Taiwan é parte da disputa EUA x China na dimensão da guerra tecnológica-digital

"A disputa na dimensão tecnológica-digital entre EUA e China é mais complexa que a ideia de reprodução de uma 'nova guerra fria'”, escreve Roberto Moraes

(Foto: Pixabay | Reuters/Jason Lee)


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Os EUA parecem caminhar para o que Maquiavel desaconselhava, estabelecer duas frentes de disputa ao mesmo tempo. Pior quando se trata de duas superpotências, o que pode unir ainda mais o que estas grandes potências afirmaram no início deste ano ser “uma relação em todos os níveis”.

No caso da guerra na Ucrânia dos EUA-OTAN x Rússia se trata de uma guerra por procuração contra a Rússia. Essa outra em Taiwan, se apresenta como mais direta com a China, sem procuração.

Uma guerra ou disputa por hegemonia em três dimensões: 1) Tradicional e híbrida; 2) Sanções financeiras e comerciais; 3) Cibernética ou de controle tecnológico-digital e comunicacional.

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Esse novo espaço de disputa em Taiwan tem a ver com a disputa tecnológica e cibernética em que Taiwan é base da produção de semicondutores e microprocessadores.

A disputa na dimensão tecnológica-digital entre EUA e China é mais complexa que a ideia de reprodução de uma “nova guerra fria”. Segundo dados empíricos e de análise da pesquisadora Ester Majerowicz (UFRN), num dos capítulos do livro “A China no capitalismo contemporâneo” lançado no mês passado, em que ela é uma das organizadoras.

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Na publicação, Majerowicz afirma que “os EUA e a China possuem relações de complementariedade econômica muito forte”, em especial nesse setor de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação). A TIC é hoje globalizada e centralizada no Ocidente nos EUA e no Oriente na Ásia.

Porém, a China tem um gargalo que é a produção de semicondutores/microprocessadores. A China avançou bastante e segue correndo, mas, ainda hoje, só produz 16% dos microprocessadores que usa. E destes, só 6% é de fabricantes chineses. 

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Microprocessadores tem a ver com a produção de redes de telecomunicações (5G) mais avançadas, equipamentos digitais mais sofisticados e autônomos, Internet das Coisas (IoT), ou Indústria, 4.0, Inteligência Artificial, celulares ágeis, ou seja, outra etapa do desenvolvimento tecnológico e cibernético digital e mais transformações no Modo de Produção Capitalista na linha do Plataformismo.

Assim, a viagem da Nancy Pelosi, presidente da Câmara de Representante dos EUA a Taiwan é uma ação do Deep State dos EUA. Os EUA pretendem confrontar a China e ver os limites desta tensão. No geral e, na prática, os EUA estão caminhando para frear e adiar a fronteira tecnológica contendo o desenvolvimento na área para limitar a China nessa dimensão que envolve as Big Techs e de certa forma, também os interesses financeiros de Wall Street.

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Como as relações econômicas e financeiras entre EUA e China são entrelaçadas em muitos campos, essas ações tendem a produzir muitas transformações. Elas mexem com muitos interesses de frações do capital.

Além disso, devem acelerar processos que tendem a ampliar rompimento de cadeias de valor global (CVG), apesar dos interesses capitalistas cruzados tanto no Ocidente quanto na Ásia.

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No meio da hipótese de formação de uma nova ordem global há que se avaliar se isso levaria à desglobalização como muitos afirmam, porque o capitalismo sempre prescindiu de sua expansão. A situação mundial é tensa e os desdobramentos podem não ser racionais. Acompanhemos!

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