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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Você já foi à Bahia? Torres foi

'O fato de não ter alcançado seu objetivo, não invalida o crime de atentar contra o pleito', diz a colunista Denise Assis em referência ao ex-ministro

Ministério da Justiça, Polícia Rodoviária Federal e Anderson Torres (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado | PRF | Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Você já foi à Bahia? Não? O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, foi. No dia 24 de outubro de 2022, embarcou num voo da FAB, aquele, pago com o meu, o seu, o nosso rico dinheirinho, acompanhado do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Antônio Lorenzo, do diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes, de um assessor especial do gabinete e dois agentes da PF, conforme documentos obtidos pela CNN.

O embarque se deu no Aeroporto Tom Jobim - o Galeão -, e duas horas depois eles já desembarcavam na Bahia. A viagem teve missão importante. Torres levava consigo um mapa das principais cidades do estado onde o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia vencido no primeiro turno, cuidadosamente preparado pela auxiliar, a delegada e Diretora de Inteligência do MJ, Marília Alencar. (Não há confirmação de que ele soubesse do objetivo do levantamento). Mas sim, sabe-se agora, que o objetivo de sua ida à Bahia foi para se reunir com a Polícia Rodoviária de lá. Havia um pedido muito especial a ser feito: eles deveriam – tal como ocorreria em outros estados da região, fazer uma operação para bloquear os ônibus que levariam eleitores até as urnas, gratuitamente, conforme determinação da Justiça Eleitoral.

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Para os investigadores da PF, que apuram essa viagem de Torres e suas consequências, o documento elaborado pela delegada Marília Alencar, então diretora de inteligência, serviu para que o ex-ministro colocasse em prática o plano para atrapalhar a votação e autorizou a operação da PRF.

Com um universo de 11.291.528 milhões de eleitores, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Bahia deu a Lula 69,49% dos votos válidos no primeiro turno. Por isto era fundamental a reunião, que transcorreu das 11h às 12h, do dia 25, da qual participaram, além de Torres e Almada, o secretário-executivo do MJ, o diretor-geral da Polícia Federal, e os delegados da PF na Bahia Marcelo Werner e Flávio Marcio Albergaria Silva. Não houve acordo para a participação da PRF da Bahia nas manobras golpistas de Torres, que voltou do encontro às 16h30, logo depois de recebido o “não”, no próprio dia 25. Tampouco se revelaram eficientes as investidas nos demais estados. O resultado em todo a região demonstra: Nordeste: 69,34% (Lula) x 30,66% (Bolsonaro).

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O que se sabe é que, na operação, foram fiscalizados 2.185 ônibus no Nordeste, no dia 30 de outubro do ano passado, contra 632 na Região Sul, onde o candidato do PL venceu no primeiro turno.

Porém, o fato de não ter alcançado o seu objetivo, não invalida o crime de atentar contra o pleito, conspirando contra o seu resultado. Isto só agrava a situação de Torres perante a Justiça e desvenda um capítulo importante das sucessivas ações golpistas do entorno de Bolsonaro. A tal “margem apertada” obtida na vitória de Lula, hoje, tornou-se impalpável e indefinida. Difícil dizer quantos eleitores deixaram de chegar às urnas com os bloqueios impostos nas estradas de acesso às sessões de votação. O que temos de certo é que o cerco se fecha e a história, como um mosaico, vai sendo escrita.

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