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Rogério Maestri

Engenheiro e professor na UFRGS

60 artigos

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Tentativa de golpe é uma coisa, uma insurgência desorganizada é outra

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Venho estudando quais são as condições necessárias e suficiente para dar um golpe desde 1995 e quando mais evoluem as coisas agrego mais certezas. Uma delas é que Bolsonaro não tem as mínimas condições para dar um autogolpe. 

Vamos entender algumas ações que devem ser tomadas para que haja um golpe exitoso e a primeira delas é que haja uma proposta para a situação no pós-golpe, ou seja, como funcionará o Estado após esse, aí encontra-se a primeira dificuldade de Bolsonaro, se ele nem com um governo cambaleante, mas com uma forma mais ou menos institucional ele consegue governar, certamente ele não tem nenhuma hipótese para como se reorganizaria o Estado no momento após o golpe. Ou seja, o congresso seria fechado? Quais as liberdades individuais que seriam suspensas? O que ele faria com a pandemia? Em resumo são centenas de questões que além de Bolsonaro nem saber que elas existem muito menos ele tem uma solução para uma fração dessas questões. Ou seja, Golpe de Estado não é feito por amadores, mas sim por profissionais que devem durante alguns meses fechar essas questões. 

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Além disso há outra questão derivada da anterior, mas tão importante do ela. Quem seria os apoiadores desse golpe e quem seria a oposição. Alguém poderia dizer que são os bolsominions, porém é necessário algo extremamente importante que com a atual base fica muito difícil o uso desses elementos para realizar e o mais importante manter o golpe. Na imensa maioria dos casos os golpes são dados por forças armadas ou por forças paramilitares de direita ou de esquerda com uma organização muito bem amarrada. Utiliza-se as forças armadas quando há praticamente uma unanimidade na adesão ao movimento, pois qualquer pequena dissensão mesmo de uma pequena tropa bem treinada e profissionalizada, a chance dessa dissensão ganhar apoio popular é grande, e se eram poucas centenas no início isso pode se transformar em milhares em menos de dois ou três dias, logo não pode haver dissenso na aventura. No caso de Bolsonaro ele possui um apoio difuso nas polícias militares que a cada dia que morre mais soldados, cabos e sargentos de Covid-19 esse apoio vai diminuindo, por outro lado segundo a entrevista do General responsável pelas tropas do exército, o número de mortos é muto pequeno devido a um tratamento totalmente diverso do que pretende o Bolsonaro, logo a tropa ouvindo isso redobra a sua lealdade ao comando que está cuidando melhor da sua vida do que pretende o presidente. Por outro lado, as tropas das polícias militares dependem dos governadores e como esses estão fechados entre si, se um ou mais quartel de uma dessas polícias não aderirem ao golpe ele desanda. Também tem que se levar em conta que conseguir unificar as polícias militares seria necessário no mínimo alguns meses de preparação, pois há questões de comando, de estratégia e de táticas que geralmente os coronéis (se esses entrarem na aventura) que devem ser discutidas e acertadas. O problema é que isso deve ser feito em sigilo e com a quantidade de envolvidos a tramoia vaza. 

Há outro fator importantíssimo, não há um governador que esteja totalmente fechado com Bolsonaro, por outro lado os governadores estão em contato permanente desde o início da pandemia. Se três ou quatro governadores possuírem algumas tropas fiéis, elas seguirão a hierarquia. 

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Outro ponto primordial é o apoio externo, se for tentado algum golpe que contrarie algumas das potências imperialistas ocidentais, essas poderão não intervir com tropas, mas sim darem apoio logístico e até apoio aéreo a um contragolpe. Lembrem-se que em 1964, havia um porta-aviões norte americano e mais uma frota de apoio se deslocando em direção ao Brasil para apoiar os golpistas, só os aviões que dispunha o porta-aviões Florestal superava o poder de fogo de toda a aeronáutica brasileira, sem contar os seis destroieres, um encouraçado, e demais navios de transporte de tropas e auxiliares. Imaginem o Bolsonaro telefonando para o Biden e pedindo o envio de uma frota para apoiar um golpe que nem ele sabe para que serviria. 

Tem um item que nem citei que é a resistência civil, não foi citado pois essa no momento não possui armamento, porém nas diversas hipóteses que escrevi que qualquer coisa desse errado ela recuperaria armamentos de diversos pontos e começaria uma resistência difusa, mas impossível de ser suprimida sem uma organização para repressão que não existe na quantidade e qualidade necessária. Não esqueçam que para segurar uma tropa em deslocamento numa estrada num vale fechado não é necessário mais do que uma dezena de pessoas dispostas e mais alguns explosivos do tipo civil. 

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O que Bolsonaro pode produzir é uma bagunça que gentilmente citei no título como uma insurgência desorganizada apoiada por alguns quadros próximos de simpatizantes que degringolarão rapidamente em saques e outros tipos de crimes que levará uma resistência organizada. 

Tem mais três outros fatores que não citarei para não dar ideia a qualquer golpista amador, mas que serão tão importantes como os anteriores. 

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