bairro como um todo. Uma imagem que ilustra bem os números do apoio ao Bolsonaro, aos mandamentos preconceituosos e retrógados e ao melhor não mexer que pode piorar.

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Foram 3 mandatos e meio de alguma esperança e a triste queda na realidade que agora nos cerca. Precisamos começar tudo de novo tendo muito mais trabalho que imaginávamos. Não dá para viver na esperança de que a Justiça se manifeste sempre que a democracia for ferida. Temos que reconstruir essa democracia, do começo, pegando o que temos de bom na imprensa alternativa, nos movimentos sócias, nos trabalhadores, nas mulheres, nos movimentos de gênero, nos professores, nos alunos, na classe média esclarecida, em quem quer que sinta falta da verdadeira democracia para trazê-la de volta, aos poucos, do jeito certo para ela fique não de modo disfarçado e oportunista, mas como única alternativa verdadeira de justiça social e qualidade de vida.

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