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Ricardo Nêggo Tom

Cantor, compositor, produtor e apresentador do programa Um Tom de resistência na TV 247

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Todo racista é um sociopata e um assassino em potencial

(Foto: Divulgação)
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Explicar o racismo a partir do seu contexto histórico social e sob uma linguagem acadêmica, embora seja de fundamental importância para a compreensão da ideia de uma racialização étnica, cultural e existencial, quase que ignora o seu fator gerador e que desencadeou todo o processo. A maldade. Não que essa característica em muitos seres ditos humanos, em parte, também não seja uma construção social ou consequência do seu meio de origem. Porém, alguns indivíduos, mesmo que inexplicavelmente, são naturalmente maus e irreversivelmente curáveis de sua maldade.

O racismo como transtorno de personalidade antissocial, é pouco discutido. Talvez, porque acabe desnudando muita gente de sua indumentária social politicamente correta e humana. Os racistas, assim como os sociopatas, são indivíduos egocêntricos, desprovido de valores morais, que desprezam o conceito de civilidade e de respeito às pessoas. No caso do racista, as pessoas cuja raça eles considerem inferior e indigna de desfrutar do mesmo respeito e dos mesmos direitos que eles.  Não há remorso no comportamento do racista, o que o impede de mudar a sua percepção com relação ao do seu preconceito, mesmo que ele seja “punido” pela sua prática. Pagar fiança e ser liberado após cometer um crime de racismo, além de fortalecer a ideia de superioridade econ&o circ;mica e social do autor do crime, legitima a sua impunidade e naturaliza o seu comportamento criminoso.

Outra semelhança entre o racista e o sociopata, é a capacidade de criar situações e produzir mentiras para destruir o alvo de seu preconceito. As inúmeras situações nas quais negros são colocados sob suspeição ou acusados de terem cometido atos criminosos, ilustra bem esse ponto de vista. A covardia manifesta pelo sociopata, que só ataca a quem ele sabe que terá dificuldades de reação, é uma das expressões do racismo na nossa sociedade. Ao colocar sob suspeita ou acusar a alguém que faz parte de um grupo étnico historicamente vítima de preconceito, o racista extrai de si mesmo o puro suco do seu comportamento sociopata e o oferece à sociedade como um todo.

Os racistas sabem que, mesmo não tendo provas das ilações que faz, aquele indivíduo por ele apontado como suspeito, terá dificuldades em provar sua inocência. Frieza e calculismo para excluir o ser indesejável do seu convívio e se impor racialmente sobre ele. São potenciais assassinos, físicos e existenciais, porque colocam a vida das vítimas do seu preconceito em risco constante. Não à toa, pretos e pardos são as principais vítimas da violência e da agressividade do sistema e aqueles que mais morrem nas mãos das forças de segurança do estado. Assim como os sociopatas, os racistas são predadores sociais que se orgulham do seu comportamento, e, não raramente, ainda costumam responsabilizar as vítimas pelo preconceito sofrido, as acu sando de frágeis, fracas e sem personalidade.

Daí a origem de expressões como “mi, mi, mi” e “vitimismo”, ao se referirem às vítimas que reclamam e protestam contra o racismo sofrido. É da personalidade do sociopata e do racista, naturalizar a humilhação imposta ao outro e ridicularizar o sofrimento causado por ela. Eles desconsideram os sentimentos e os direitos das outras pessoas. Ainda que o racista exerça o seu preconceito de forma cordial, ele o faz de modo a deixar bem claro o seu objetivo de subjugar e constranger racialmente o outro. Frases do tipo “Ela é preta, mas é bonita” ou “Ele é preto, mas é honesto”, estão pontuadas por esse tipo de cordialidade racista. Isentos de emoções morais, racistas e sociopatas podem vir a praticar atos e crimes com requintes de crueld ade. Seja atentando contra a dignidade ou contra a vida de seus alvos.

O prazer, a satisfação e a diversão por trás do racismo, estão muito além da ideia de uma racialização social e econômica. Principalmente, se considerarmos que toda ideologia é fruto das convicções pessoais e dos valores morais e humanos de seu idealizador e da percepção deste com relação ao outro dentro de tal contexto ideológico. O racismo é mau e perverso por essência de seus inventores e daqueles que se encarregam de conservar e manter esse conceito arraigado na sociedade. Quem despreza, nega, subverte, inferioriza, discrimina e tenta extinguir a existência do outro, é capaz de mata-lo fisicamente para não ter mais que conviver com a sua presença. O feminicídio e os crimes motivados por homofobia, também se originam a partir dessa mesma percepção de inferioridade, desprezo e ódio pelo outro.

Por essa e outras, que todo o tipo de movimentação antirracista ou contra qualquer outro tipo de preconceito contra os grupos considerados minoritários, precisa eclodir por todos os cantos da nossa sociedade. O mal precisa ser exposto e punido, para que não continue a vitimar mais pessoas. Sabemos que racismo e sociopatia não tem cura, mas não podemos deixar que a maldade patológica dos outros nos adoeça e destrua o nosso direito de existir como somos.

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