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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Uma chapa do barulho

"A intenção de Haddad ao reverberar a sugestão de França, pode ter sido a melhor possível, para tentar colocar o seu partido com chances de vitória na disputa paulista. Em compensação, tirou da cartola um coelho que não estava cogitado: jogar Lula nos braços de Alckmin", escreve Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

Lula e Alckmin (Foto: Stuckert | Rovena Rosa/Agência Brasil)
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

De acordo com informações da coluna de Guilherme Amado, no portal Metrópoles, (05/11), foi Fernando Haddad, potencial candidato petista ao governo que, em confidência ao presidente do partido em São Paulo, Luiz Marinho, revelou a sugestão de Marcio França (PSB) de tornar Geraldo Alckmin vice-presidente na chapa do ex-presidente Luiz Inácio da Silva. No cenário atual, uma saída para Haddad. Afinal, com o esfacelamento da legenda tucana, que se estapeia no plano nacional entre Doria (seu desafeto) e Eduardo Leite - o governador do Rio Grande do Sul -, ele anunciou que está de saída, depois de amargar apenas 4% na última corrida presidencial, em 2018.

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Conforme já foi noticiado, Lula se encontrou com Alckmin na casa do ex-secretário de educação do estado, Gabriel Chalita (PMDB), muito próximo a Haddad, também presente ao encontro, para uma conversa como vem mantendo com várias lideranças. Nada em mente, a princípio. A sugestão de França, também de olhos compridos ao posto de governador, não mereceu rechaço de Lula. Pelo contrário, ele chegou a tecer elogios à postura de Alckmin, lembrando que, ao contrário das principais lideranças do PSDB, ele não trabalhou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que é documentado pelos jornais da época. Suas declarações foram no sentido de não participar do governo Temer e deixar o Congresso decidir os rumos de Dilma.

Hoje, a voz do dono e o dono da voz de um dos jornalões tradicionais, escreveu que a chapa “deixou de ser “impensável” para ser “possível”. Outra comentarista, a jornalista Eliane Cantanhede, ao falar da possibilidade, na GN, classificou a chapa de “poderosa”.

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Assim, o que era “impensável”, entrou nas rodas de conversa da direita arrumadinha, como uma possibilidade de se viabilizar.  Isto, diante da total incapacidade que vai se colocando a cada dia, da reeleição de Bolsonaro (26%, segundo pesquisa Quest/Genial), enquanto o ex-presidente segue firme com perspectiva até de ser eleito no primeiro turno, de acordo com a mesma pesquisa. Para desespero do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, que já havia jogado as suas fichas na reeleição, desde que Bolsonaro não fizesse marola. Mais ou menos como entregar um animalzinho para uma onça e pedir que ela cuide dele sem comê-lo.

Com o panorama descrito, voltemos a SP, onde Alckmin está com 22,5% da preferência eleitoral, seguido por Fernando Haddad (PT, 12,5%), Márcio França (PSB, 11,7%), Guilherme Boulos (PSOL, 7,9%), Tarcísio Freitas (5%), Arthur do Val (Patriota, 3,4%), Vinicius Poit (Novo, 1,4%), Rodrigo Garcia (PSDB, 1%) e Elvis Cezar (PSDB, 0,5%). Já 15,6% dizem que anularão o voto. Os indecisos somam 18,6%. (Opinião Pesquisa/Govnet). Ou seja, quadro mais que favorável para Alckimin, não fosse a sua atual insatisfação com a legenda, pela qual governou o estado por quase 30 anos.

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Em dois cenários sem Alckmin, Fernando Haddad aparece na dianteira. Já sem Alckmin e sem o petista, o líder numericamente é Márcio França, em situação de empate técnico com Guilherme Boulos.

O que vem se falando é que Alckmin deixaria os tucanos para ingressar no PSD de Gilberto Kassab. Não sem antes esperar para ver quem sobra vivo na batalha das prévias do PSDB. Com números tão favoráveis, ele pode se dar ao luxo de, vencendo Eduardo Leite, seguir no poleiro tucano e se lançar, de verdade, ao governo de São Paulo, trazendo dificuldade para Fernando Haddad, que sairia em segundo. Deixando o ninho e indo se juntar a Lula, na legenda de Kassab, ele arrastaria para esta conversa parte da direita arrumadinha, que não quer marchar com Bolsonaro e vê na elaboração de uma candidatura de Sergio Moro, um sacrifício. Carregar a parcialidade de um juiz sem carisma, sem voz, sem vocabulário e sem plataforma ou discurso, é tarefa hercúlea para ser feita em 11 meses. A formação da chapa, de quebra, deixaria o caminho da urna aberto para Fernando Haddad (PT) que, nesse caso, despontaria como favorito e ainda consolidaria o apoio de Alexandre Kalil (PSD), em Minas. Marcio França, o autor da estrepolia, não obteria muita vantagem em ter puxado esse assunto. No máximo subiria para o segundo lugar, ou poderia optar pelo senado.  

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A intenção de Haddad ao reverberar a sugestão de França, pode ter sido a melhor possível, para tentar colocar o seu partido com chances de vitória na disputa paulista. Em compensação, tirou da cartola um coelho que não estava cogitado: jogar Lula nos braços de Alckmin. A ideia era tão boa que ficou ruim. Despertou na direita arrumadinha a volúpia por uma vitória que, como disse o dono da voz, era “impensável”. Agora, assanhada, a direita pode não só querer colocá-la em prática, como também torná-la uma obsessão. Lula que até então costurava solerte o seu caminho numa bem-sucedida e independente corrida rumo ao Planalto, corre o risco de ser submetido aos caprichos do mercado, pelo bico de longo alcance de um tucano que, saindo ou ficando no ninho, em direção ao PSD, sempre estará emplumado e disposto a levar consigo a turma do rodoanel. E agora, Haddad?

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