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Paulo Moreira Leite

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Um belo documentário sobre Adoniran

A mais nova razão para celebrar o bom momento do cinema brasileiro é o documentário "Adoniran -- Meu nome é João Rubinato", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

(Foto: Reprodução)
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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

Reconstituindo a história de Adoniran Barbosa (1910-1982),  a partir de um grandioso conjunto de entrevistas e de imagens de época, o documentário do diretor Pedro Serrano (não confundir com o advogado do mesmo nome) conta histórias que poucos conheciam, reapresenta fatos que permaneciam obscuros e termina por fazer justiça a um dos gênios da nossa música popular.

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O filme não formula teses nem apresenta interpretações fechadas sobre o personagem. Em busca dos traços de Adoniran, Pedro Serrano escuta histórias e depoimentos, testa versões e expõe diferenças, ouve quem era preciso ouvir. Elis Regina, o produtor Pelão,  e o artista gráfico Elifas Andreatto aparecem em depoimentos inesquecíveis. Uma conversa de boteco na presença de Adoniram, um jovem Martinho da Vila, Carlinhos Vergueiro e a sempre grandiosa Clementina de Jesus parece extraída de um sonho. Sempre que necessário, a filha Maria Helena é chamada para dirimir alguma dúvida.

A narrativa de "Adoniran -- meu nome é João Rubinato" combina o artista, São Paulo e a história que uniu os dois, num fio condutor que retrata o personagem principal em sua existência de menino pobre nascido numa família de imigrantes italianos. Cobrindo meio século de história, o  filme mostra uma paisagem que muda, personagens que desaparecem, outros que surgem, numa cenário urbano que também se modifica -- mas a realidade dura, opressiva, está sempre presente.

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Formado e crescido num tempo histórico no qual a tradicional elite paulista chamava italianos de "carcamanos",  zombava de seu sotaque e fazia infinitas demonstrações de preconceito, a grande herança da Adoniran foi uma luta invisível no campo da linguagem.

Ele nasceu e se criou numa época em que a educação básica sequer era um direito legalmente reconhecido no Brasil, constituindo, em vez disso, um  instrumento de poder e de afirmação social.

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Neste ambiente, a maioria dos sambistas procurava rebuscar a própria linguagem, preferindo o português culto à linguagem coloquial das conversas de todo dia. 

A rebeldia bem humorada de Adoniran segue o  caminho contrário. Mostra a beleza do inculto e valoriza a voz daquela gente -- das malocas, das favelas, dos viadutos -- cuja dor e sofrimento não podem  ser silenciados.

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