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Dom Orvandil

Bispo Primaz da Igreja Católica Anglicana, Editor e apresentador do Site e do Canal Cartas Proféticas

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Trabalhador dos serviços gerais do meu prédio, evangélico arrependido por votar em Bolsonaro

A escuridão que retira do teu espírito as luzes da realidade é assustadora

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Preado amigo Damu, Goiânia, Goiás

Antes da pandemia, que nos impôs violento isolamento social, eu sempre descia do apartamento onde moro, trabalho nas preparações de minhas aulas, das humilias, palestras, discursos, onde escrevo, estudo, edito o blog e o canal Cartas Proféticas, para nosso encontro matinal de troca de ideias sobre a conjuntura nacional e internacional.

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Lembro-me da vez em que me disseste que votaste duas vezes em Lula para a presidência.

Recordo-me com tristeza também da tua chateação e demonstração de culpa por desvairadamente, apesar de todas as nossas conversas, votares no “atleta fanfarrão” e membro das milícias do Rio de Janeiro, comprometidas com crimes assustadores, entre eles o do assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes e no general escondido numa maçonaria em Brasília, que ameaçou golpear militarmente o Brasil, .

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Ao conversar com um trabalhador generoso, simpático e cuidadoso de sua família, sempre atento e fraterno com as pessoas que moram neste prédio, vejo o quanto o golpe das elites contra os pobres e o povo é profundo.

A escuridão que retira do teu espírito as luzes da realidade é assustadora.

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Em muitos de nossos irmãos e de nossas irmãs brasileiros/as os ferrolhos da opressão por meio do transporte massacrante, que esgota e estressa, como te vejo ao chegares aqui, no trabalho,  depois de atravessares dois municípios, funciona como massacre da consciência e anulação da energia politica de participação na construção do país.

No teu caso e no de milhões, as igrejas “neopicaretas”, tanto as ditas evangélicas como as católicas, são aparelhos poderosos no amedrontamento do povo, ameaçando-o com calúnias contra o socialismo, pior, com mentiras vergonhosas.

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Percebo o teu conflito de consciência entre seguir o teu pastor que, inacreditavelmente, considera o miliciano e fake news Jair Bolsonaro como o messias substituto de Jesus.

Reclamas de que os trabalhadores não têm a quem recorrer nem em quem se apoiar nesse momento.

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Perguntei-te por tua participação no sindicato de tua categoria e ouvi de ti que nem sabes se existe isso nem onde procurá-lo.

Pareceu-me, meu amigo, que esta é a situação de milhões de trabalhadores no Brasil e no mundo.

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O neoliberalismo, essa ideologia da classe dominante, controlado pelos grandes e desumanos monopólios, destroçou a consciência da classe trabalhadora em todo o mundo sob o regime capitalista.

Esse destroçamento desossou todas as organizações de classe do movimento trabalhador. Sindicatos, centrais sindicais e partidos sociaisdemocratas, que viraram campos intermediários de amaciamento dos interesses exploradores, altamente danosos aos direitos e interesses mais prementes dos vários segmentos trabalhistas.

Desgraçadamente, as igrejas, como vemos em nossas conversas, viraram aparelhos satânicos dos mais agressivos na demolição do ímpeto transformacionista de luta dos trabalhadores.

As pregações  e a teologia malandramente montada para achatar  o ânimo e a natureza coletiva, que formata os trabalhadores funcionam intencionalmente para desagregar o povo que produz riquezas, retirando deles a energia para a luta com as mentiras ilusionistas sobre outra vida pós morte e sobre a “parusia”, colocada goela abaixo das massas, fazendo-as encolhidas à espera de um messias que as leve para fora dessa vida plena de agruras e sofrimento.

Sabes disso, mas sem forças e coesão do outro lado, continuas entregue a esse movimento alienante e perverso, apesar de todo o colorido moral/moralista.

Nessa caverna escura,  os trabalhadores são reduzidos á condição de apenas receberem conhecimento técnico com o objetivo de tocar eficientemente a máquina do mercado perverso. A consciência de classe se rebaixa abaixo das lutas economicistas por direitos como melhores salários, condições dignas de trabalho etc.

Com o verniz pseudamente religioso, os trabalhadores são levados a sorrisos superficiais, a uma “paz e amor” cosmética, sem o sagrado direito à revolta.

Daí aparecem coisas como as tais “pesquisas” dos institutos que sondam o nível de satisfação,  mostrando parcelas minoritárias de trabalhadores meramente descontentes com as medidas cegas e surdas do caótico Bolsonaro e de outros pulhas nas questões da saúde e da economia são, na verdade,  pura farsa de levantamentos feitos por telefone, sem nenhuma comprovação científica.

Os trabalhadores são tratados como massa de consumo, relegados à ignorância e à anticiência, como se eles não tivessem capacidade de fazer ciência.

Por isso o capitalismo não serve aos trabalhadores porque os sepulta na miséria e nas trevas da ignorância.

Para ilustrar o princípio de que somente num ambiente assumido coletivamente, numa sociedade nova ativada pela classe trabalhadora, é que a ciência é direito de todo o povo, menciono uma passagem contada por Luiz Carlos Prestes quando teve que se exilar na União Soviética.

No clima de autocrítica, este exercício de máxima nobreza,  praticado pelas pessoas que se libertam das mentiras imperantes no modelo burguês,  Prestes conta que “eu vi homens de cabelo branco chorando na tribuna. Porque levantava-se qualquer cidadão no meio da massa e, quando ele estava falando, se dizia: “isso que você está   dizendo é mentira”. Isso era feito pelo próprio povo na defesa do partido, esse organismo que só existe porque é ciência política por excelência. “Defendendo … que o partido fosse realmente dos melhores. A isso eu assisti, a diversas cenas dessas”, narra o cavaleiro da esperança (São Paulo: PRESTES, Anita Leocádia in Luiz Carlos Preste Um Comunista Brasileiro, Boitempo Editorial, 2015, página 145).

No contexto científico da luta não há germinação do charlatanismo, trasvestido de piedade e de religiosidade alienada e alienante. Também a ciência é partilhada com todos, sem concentração do conhecimento e da pesquisa.

Sei que tu, meu amigo Damu, como todas as pessoas trabalhadoras, são como as boas plantas: uma vez em terreno fértil e adubadas crescem rapidamente e dão muitos frutos da verdade. Esta sim liberta.

Abraços críticos e fraternos.

Dom Orvandil.

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