Um novo ciclo sem Luis Fabiano, Ganso e Dória

Três nomes movimentam os bastidores do São Paulo Futebol Clube e geram dezenas de desdobramentos. O que fazer diante da situação de Ganso e Luis Fabiano? Correr atrás de Dória?

É público e notório que o São Paulo atravessa um momento turbulento, no entanto, algumas medidas, que estão ao alcance, poderiam diminuir os impactos na política, nos cofres e com os questionamentos dos torcedores.

Luis Fabiano - A primeira se trata da liberação de Luis Fabiano para o Cruz Azul, do México. É fato que Fabuloso não quer mais permanecer no Tricolor Paulista. E, não o eximindo dos erros, ele tem razões muitas para querer sair. Próximo dos 35 anos, sem a velocidade e a capacidade matadora de outrora, eis que surge uma proposta mexicana para ganhar R$ 600 mil mensais em dois anos de contrato. Você, no lugar de Fabiano, não ficaria emputecido por perder esta oportunidade na vida? Evidente que sim. Eu ficaria.

Considerando também que Luis Fabiano seja uma bananeira que já deu cacho e com contrato que se encerra no final deste ano, o que dá margem para que ele saia sem render nada ao São Paulo, nada melhor para o clube e o atleta encerrarem um ciclo e dar chances ao bom Alan Kardec, que ressurge do departamento médico e poderia substituí-lo tranquilamente.

Fato é que, em algumas situações, a vida não oferece meio termo. A gestão de Juvenal Juvêncio investiu, em 2011, aproximadamente R$ 20 milhões para contratar Luis Fabiano (sem considerar os impactos dos salários ao longo dos anos de contrato).

Sem dúvida, na teoria, foi uma grande contratação, mas que na prática não funcionou. Por isso, é desperdiçar forças a diretoria do São Paulo enrijecer e forçar a permanência de Fabiano no clube. Agora é momento de fazer a coisa certa para ambas as partes: absorver o impacto, liberar o atleta, pegar a quantia oferecida pelo clube mexicano e seguir o curso da vida.

Ganso - O caso de Ganso apresenta similitudes. O investimento também foi alto (cerca de R$ 16 milhões), mas o futebol foi baixo. O jogador está insatisfeito, visivelmente buscando novos ares. O forte laço de amizade com Kaká, a oportunidade de voltar a jogar bola (ainda que seja no mercado americano, até para retomar a confiança) e a possibilidade de ganhar mais, já afastou coração e mente de Ganso do São Paulo. Neste caso, também seria fabuloso, para o clube e para o atleta a sua venda para o Orlando. Além da insatisfação estampada na face, falta de paciência da torcida e o seu futebol se diluindo, R$ 10 milhões e a quitar a dívida do SPFC com o Orlando, resquícios do empréstimo de Kaká, não seria má ideia.

O Delírio de Dória – Seria um devaneio? Nesses tempos de crise, com o São Paulo devendo R$ 280 milhões, só pode ser delírio da diretoria oferecer R$ 14 milhões por 60% do passe de Doria, um jogador que criou um nome no Botafogo, mas que no São Paulo nunca conseguiu mostrar se realmente vale quanto pesa. Aidar, que considero um lúcido e que vem promovendo reformas estruturais visíveis a longo prazo, não cometeria tamanha heresia.

É momento de promover a base, colocar os meninos para jogar, justificar os milhões investidos em Cotia e, se for para contratar, há de se encontrar reforços no mercado nacional ou no mercado sul-americano, a preços que não sejam surreais e não sobrecarreguem mais ainda as já pesadas contas do clube.

Desdobramento político/econômico - Há tempos, falar em vender Ganso e Luis Fabiano seriam medidas completamente impopulares, no entanto, atualmente, fariam bem para o clube e, por consequência, Aidar e Ataíde ainda ganhariam pontos políticos com a torcida.

Se Aidar se atentar, essa quebra de medalhões, que num primeiro momento representa uma desestabilidade poderá ser, na realidade, o primeiro passo para que ele monte o São Paulo que sempre pensou, distante dos arremedos da gestão passada. É preciso olhar a situação sob ângulo de uma nova abertura, um novo e produtivo ciclo, tanto para o clube quanto para os atletas...