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Zezé Weiss

Jornalista Socioambiental, editora da Revista Xapuri

9 artigos

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Viver o Luto. Resistir em Luta: Covid-19 ceifa 30 vidas Xavante no Mato Grosso

Desde o dia 9 de maio, quando foi confirmada a morte de uma criança Xavante na Terra Indígena Marãiwatsédé, até o dia 30 de junho, o povo Xavante perdeu 30 vida para a Covid-19

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Desde o dia 9 de maio, quando foi confirmada a morte de uma criança Xavante na Terra Indígena Marãiwatsédé, até o dia 30 de junho, o povo Xavante perdeu 30 vida para a Covid-19. Em luto, e em luta, a Campanha S.O.S. Xavante presta homenagem a cada #CoraçãoXavante que partiu. Veja lista abaixo: 

Criança Marãiwatsédé (09/05). Pascoalina  Rêtari´õ Tsudzawere – Aldeia Nossa Senhora de Guadalupe (14/06). Verônica Wautomoto´õ  Tsudzawere – Guadalupe (18/06). Hilário Abreta awe Predzawe – Guadalupe (18/06). Cristina – Aldeia São Cristóvão (21/06). Mônica – Aldeia Aõpa (21/06). Reginaldo Aldeia Divina Providência (21/06).  Xisto – Aldeia Sangradouro (22/06). Criança – Aldeia São Pedro (23/06).  Isaura – Sangradouro (23/06). Armindo – Aldeia São Marcos (24/06). RN de Divina – Marãiwatsédé (25/06). Sebastião – Sangradouro (25/06). Tadeu –  Aldeia Nossa Senhora de Fátima  (26/06). Davina – São Marcos (26/06). Damião – Aldeia Vida Nova (26/06). Maria Mazzarello – Fátima (26/06). Natimorto de Vanira – Fátima (26/06). Angela – Três Marias/Campinápolis (26/06).  Criança – São Marcos (26/06). Óbito fetal –  São Marcos (26/06). Carlos (Funai) – Aldeia Nossa Senhora Rainha da Paz (27/06). Vitório – Aldeia Abelhiha (27/06). João Bosco – Aldeia Paranoá (28/06). Bernadete Péré – Aldeia Jesus de Nazaré( 29/06).  Fabrício Upréwa– São Marcos (29/06). Raimundo Õmore – Aldeia São Francisco (30/06). Eduardo – Aldeia Três Marias (30/06).   Remígio Hu´uhi – Aldeia Nossa Senhora da Guia (30/06). Vicente – Aldeia Nossa Senhora da Guia (30/06).

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A COVID-19 E O POVO XAVANTE

Um retalório técnico sobre a situação da covid entre os Xavante foi divulgado pela Opan resume a situação da Covid-19 entre o povo Xavante: No dia 09 de maio, morreu uma criança Xavante, da Terra Indígena Marãiwatsédé, localizada no município de Alto Boa Vista (MT). O bebê de apenas oito meses foi a vítima mais nova do coronavírus no estado e o primeiro óbito entre indígenas em Mato Grosso, de acordo com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde.

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Segundo o relatório, uma sucessão de fatores combinados agrava a exposição do povo Xavante ao novo coronavírus, como a precária estrutura básica de atendimento à saúde, aspectos de sua organização sociocultural, seu perfil epidemiológico e as pressões no entorno de seus territórios. De acordo com dados do Distrito Sanitário de Saúde Indígena (DSEI) Xavante, apenas 8,5% das aldeias contam com uma Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI). Isso significa que, em boa parte do tempo, cerca de 91,5% dos indígenas ficam descobertos de medidas de vigilância à saúde, o que prejudica a detecção precoce dos casos suspeitos do novo coronavírus.

Cada pólo base de saúde indígena que atende os Xavante é responsável por 3.572 pessoas, o que representa a maior relação entre os distritos do estado. No DSEI Xingu, que ocupa a segunda posição neste ranking, cada pólo atende a 2 mil indivíduos. Com relação à disponibilidade de Casas de Apoio à Saúde Indígena (Casai), a situação é ainda mais dramática: são 10.716 indígenas para cada uma delas no DSEI Xavante, quase cinco vezes mais que o segundo colocado, o DSEI Cuiabá, com 2.167 pessoas por Casai.

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Além de uma alta proporção de indígenas que apresentam comorbidades para Covid-19, como diabetes e hipertensão, a fragilidade do povo Xavante torna-se maior devido ao modo como se organizam as aldeias, com casas muito próximas umas das outras, somada à quantidade elevada de pessoas por habitação, o que pode facilitar a propagação do coronavírus.

Os funerais tradicionais também são, conforme aponta o estudo, um aspecto sensível da cultura Xavante no contexto de pandemia, que deve ser levado em consideração na construção de estratégias de conscientização e prevenção ao coronavírus.

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SOBRE O POVO XAVANTE

Autodenominados A´uwe (gente), os Xavante são um povo indígena originário do estado de Mato Grosso, na Amazônia Legal Brasileira. O contato com a sociedade nacional se deu na década de 1940, durante a “Marcha para o Oeste“ do Estado Novo de Getúlio Vargas. Em 1946, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) conseguiu “pacificar“ um grupo Xavante da região leste de Mato Grosso. Na versão Xavante, quem foram “pacificados“ foram os brancos.

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Da década de 1940 até os anos 1960, grupos Xavante específicos estabeleceram relações pacíficas distintas com representantes da sociedade envolvente, incluindo equipes do SPI, e com missionários católicos e protestantes, o que afetou, de forma diversa e com impactos diferenciados, as crenças, cerimonias, práticas religiosas e institucionais do povo Xavante. Entretanto, por sua pujança, a Cultura Xavante conseguiu resistir a esses 80 anos de contato e continua a se manifestar com extrema vitalidade, sendo retransmitida de geração em geração através da língua e dos mecanismos sociais que logrou preservar.

Os Xavante mantém sua língua, seus padrões de organização social, suas práticas cerimoniais e sua cosmologia. Suas comunidades, contudo, são politicamente autônomas, porém se une para atingir objetivos comuns. Os A’uwe contemporâneos incorporaram a designação Xavante e é por meio dela que se referem a si próprios no trato com os waradzu (brancos).

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A partir da década de 1980, as TIs Xavante vêm sendo cercadas pela agropecuária extensiva para a crescente produção de grãos, em especial para a soja de exportação. A dinâmica econômica envolvente fragilizou as condições de vida, historicamente sustentáveis, do povo Xavante. Não tendo mais onde caçar nem pescar com abundância, a população Xavante depende hoje das políticas assistenciais do Estado brasileiro para a sua sobrevivência. Em tempos de pandemia, os Xavante dependem de nossa solidariedade para complementar as ações institucionais do governo brasileiro para evitar o contágio e salvar vidas.

SOBRE A CAMPANHA A´UWE-TSARI – S.O.S. XAVANTE

A Campanha A´uwe Tsari -S.O.S. Xavante é uma iniciativa da Federação dos Bancários e Bancárias da Região Centro Norte (Fetec/Centro Norte), em parceria com a Federação dos Povos Indígenas do Estado de Mato Grosso (FEPOIMT) e do Conselho Distrital Indígena Xavante (CONDISI) em apoio ao povo Xavante no enfrentamento do Coronavírus. Os recursos arrecadados (meta de R$ 250 mil) serão utilizados para a instalação de uma Unidade Avançada de Saúde próximo às aldeias mais impactadasa (60%) e para garantir a Segurança Alimentar das famílias, para que elas possam fazer o isolamento social em suas comunidades.

Você pode doar pelo site www.captar.info/sosxavante

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