Terrorista bolsonarista morreu pela boca

Foram moradores de um condomínio no bairro Sudoeste que alertaram a polícia de conversa de vizinhos para colocação de explosivos na cidade, revela Marcelo Auler

Alan Diego (à esq.), George Washington (à dir.) e atos violentos em Brasília (DF) na primeira quinzena de dezembro
Alan Diego (à esq.), George Washington (à dir.) e atos violentos em Brasília (DF) na primeira quinzena de dezembro (Foto: Reprodução | REUTERS/Ueslei Marcelino)


Clique aqui para receber notícias do Brasil 247 e da TV 247 no WhatsApp

Por Marcelo Auler, em seu Blog - Em um evidente sinal de amadorismo, os terroristas bolsonaristas que tentaram explodir um caminhão-tanque com 63 mil litros de querosene de aviação no sábado (24/12) de madrugada, nas proximidades do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, morreram pela boca. Imaginavam criar pânico na capital federal na expectativa de provocarem um estado de sítio e assim impedirem a posse do presidente eleito e diplomado Luiz Inácio Lula da Silva.

Foram moradores de um condomínio no bairro Sudoeste, em Brasília, que alertaram a polícia sobre a conversa de vizinhos sobre a colocação de explosivos na cidade. A partir dessa informação, policias civis do Distrito Federal, no final da tarde do sábado, estiveram no apartamento – alugado pelo sistema Airbnb – ocupado por George Washington de Oliveira Souza, de 54 anos, paraense de Xinguara.

A polícia deparou-se com um verdadeiro arsenal: duas escopetas calibre 12; dois revólveres calibre .357; três pistolas, sendo duas Glocks e uma CZ Shadow 2; um fuzil Springfield calibre .308; mais de mil munições de diversos calibres e cinco bananas de dinamite (emulsão).

continua após o anúncio

Preso em flagrante, ele não teve dificuldades em confessar sua participação na tentativa de atentado terrorista praticada na manhã daquele mesmo dia. Foi também quem revelou aos policiais a participação do bolsonarista raiz Alan Diego dos Santos Rodrigues.

Como noticiamos em As dúvidas sobre o terrorista bolsonarista, George Washington sequer chegou perto do caminhão onde foram colocados os explosivos. Quem as colocou ali foi Alan, na madrugada de sábado, para provocar sua explosão, o que acabou não acontecendo. Justamente essa confissão do paraense que nos levou a questionar, na citada matéria, como a polícia do DF chegou até ele. Desconhecíamos o alerta dado por moradores do mesmo condomínio.

continua após o anúncio

Contra Alan existe mandado de prisão

George Washington e Alan se conheceram no acampamento bolsonarista defronte do Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano, em Brasília. Nele, aliados do presidente Jair Bolsonaro, inconformados com sua derrota eleitoral, alimentam a expectativa de um golpe militar que impeça a posse do presidente eleito e diplomado. Foi lá também, apesar de ser uma área militar, que atos terroristas e de vandalismo foram tramados.

A revelação da participação de Alan Diego no atentado frustrado não chegou a ser uma novidade para os policiais civis que estiveram na casa de George Washington. Eles já possuíam um mandado de prisão da Justiça do Distrito Federal e Territórios contra o mesmo. Foi conseqüência da sua participação nos atentados provocados por bolsonaristas em 12 de dezembro, na região central da capital federal.

continua após o anúncio

Na noite daquela segunda-feira em que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice Geraldo Alckmin foram diplomados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), participantes do acampamento que persiste no Setor Militar Urbano provocaram verdadeiro quebra-quebra na cidade. Ao serem reprimidos quando tentarem invadir a sede da Polícia Federal na expectativa de libertarem o misto de indígena e pastor evangélico José Acácio Serere Xavante – outro radical apoiador de Bolsonaro – decidiram espalhar o pânico.

O indígena teve mandado de prisão temporária decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República, por conta de seus discursos insuflando bolsonaristas contra as instituições federais, como o Supremo Tribunal.

continua após o anúncio

Após a tentativa frustrada de invadir a sede da Polícia Federal, os manifestantes – Alan, entre eles – depredaram prédios, incluindo hotéis e a sede da 5ª Delegacia Policial (nas proximidades do Setor Hoteleiro Norte) e queimaram carros e ônibus.

PM e Polícia Civil: posições distintas

Na ocasião, conforme o próprio George Washington revelou no depoimento prestado sábado na 10ª Delegacia (no Lago Sul, cuja jurisdição abrange a área próxima ao aeroporto onde houve o ato terrorista), policiais militares e soldados do Corpo de Bombeiro não reprimiram o vandalismo dos bolsonaristas, desde que não atingissem os próprios PMs e bombeiros.

continua após o anúncio

A existência de um mandado de prisão contra Alan mostra que a Polícia Civil, ao contrário do comportamento complacente da Polícia Militar na noite do quebra-quebra, vem investigando os atos de vandalismo e está conseguindo identificar os responsáveis. Possivelmente outros mandados de prisão já devem estar prontos.

Tudo isso é também uma demonstração de que o comando do Exército, ao ser complacente com a ocupação da área militar por manifestantes que clamam pelo desrespeito à democracia, acaba permitindo que uma área estritamente militar não apenas sirva de esconderijo para foragidos da Justiça, como ainda sirva de escritório de montagem para atos terroristas.

continua após o anúncio

Na manhã dessa segunda-feira, depois de se reunir com os futuros ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Defesa, José Múcio, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), admitiu que Alan fugiu após a prisão do terrorista no sábado: “Pelo que tenho alcançado aqui pela polícia, ele já se evadiu do DF, mas eles estão atrás e a gente deve ter notícia nas próximas horas”, afirmou à imprensa. Pelo jeito, a prisão do mesmo vai ficar para a Polícia Federal, já no governo Lula.

continua após o anúncio

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

O conhecimento liberta. Quero ser membro. Siga-nos no Telegram.

A você que chegou até aqui, agradecemos muito por valorizar nosso conteúdo. Ao contrário da mídia corporativa, o Brasil 247 e a TV 247 se financiam por meio da sua própria comunidade de leitores e telespectadores. Você pode apoiar a TV 247 e o site Brasil 247 de diversas formas. Veja como em brasil247.com/apoio

Apoie o 247

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247