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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

203 artigos

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Um amor para toda vida

Jair Bolsonaro e Daniel Silveira (Foto: Divulgação)
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O episódio envolvendo o réu Daniel Silveira, Jair Bolsonaro e o STF, para além das preocupações que provocou e ainda provoca, lembra, entre novelas e situações cinematográficas, Um amor para toda vida, película de 2008, dirigida por Richard Attenborough. Não que se assemelhe a uma obra maior, dessas que tocam o coração e levam a refletir. O daqui, por vias transversas, também trabalha com a intensidade de sentimentos, só que, entre os mistérios da alma, sugere segredos guardados a sete chaves e põe em xeque os postulados da dignidade. O tal do Daniel Silveira se associou à destruição de uma placa em homenagem a Marielle Franco e aos discursos descontrolados com que premiou a cidadania brasileira, ofendendo os ministros da nossa mais alta Corte, para os desmoralizar como se fossem integrantes de uma lixeira. Por seu turno, o perdão a ele conferido, com a intenção de se constituir num tapa na cara dos magistrados, quis demonstrar que, no equilíbrio de poderes, um se coloca acima dos outros e está ali para ficar. Nada disso ofusca a força de ligação entre o chefe e o admirador, algo que, sem dúvida, vem de longe e oculta mais do que simples suposições de compromisso e afetividade, como se os unisse um “amor a toda prova”.

Com as eleições se aproximando, há intérpretes que antecipam golpes de força. Afinal não é todo dia que um dirigente aceita desrespeitar uma decisão quase unânime do conjunto do STF (10 contra 1), incluindo o jurista André Mendonça, nomeado para a função, se não pelo infrator, pelo próprio Bolsonaro. Ficamos com a impressão de uma análise criteriosa antes da decisão, amparada de absoluta segurança. Nossos integrantes da Corte têm razão: não se pode permitir que um indivíduo, seja deputado ou não, afronte a sensibilidade do país, colocando-se acima da lei e extrapolando na linguagem como se estivesse num bordel. Dizem que o indulto – ou a graça concedida - se fez cercar da ideia de uma experimentação, um teste para ver como a população o sente, já que os filhos 01, 02, 03 etc. também estariam entrando na fila para uma futura punição proveniente de órgãos superiores. O amor paternal pela prole faz parte das noções consagradas de família. De políticos para correligionários, não se havia admitido tais extravagâncias. Amor tão grande, além de uma paixão, só pode apontar para laços esquisitos, trocas de favores, situações que a intimidade não deseja revelar, sobretudo junto à opinião pública, os principais expectadores das atuais circunstâncias da cena nacional. 

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Extravagâncias de todo tipo sem dúvida entraram na ordem do dia, desde o início do presente mandato no Palácio do Planalto, para não falar nos selvagens de motocicleta, participantes declarados do gosto pela vulgaridade, com suas máquinas barulhentas, feitas para intimidar e impor apoios ilimitados. Por sorte, do outro lado da mesa, o candidato de oposição segue um caminho com fortes chances de ganhar no primeiro turno. Por mais que haja espaço para aqueles aos quais agrade o baixo nível e as grosserias, estamos tratando de governo, de quem virá dirigir os destinos do país, de quem saiba se apresentar entre altos dirigentes internacionais. Tais requisitos não chegam perto, como se verifica, do atual ocupante do cargo. E nós nos cansamos de virar piada nos concursos do desprezo e do mau comportamento. 

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