Trabalho, raça e religião – por onde vamos?
A queda da aprovação de Lula e de seu governo é fruto da falta de comunicação?
A queda da aprovação de Lula e de seu governo é fruto da falta de comunicação? Uma nova geração de jovens foi convencida de que deve ser empreendedora subordinada ao capital sem direitos trabalhistas. Essa parece a melhor mensagem quando se combina a parte da queda da aprovação/aceitação de Lula entre os que têm até 24 anos com a opinião acerca da proposta de legislação para regulamentar motoristas de aplicativos e profissões correlatas. As relações – injustas, por sinal – entre capital e trabalho se aperfeiçoaram. São detalhes da pesquisa que a equipe governamental precisa analisar com atenção, sem melindres.
Nessa toada e adentrando a questão de cotas raciais, em dois editoriais significativos a Folha de S. Paulo revela que endireitou de vez! A discussão já pacificada de que a regulamentação é fundamental para o melhor exercício de qualquer atividade e, o mais gritante, que negros em condições sociais idênticas a não negros têm muito mais obstáculos e dificuldades para chegar ao nível superior, foram abolidos dos textos. O jornal não publica este tipo de crítica, é seu direito (sic), mas vejam que estamos longe do primeiro de abril para dizerem que foi uma brincadeirinha! A questão trabalhista junto à racial são dois elementos importantes do tripé de instabilidade social em que vivemos no momento.
A componente religiosa também é fundamental para a queda na aprovação de Lula. Para o segmento dos seguidores fiéis de pastores e correlatos da extrema direita pouco importa se a economia melhorar ou ficarem mais justas as relações sociais. Outro grupo em que a reprovação de Lula ficou muito evidente. Isso tem um paralelo significativo no Parlamento. Enquanto economistas discutem se o Estado deve ou não intervir no processo produtivo, e os capitalistas propõem que as relações se façam apenas com os consumidores, a iminente aprovação da PEC da “teoplutocracia” vai estabelecer que as igrejas ganhem tanto dos usuários quanto do Estado, pois dízimos e isenções de impostos engordam seus caixas. E o contribuinte ateu se defende como?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

